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Camila

Chegamos na cidade por volta das 21:00 e já haviam diversas pessoas na rua, pulando, bebendo e cantando com um bloco barulhento que tocava canções sem sentido. Os meninos estavam animados – até demais para meu gosto – com o movimento e bagunça que estava rolando.

- Vamos beber algo? - Lucas perguntou sorridente.

- Somos menores de idade, beber não daria problema? - Bruna, que nos acompanhava, falou receosa.

- Bruninha, meu bem... é carnaval, tempo de fugir dos esteriótipos e regras. - Yago falou passando um braço pelo pescoço da menina. - Vamos nos divertir.

Os garotos riram e gritaram animados com as palavras de Yago, deixando Bruna sem graça, mas ela acabou seguindo a maré. Nosso grupo contava comigo, Bruna, João, Yago, Lucas, Bruno e Miguel. Segundo João, Madalena não pode vir conosco, pois seus pais não permitiram. Achei um absurdo ele poder vir e ela não, mas resolvi abster e seguir o fluxo.

João, que já tem 18 anos, pegou o dinheiro e foi até um bar comprar cervejas para todos. Confesso que não estou nem um pouco a fim de beber, mas resolvi não discutir, afinal, posso passar o resto da noite com uma única latinha de cerveja, fingindo que estou acompanhando na bebida.

Ele voltou trazendo sete latas de cerveja e seguimos para o local mais movimentado, onde haviam blocos e música ao vivo de uma banda de axé local. Não entendo, por que esse povo gosta tanto desse tipo de música?! É ruim e a letra é estranha, mas enfim. Cada um com seu cada um.

As horas passavam e cada vez eles bebiam mais, enquanto eu me mantinha com minha latinha em mãos. Sentia vontade de fumar algo, então peguei meu cigarro no bolso e o acendi, deixando os meninos bobos por eu fumar.

Num certo ponto da noite, percebi que Bruna estava um pouco alta. Estava na cara que ela não estava acostumada a beber e as cervejas que os meninos enfiaram nela já estavam fazendo efeito. Notei como ela fazia charme para João, que ignorava de forma ignorante, vindo para cima de mim com danças sem graças e sem um pingo de noção.

Bruna é uma garota legal e, de certa forma, bonita. Como ele pode ignorá-la e vir para cima de mim, que nem dá bola para ele? Acho que ao notar que ele não queria nada com ela, a tristeza a pegou de jeito. Foi nesse momento que a vi se afastar do grupo, sem que os meninos percebessem, e foi se sentar em um banco afastado.

Na hora isso me preocupou, pois ela estava sozinha e é perigoso. Mesmo sendo cidade pequena, era carnaval e nesse período os loucos saem as ruas.

- Vem dançar comigo, Camila! - João falou se aproximando de mim sem camisa.

O olhei de maneira séria. - Não! Obrigada. Não gosto de dançar com gente suada. - Falei o deixando sem graça e fazendo os meninos rirem. - Vou ao banheiro, já volto. - Disse me afastando.

Saí de perto deles, mas mantive meus olhos fixos em Bruna. Ela parecia chorar, ali sentada sozinha. Vi quando um cara, aparentemente bêbado, se aproximou dela e se sentou ao seu lado. Ele falou algo para ela, que negou com a cabeça, mas não foi suficiente, pois ele se aproximou mais e agarrou seu braço. Percebia como ela puxava o braço tentando se afastar, mas ele não largava de jeito nenhum.

- Merda... - Falei jogando meu cigarro fora e indo, decidida, em direção a eles.

Não gosto de cuidar dos outros, acho que cada um tem sua obrigação de cuidar de si, mas não conseguia ignorar aquilo. Bruna é uma garota do interior, aparentemente sensível, não podia deixá-la ao léu. Se eles não têm essa responsabilidade, eu teria.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora