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Madalena

Estou saindo da missa com minha mãe neste domingo de manhã. Meu irmão resolveu vir a noite com meu pai.

Mais um domingo não comunguei, pois me sentia estranha e sem o direito de fazê-lo. Obviamente que minha mãe estranhou minha atitude, mas consegui inventar uma desculpa para ela que, aparentemente, engoliu sem muitos problemas.

Ao chegar em casa, fui para meu quarto e me tranquei lá, dizendo que faria meus exercícios do colégio, mas a verdade era que eu não queria ver e nem falar com ninguém. Estava confusa demais para ficar próxima a outra pessoa.

A noite anterior foi um verdadeiro martírio para mim, onde, mais uma vez, não consegui dormir nada. Além dos pensamentos presos em Camila, agora tinha que lidar com a tristeza de minha amiga.

Imagino como deve ter sido para ela ouvir o cara de quem ela gosta dizer que chamaria outra para sair, se fosse comigo, nem imaginaria como reagiria. "Deve ser doloroso demais passar por isso" pensei sentada em minha cama, encarando o caderno aberto à minha frente.

- Acho que vou na casa de Bruna mais tarde. - Falei para mim mesma.

O tempo passou e, para meu desespero, não consegui fazer nenhum dos exercícios que tinha para o dia seguinte, coisa que nunca me aconteceu.

Não demorou para minha mãe me chamar para o almoço. Sentei-me à mesa junto aos meus pais e irmão – com quem não estou falando – e comi em silêncio, ou melhor dizendo, respondendo monossilábicamente algumas perguntas que me eram feitas.

Após comer e ajudar minha mãe a limpar e arrumar tudo, informei a ela que iria ver Bruna em sua casa, o que minha mãe concordou, só pedindo para eu não voltar tarde, pois a menina mora em um lugar um pouco distante e ermo.

Peguei minha bicicleta e fui em direção ao sítio onde Bruna mora com seus pais. Da minha casa até o lar de minha amiga eu levarei, no mínimo, 30 min. Eu fui pedalando pela cidade e logo adentrei a estrada de terra que dava para o sítio onde a amiga mora.

Como falei, Bruna é de família humilde e seus pais ganham dinheiro através da fabricação de produtos derivados do leite, como doce de leite e queijos, sendo o segundo o principal produtos deles.

Depois de pedalar por mais um tempo, logo cheguei na porteira que dava para a casa da minha amiga, que ficava a poucos metros dali. Desci da bicicleta e a levei empurrando porteira acima – tinha uma pequena subida, nada muito grande – chegando na porta principal da casa.

- Ohh de casa! - Chamei e, não demorou muito para Brutus, um vira-lata que a família de Bruna tem, vir latindo em minha direção. Mas, apesar do ladrar, ele é molenga, não botando medo em quem o conhece de verdade.

Vi quando abriram a janela da sala e sua irmã olhou e, ao me ver, sorriu.

- Oi Madalena. - Beatriz falou sorrindo. - Entra menina! - Fez sinal com a mão.

Encostei a bicicleta em uma pequena árvore e segui para a varanda da casa, enquanto Beatriz abria a porta da sala e saía para me encontrar.

A casa de Bruna é bem simples, possui dois quartos, sendo um dos pais e o outro dividido entre ela e sua irmã, uma pequena sala, cozinha, banheiro e uma varanda que percorria a frente e o lado da casa, indo até a porta da cozinha.

- Veio ver a Bru, Madalena? - Beatriz falou me abraçando.

- Vim sim, ela tá aí? - Perguntei entrando com ela na sala.

- Ela tá lá no rancho com o pai e a mãe, foram ver os queijos que fizeram essa semana, mas logo tá voltando. - Beatriz respondeu risonha.

Beatriz e Bruna são bem diferentes no jeito de ser, enquanto Bruna é expansiva e falante, Beatriz é tranquila e observadora. As duas se parecem muito, se olharmos fisicamente, mas são totalmente o oposto quando o caso é personalidade. Porém, são super unidas, o que dá gosto de ver.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora