Meu pai tinha esquentado a cabeça quando brigamos daquela vez, e acho que ficou um tempo fora para esfriar o clima entre a gente, era o que eu havia pensado, mas quando chegamos em um lugar seguro, que não sabia onde era, ele me contou tudo.
_Onde estamos, pai? - Falei meio que gaguejando, pois não era muito acostumado a chama-lo assim.
_Estamos em um lugar longe daquela cidade! Aqui é uma fazenda onde fiquei esfriando a cabeça depois daquela discussão que tivemos, e aliás, tenho que me desculpar!
_Não, eu que te devo desculpas, eu percebi quando você falou, vi nos seus olhos que... Também sofre igual a mim...
_Você viu... Viu ele? Meu monstro? - Falou abaixando a cabeça. Parecia que ele não gostava muito de seu demônio, pela reação que ele teve quando toquei no assunto.
_Vi, pai... Um demônio reconhece o outro, o meu reconheceu o seu! Mas eu queria saber porque... Pai, porque estão na gente? - Perguntei como se ele soubesse de algo.
_Leny... Você quer mesmo tocar no assunto? - Falou erguendo sua cabeça e olhando em meus olhos.
_Pai... Minha mãe, falou que...
_Eu sei o que ela te falou, Leny, e estava certa! Haaaa, eu não queria te falar isso, mas você está grande, e... Desculpa Leny... É tudo minha culpa! - Falou com os olhos mergulhados nas lágrimas - Eu estava com muita raiva no dia em que o demônio se apossou de mim, e ele me fez uma proposta...
_Proposta? - Perguntei sem entender muito.
_Ele falou que se eu quisesse usar seus poderes, teria umas condições, só que eu de raiva, não estava nem aí... Só que depois de aceita-lo, depois que passou a raiva... Eu... - Não conseguia falar por causa do choro, é como se estivesse relembrando.
_Ta bom, pai... Vamos encerrar aqui!! - Falei tentando mudar o assunto.
_Não, Leny... UMA DESSAS CONDIÇÕES ERA QUE VOCÊ TAMBÉM IA FAZER PARTE DELE... - Falou rápido e alto.
_Par... Parte de... Dele? - Estava agora entendendo o porquê do Kady em mim.
_Leny... Me desculpa, você não merece me perdoar, eu não vou me perdoar mesmo que me implore, e se quiser me matar agora... Eu não merecia... - Exclamou desabando no choro.
Fiquei um tempo sozinho, agora tinha entendido o porquê de Kady estar em mim. Meu pai aceitou um demônio, mas umas das condições era que eu ia ter um demônio também. Mas por incrível que pareça, eu não estava bravo com meu pai, porque eu entendia que na hora da raiva, a gente fica sem controle, e também havia feito um acordo com Kady, que meu pai nem sabia. Depois de alguns minutos sozinho pensando, resolvi conversar com ele.
_Pai? - O chamei entrando em seu quarto - Eu... Não estou bravo com o senhor, eu entendo, sei que na hora da raiva a gente perde o controle e... acabamos que fazendo coisas que não devia...
_Leny... - Falou me abraçando.
_Eu também fiz uma coisa que não devia, pai... - Ele olhou para mim assustado.
_Leny... O que ? O que você fez?
_Eu... Aceitei Kady, mas ele queria algo em troca... - Agora era eu que havia abaixado a cabeça.
_Algo em... O que em troca, Leny?? - Agora estava desesperado.
_Meu corpo quando eu morrer...
_Você, você... Leny?? Não acredito que... - Falou como se não quisesse ter escutado aquilo.
_OLHA, ISSO TUDO FOI CULPA SUA, ENTÃO NÃO VENHA FALAR NADA, TÁ BOM? VAMOS FAZER ASSIM, EU NÃO TE JULGO, VOCÊ NÃO ME JULGA!!!! - Falei gritando. Passei pela porta, e à fechei com força.
Bom, se era respostas que eu queria, estava esclarecidas. Saí para fora da casa, Mariza estava lá, me esperando, olhei para ela e vi que estava assustada. Cheguei perto e sentei ao seu lado.
_Mariza... Amor... Vai ficar tudo bem, é que eu e meu pai, estamos nos entendendo ainda! - Falei com um jeito carinhoso, e dei um beijo em seu rosto. Ela balançou a cabeça dizendo que sim.
Meu telefone toca.
_Alo? - Era um número desconhecido.
_Leny... Como vai com seu pai e sua namorada? Parece que estão se entendendo, ou quase! kkk Bom, eu disse para você que chegaria primeiro onde seu pai estivesse... Porque não vem aqui dentro para eu e seu pai conversarmos um pouco com você sobre mim... - Olhei assustado para Mariza, e deixei meu telefone cair.
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Leny
ParanormalComo todos os dias rotineiros de minha vida pacata, era apenas um garoto simpático, feliz, alegre no dia a dia, calmo, sem muitos problemas, mas que de vez em quando, ficava com uma fúria impressionante, pois existia um ser dentro de mim, que foi cr...