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Camila

Domingo, Páscoa e dia de distribuir chocolates para todos que gostamos – ou aturamos, escolha o melhor para vocês.

Estou aqui jogada na minha cama ouvindo música, acabei de acordar, exatamente às 12:20. Dormi tarde, madrugada para ser mais exata, pois fiquei junto à Paula e Carlos fazendo uma maratona de filmes clássicos de terror. Entre Sexta-feira 13, Halloween, Massacre da Serra Elétrica e O Exorcista, quando fomos ver, já era mais de 04:00 da manhã, então decidimos deitar. Pelo menos consegui me distrair.

Sinto falta de Madalena. Esse feriado ela passou inteiro ajudando na Igreja da cidade. Até pensei em ir vê-la, mas, sinceramente, não consigo ficar fingindo ser uma pessoa religiosa. Nem sei qual foi a última vez que entrei em uma igreja, tirando o dia que fui atrás dela, que não fosse fazendo turismo.

Estiquei-me inteira na cama e decidi que era hora de levantar, encarar o mundo à minha frente. Arrastada, fui ao banheiro e tomei um banho frio, para poder acordar de vez, coloquei uma roupa bem confortável e desci para tomar café com Carlos e Paula, isso se ela já tiver levantando.

- Bom dia, Carlos. - Cumprimentei-o quando entrei na cozinha.

- Boa tarde, Camila. - Carlos respondeu sorrindo. É engraçado como esse homem, mesmo ficando sem dormir direito, consegue ter essa disposição. Eu estou morta. - Quer café?

- Quero sim, obrigada. - Respondi me sentando à mesa, que ainda se encontrava posta com coisas para o café da manhã. - Está um cheiro maravilhoso, o que está fazendo?

Carlos sorriu diante da minha pergunta, enquanto me servia meu café. - Bacalhau ao forno, com risoto de camarão e, para sobremesa, um pavê de limão.

Só de ouvi-lo falar o cardápio já me senti com água na boca. Carlos é o tipo de pessoa simples, que consegue fazer desde pratos mais requintados até comidas simplórias, para um almoço. E pelo visto, escolheu a simplicidade para nos coroar nesse domingo.

- Só de ouvir já fiquei com vontade de provar. - Comentei rindo e recebendo dele um sorriso agradecido.

Estava tomando meu café, enquanto Carlos continuava com seu trabalho de cozinhar para nós, quando Paula entrou na cozinha, carregando um semblante tão cansado quanto o meu.

- Nunca mais fico até tarde acordada com vocês. - Comentou se sentando ao meu lado, o que, obviamente, me arrancou uma gargalhada.

- Está ficando velha, tia? - Perguntei debochada. - Afinal, virar a noite acordada não é novidade para você.

- Acho que é o clima desse lugar, não sei, mas parece que estou há dias sem pregar os olhos. - Massageou suas têmporas. - Estou morta!

- Dramática! - Comentei rindo, sendo seguida por Carlos.

Tomamos nosso café entre risos e comentários sobre a noite passada quando o interfone tocou. Achei estranho, pois não esperávamos ninguém naquele dia e até me preocupei um pouco, afinal, da última vez que recebemos uma visita inesperada, era Flávia me incomodando. "Espero que não seja ela" pensei dando um sorbo longo ao meu café.

Carlos atendeu ao interfone e saiu para ir até o portão, sem nada dizer sobre quem era.

- Não deve ser para a gente... se fosse ele falaria. - Paula comentou enquanto tomava seu café com os olhos fixos no tablet em sua mão.

Seguindo o pesamento dela, senti um pouco de alívio e continuei comendo, alheia a qualquer coisa.

Nesse momento, ouvi Carlos voltando e falando animadamente com alguém e, quando me virei para ver de quem se tratava, qual não foi minha surpresa ao me deparar com Madalena, sorridente, entrando junto a ele?

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora