Cap: 04
Alguns minutos dentro desse cassino já me senti eufórica, é um mundo diferente do que tenho o costume de conviver, são homens aparentemente bem vestidos e com a conta bancária gorda acompanhado de mulheres que ficam na torcida para que ganhem algo e depois partilhem desse valor com elas, fora que é muita bebida , estou me sentindo um peixe fora do aquário .
-- Quer beber algo Ana? ( Nay pergunta)
-- Não, aliás na verdade sim, uma garrafa de água. ( falo observando tudo)
-- Ah não, água não, melhor nem pedir nada. ( Nay fala parecendo irritada) reviro meus olhos e então digo:
-- OK, peça algo, uma bebida, porém a mais fraquinha..
-- Deixa comigo..
Enquanto isso vou andando feito um turista e observando, alguns homens me olham com aquele olhar que diz. " o que essa garotinha faz aqui " outros já tem os olhos maliciosos.
-- Toma.. ( Nay vem com um copo colorido).
-- O que é isso? ( pergunto antes de tomar )
-- Prove primeiro, o nome não importa, veja se gosta.
Dou uma leve sugada no canudo, sim é gostoso, apesar de no final ter um leve gostinho amargo, é gostoso.
-- Gostou?
-- Acho que sim. ( sorrio)
Com o copo em mãos abocanho o canudo mais uma vez e viro meu corpo dou um sorriso ao sentir o azedinho da bebida, mas vejo meu sorriso desaparecer com a imagem que está bem clara a minha frente, arregalo meus olhos e sinto meu corpo tremer, Rodrigo está sentado em uma cadeira ao fundo da boate com um charuto em mãos e aquele olhar penetrante que deixa qualquer mulher enfeitiçada por ele, e antes que isso aconteça comigo dou as costas e me viro para Nay.
-- Vou embora.
-- O que? Como assim? ( ela fala incrédula)
-- Embora, vou embora o mais rápido.
-- Ah não, tem uma hora só que chegamos .
-- Fique você, porque eu estou indo.
Ao falar isso saio andando em passos firmes, Nayara está vindo atrás de min sinto seus passos, chegando perto da saída uma mão firme que não é de uma mulher me segura.
-- Onde você vai? ( a voz ecoa em meu ouvido arrepiando todo meu corpo)
Sem nem olhar para trás já sei de quem se trata.
-- Para casa. ( digo sem olhar para ele)
-- É o mais certo a se fazer. ( ele diz firme) e então me viro para ele e pergunto.
-- E o porque é certo?
-- Porque isso não é lugar para meninas como você. ( ele fala sério ) aquele mesmo olhar penetrante forte que parece que lê mentes.
-- Pois sabe que desisti de ir embora. ( passo por ele) .
-- Ana Clara, volto a repitir, vá para casa.
-- Rodrigo, aqui você não é nada meu, então não tenho que me submeter a ordem nenhuma sua, se eu digo que vou ficar, eu ficarei, e você ainda vai se arrepender um dia de me igualar a uma menina.
-- Estou pagando para ver. Lembrando que amanhã as 07 horas você tem que está pronta para trabalhar. (Ele fala com um sorriso irônico e sai de perto de min com seu charuto em mãos ) chego a parece um dragão de tanto fogo que estou cuspindo, odeio quando alguém sai e não me deixa responder.
A impulsividade me faz tomar atitudes drásticas.
-- Não vou mais embora. ( digo a Nay)
-- Quem era aquele gato falando com você Ana? ( ela pergunta impolgada demais)
-- Não interessa quem é, cade meu copo? ( pergunto raivosa)
-- Eu bebi. ( ela fala sem graça )
-- Então traga mais dois por favor.
-- Ana.. Vai com calma..
-- Estou calma.
Olho para o canto escuro onde Rodrigo estava a tempo de vê-lo apagando o charuto e entrando em uma porta acompanhado de uma mulher, após essa cena comecei a beber com mais vontade, apesar do lugar não ter nada de agradável, digo nada que chame minha atenção eu comecei a ver vantagens, na verdade acho que é culpa dos drinks a mais que bebi, estou me sentindo leve e as pessoas engraçadas, qualquer olhar que elas me dão eu começo a rir.
-- Ana, chega, vamos embora. ( Nay adverte)
-- Ué, logo você Quer ir embora? ( falo com as palavras meia emboladas) e dou uma risadinha.
-- Sim, são quase meia noite, e você ja bebeu demais.
Olho ao redor e vejo uma mesa de sinuca onde tem uma mulher sensualizando enquanto um grupo de homens ficam olhando..
-- Vamos ver se agora ele vai me achar uma menininha.
-- Não, ainda não sei o que quer fazer, mas ja digo que não deixarei. ( Nay fala pra min)
-- Minha mãe sumiu a muitos anos atrás , e se você não é ela, então não tem o direito de me deixar ou não.
Saio andando em passos firmes, meia tonta mas vou, um rapaz está encostado ma mesa enquanto observa a mulher jogar charme para ele.
-- Posso tentar?
O rapaz me olha estranho, dos pés a cabeça, dá um sorriso de lado e diz :
-- Só se subir na mesa de sinuca. ( com um olhar malicioso ele encara os outros homens ) dou uma risadinha estendo minhas mãos e digo:
-- Me ajuda a subir.
Em questão de segundos estou em cima da mesa, no fundo toca uma música aleatória e tento dançar conforme o rítmo dela, mas no mesmo segundo que subi eu desci, mãos fortes e firmes me tiraram lá de cima.
-- Me solta! ( grito enquanto a pessoa que me tirou me leva para fora do cassino) ao ser colocada no chão vejo que é um segurança .
-- Não precisava disso! ( digo envergonhada para ele )
-- Apenas cumpro ordens. ( ele diz Sério .)
-- Cade minha amiga?
-- Vou buscá-la.
Meu rosto está fervendo de raiva e vergonha, obviamente foi Rodrigo que mandou, ando de um lado para o outro enquanto Nay não sai, o alcool que me domava foi embora no exato momento que aquele brutamontes me tirou de lá, a porta se abre e Nay sai.
-- Amiga. Você está bem? ( ela pergunta preocupada )
-- Sim, com uma ressaca moral, Mas bem e você tudo ok?
-- Sim..
-- Então vamos embora por favor, por hoje já deu.
Após agurdar alguns minutos um táxi veio nos buscar ainda tomamos um leve esporro do senhor taxista , porque segundo ele aqui não é local para meninas como nós.
Entro em minha casa e vejo que minha vó já está dormindo, agradeço pois assim ela não percebe o cheiro de álcool que está em min.
De banho tomado e dentes escovados me deito, tento não pensar no que fiz ou tentei fazer essa noite porque não sei o que me consome primeiro, se é a raiva do Rodrigo por ter pedido para me tirar de lá daquela forma, ou se é a vergonha da exposição , com muito custo pego no sono e acordo em cima da hora.
-- Ai meu Deus do céu, estou atrasada.
Eu levanto as 05:00 tomo banho , tomo café me arrumo para poder sair de casa até 06 horas , mas só que são 06 horas da manhã agora, pulo da cama jogo uma água rápida no corpo, me visto com o uniforme pego minha bolsa dou um beijo na testa de minha avó e pego um táxi, é o único jeito de não chegar atrasada, ainda mais depois do ocorrido de ontem o bonito deve está querendo um motivo só para implicar comigo.
Chego no serviço as 06:52 horas , por sorte já estava vestida, entro na cozinha abafada e Osvaldo vem me comprimentar .
-- Quase se atrasa em muleca.
-- Nossa nem fala.
abraço ele e vou pegar um copo de água .
-- Tem notícias de Georgia? ( pergunto)
-- Volta amanhã ou quarta feira.
-- Que bom! ( com mais pessoas em casa o foco sai de cima de min)
Começo a minha rotina, faço o café do coração de pedra, de manhã ele não come nada, apenas toma sua xícara de café forte.
Como sei que nesse horário ele está em seu escritório e sempre toma café por lá, visto a carapuça da coragem e vou até lá.
-- Não quero mais por lá, está entendido?
Escuto ele falando ao telefone, a curiosidade me bate, uma enorme vontade de continuar escutando, mas se ele me pega nessa situação eu estou mortinha, dou os rotineiros soquinhos na porta para chamar a atenção dele.
-- Entra! ( ele diz) e pelo seu tom de voz seu humor está mais negro do que esse café como sempre.
Timidamente caminho até sua mesa, coloco sua xícara de café, ele não olha parece está entretido em algo em seu computador , continuo parada olhando para ele, criando coragem para tocar no assunto de ontem.
-- Precisa de alguma coisa ?( ele fala sem me olhar ) respiro fundo e sem enrolar falo.
-- Olha sobre ontem.. ( mas ele me interrompi)
-- Sobre ontem não me interessa, não confunda, aqui dentro somente assunto de serviço.
Olho assustada, ele sempre foi grosso, mas hoje está demais.
-- Ok! ( digo para evitar demais conflitos )
-- Só isso? se for pode ir, tenho muita coisa a fazer!
Me viro e saio do seu escritório, se eu tivesse uma outra oportunidade que me pagasse tão bem quanto aqui eu já tinha saído do emprego.
Desanimada volto para a cozinha, agora preciso de uma idéia para fazer um almoço que agrade o senhor das trevas, mas já preparo meu psicológico porque sei que nada do que eu fizer hoje fará ele feliz.
Lembrei do pato ao molho de laranja, uma das primeiras receitas que eu aprendi e sei fazer com excelência, e como sei que tenho os ingredientes necessários, então será isso que vou preparar.
Enquanto o pato está marinando procuro na internet um bom vinho para acompanhar, na verdade escolho dois, caso ele não se contente com a opção número um tenho outra, vou até seu vinhedo e separo duas garrafas.
Olho pro relógio e já são 09:30 da manhã, como não sei se esse pato está bom, coloco ele para cozinhar em fogo baixo, mas assim que LIGO o fogão, ele entra na cozinha.
-- Deixe o que está fazendo para o jantar, precisarei sair e só volto mais tarde.
Com uma cara de desagrado desligo o fogão e me viro para ele, e quase tenho um mini surto, poxa o cara está vestido tipo Jhon Travolta, e ainda tem um óculos de sol que compõe seu traje, fora o perfume másculo que invadiu toda a cozinha , acho que ele percebe minha reação e dá um leve sorriso e sai, sim você me afeta e muito , sei que isso não deveria acontecer por inúmeros motivos, você é meu chefe, é um chefe mala um homem arrogante, frio, grosso, mandão e por ae vai, deveria ser o contrário, mas o olhar que ele me transfere tem algo que mexe com todo meu corpo, e me faz perder a razão, como no dia que sai só de lingerie e ontem que subi na mesa de sinuca, eu nunca havia me comportado assim perante um homem, e ainda tem o lance dele ser quase vinte anos mais velho do que eu, é meio uma mistura de curiosidade, de desejo e tesão por algo que nunca provei na minha vida, meu corpo chega a arrrpiar todo só de imaginar seu beijo e seu toque em minha pele, mas ele parece apenas se divertir comigo e talvez com esse meu jeito, depois da moça que eu vi ele levando para uma porta em um canto escuro eu tive a certeza de que ele jamais olharia para mim da forma que eu olho para ele.
Durante a manhã não tive muito o que fazer, então reorganizei os armários, fiz uma lista das coisas que estão em falta , e esquentei um restinho de feijoada de frutos do mar que sobrou de sábado , não iria fazer almoço só para mim, já que Rodrigo saiu e levou Osvaldo junto.
Aproveitei o tempo vago e por está sozinha em casa e decidi digamos que dá uma espionado pela casa, sentindo aquele frio na barriga de quando estamos fazendo algo escondido vou até a sala ver os porta retratos que tenho curiosidade desde meu primeiro dia, em uma das fotos ele está em sua fase de menino , em outra foto tem ele e uma moça muito bonita, talvez sua noiva, e ao lado dela tem um sorriso que eu jamais vi nele desde quando o conheci , na outra foto estão ele e seus pais, mas a foto com a noiva me chamou atenção por causa do seu sorriso, sinto uma pontada no peito em ver que ele se amargurou dessa forma pela perda dela e dos pais, deve ser ruin perder, mas o pior deve ser aceitar, e ele parece não ter aceitado ainda.
-- Mudou de função ? ( sua voz fria ecoa na sala) meu coração quase salta pela boca pelo susto e por ter sido pega em flagrante, coloco o retrato na estante e me viro para ele.
-- É, me desculpe é só que eu estava com tempo vago.. ( falo sem graça)
-- E ae decidiu que poderia utilizar esse tempo dando uma vasculhada na minha casa? ( ele diz encostado na parede)
-- Eu não estava vasculhando sua casa. ( e não estava mesmo ainda, mas iria se você não tivesse chego agora)
-- Apenas xeretando algo que não é da sua conta .( ele fala meio irritado)
-- Não, apenas apreciando suas fotografias.
-- Não te contratei para isso. ( ele fala passando por mim feito um furacão pega o porta retratos que eu segurava e vai para dentro de sua casa )
Eu fico igual um dois de paus parada na sala no mesmo lugar sem entender esse surto dele .
Vou até a cozinha bebo um copo de água e como mágica ele surge atrás de min.
-- A próxima vez que.. ( e dessa vez quem o interrompe sou eu)
-- A próxima vez o que? Estou farta dessa sua arrogância, dessa brutalidade sua, se a vida não foi boa o suficiente para você, problema é seu, você não tem que discontar isso nas pessoas, não transfira seu ódio e sua amargura a quem não tem nada a ver com essa merda de vida que você leva. ( estou trêmula e muito nervosa, acho que falei demais)
-- Você acha que é quem para falar.. ( ele dá uma pausa) e então muda o rumo do assunto.. -- Está liberada por hoje, não tem mais nada que poça fazer aqui .
Coloco as mãos nas cadeiras como diz minha vó e digo :
-- Tenho sim, eu temperei um pato, me programei para fazer ele, e será isso que eu farei, não vou embora antes de deixar ele pronto.
Me viro de costas para ele abro a geladeira me abaixo e pego o pato, pelo silêncio deduzo que ele tenha saído da cozinha, mas não ele continua parado me encarando com a cara mais feia que ele tem, passo por ele ignorando sua presença e pego a panela cantarolando uma música, na verdade estou tensa demais, mas tento ao máximo mostrar para ele que eu estou pouco me lixando para ele e sua cara amarrada.
Quando passo mais uma vez por ele, ele me segura pelos meus braços e me encosta no armário.
-- Você não deveria está aqui. ( ele diz me encarando) .
-- E por que não? ( minha voz sai baixa demais)
-- É muito nova, deveria está conquistando o mundo. ( ele diz ainda olhando dentro dos meus olhos)
-- Estou batalhando para isso.
-- Se quiser pago sua faculdade , mas vá viver a vida longe dessa merda toda. ( ele se refere a vida dele como me referi mais cedo, e isso pesa)
-- Eu não quero, desde nova aprendi que nada vem fácil, temos que conquistar nossos objetos e é isso que farei. ( digo encarando seu olhar) é a única luz que ele carrega consigo, o azul dos seus olhos em que eu me perdi desde o primeiro dia.
E com toda rapidez e habilidade que ele tem em segundos meus lábios estão chocados aos seus, ele me beija com desejo, grudo minhas mãos em seu pescoço e aprofundo esse beijo, suas mãos descem até minha cintura e com muita facilidade ele me levanta e põe sentada no balcão da cozinha, enrosco minha perna em sua cintura, enquanto seus lábios mágicos vem descendo do meu pescoço até o colo dos meus seios, suas mãos estão em uma luta incansável para poder soltar minhas madeichas ruivas, e quando elas se soltam ele agarra com as mãos e inala o cheiro delas, sua boca novamente encontra a minha e mais uma vez um beijo que explode em tesão, meu corpo vai derretendo em cima desse balcão suas hábeis mãos agora estão em meus seios, solto um gemido tímido que logo ele captura com seus lábios , e agora o beijo é grosso e bruto exatamente do jeito que ele é, não é sutil, ele puxa meu cabelo e enrosca e sua mão fazendo minha cabeça ficar toda virada para seu lado esquerdo dando acesso perfeito ao meu pescoço, suas mãos agora estão por dentro de minha blusa de uniforme a procura dos meus seios que ele encontra com facilidade, sua mão fecha em um dos meus seios, ele aperta, sinto um pouco de dor, mas que logo é substituída por puro prazer, eu quero ele , e quero agora aqui mesmo nessa cozinha , meu corpo está ardendo de desejo, minha respiração já está ofegante eu preciso dele.
-- Me toma como sua? ( peço suplicando com os olhos fechados) ele gruda suas duas mãos uma EM cada lado do meu rosto , elas estão trêmulas e sua respiração está mais acelerada que a minha, abro meus olhos e o encaro e então ele pergunta.
-- Você não é virgem né?
-- Não, eu tive um namorado. ( digo tímida )
-- Só um? ( ele parece assustado)
-- Sim.. ( meu rosto queima e meu corpo arde de desejo.)
E então quando penso que ele vai enfim transar comigo, ele se solta de min, passa as mãos pelo rosto e com a testa franzida me diz :
-- Está liberada, pode ir.
Sem entender nada eu digo:
-- Como assim? ( minha respiração ainda está acelerada)
-- Por favor Ana Clara, entenda o que digo pelo menos uma vez.
Saio de cima do balcão, e com passos firmes pego minha bolsa e vou embora sem saber se volto amanhã .
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Escrava do Desejo
RomanceMinha vida é comum no mundo onde vivemos, assim que nasci tive pouco contato com meus pais, segundo minha amada vó materna, eles disseram ser muito novos para criar um filho, disseram que iriam atrás de seus sonhos e voltariam, pois bem tenho...