25

5.7K 410 114
                                    

Camila

Meu domingo foi maravilhoso! Eu nunca me liguei a datas, mas, depois de ontem, estou, confesso, imaginando passar todos esses momentos comemorando. Natal, Páscoa, Independência do Brasil, qualquer data que eu possa fazer um almoço ou jantar em casa junto às pessoas que eu quero.

Madalena me deu um ovo de chocolate feito por ela, fiquei tão feliz que sentia como se fosse transbordar. Passar, nem que seja, alguns minutos com ela é o suficiente para me fazer sentir que o dia valeu a pena. É tão engraçado, já aprontei tanto, já tive tantas festas, tantas pessoas passaram por minha vida, mesmo eu sendo tão nova, que me surpreendo ainda como posso me sentir feliz só em ficar de mãos dadas com ela, trocar simples beijos ou receber um cafuné. É diferente de tudo que tive até hoje e me sinto realizada com isso.

Ouvir ela falando que lutará por ela e, consequentemente, por nós, me deixou muito contente, pois mostra que ela está disposta a ficar comigo. Sei que, se acontecer dos pais dela descobrirem, será um baque forte para ela, até porque, não sabemos realmente qual a reação deles, já vi tantos casos que nem gosto de imaginar. Mas estarei ao lado dela e a ajudarei, lutaremos juntas.

Levantei cedo nessa segunda, algo que tem se tornado comum em mim esses meses que estamos aqui, e saí apressadamente para o colégio após tomar um delicioso café preparado por Carlos.

Cheguei no colégio e já busquei Madalena entre os outros alunos e, assim que a vi, meu coração já soltou fogos de artifício. Ela estava na praça com Bruna e os meninos. Vi como ela ria de algo falado pelos meninos e me senti feliz só em observá-la tão solta e alegre.

Aproximei-me deles que, assim que me viram, já sorriram e fizeram uma festa daquela.

- Bom dia pessoal. - Falei me aproximando e recebendo um abraço apertado de Lucas. Que cara divertido e amigável.

- E aí Camilinha. - Lucas falou rindo. - Estamos aqui combinando de, no domingo, irmos ao pesque e pague, topa? - Perguntou animado.

- Claro! Nunca fui a um, acho que vou gostar. - Respondi recebendo deles uma salva de palmas.

- Agora só falta você Mada. - Lucas comentou. - Vê com seus pais. João vai e também Bruna e Camila, acho que não terá problema.

Olhei para Madalena que sorriu para mim tímida. Havia esquecido que os pais dela a prendem demais. Será que eles não notam o mal que estão fazendo para ela?

- Vou falar com minha mãe logo e dou a resposta para vocês. - Madalena respondeu sem graça. Caso ela não vá, também não vou.

Continuamos conversando ali e decidimos, eu e Bruna, de irmos a padaria, para podermos ajudar a convencer dona Aparecida, mãe de Madalena, a liberá-la para ir conosco. Talvez com a gente dando garantia que ela estaria bem a mulher, brava como o cão como Bruna dizia, deixaria. Torcemos que sim!

O sinal bateu e fomos caminhando para o colégio. Eu ia ao lado de Madalena e a vontade de pegar em sua mão era monstruosa, a ponto quase de me sufocar, mas sabia que não poderia fazê-lo, afinal, ninguém poderia saber sobre nós. Era perigoso para Madalena.

As aulas, como sempre, correram de maneira chata e lenta. As primeiras provas estavam se aproximando e os professores tinham uma necessidade louca de nos fazer entender as matérias a qualquer custo.

Eu, para variar, viajava observando Madalena compenetrada em suas anotações e dúvidas. Ela é uma garota muito esforçada e inteligente. Lembro de uma vez, quando ela comentou que deseja seguir uma carreira na área da educação, mas, devido ao lugar onde vive e os custos, teria dificuldade.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora