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Camila

Acordei na quinta-feira um pouco mais animada, apesar de não ter motivos para tal. Arrumei-me cantarolando uma música que coloquei para tocar no meu celular e desci saltitante indo para a cozinha tomar meu café da manhã.

- Bom dia Carlos! - Falei lhe dando um beijo na bochecha, o que o pegou de surpresa.

- Vejo que alguém acordou animada hoje. - Carlos comentou sorrindo enquanto colocava café para mim.

- Não sei, mas hoje acordei mais disposta. - Falei me servindo de torrada com geleia. - Não volto cedo para almoçar, hoje é o primeiro dia de treino do time de vôlei. Tudo bem?!

- Ah... tudo bem sim. - Carlos respondeu se sentando à minha frente. - Hoje vou com Paula na cidade, ela precisa ver algumas coisas por lá. - Informou enquanto tomava seu café preto e lia algo em seu tablet.

Vê-lo focado na tela de seu aparelho me fez lembrar que, apesar de termos internet em casa, não entrava em contato com meus "amigos" de São Paulo desde que vim para Campos dos Ventos, então resolvi fazê-lo assim que tivesse sem nada para fazer. Afinal, mandar uma mensagem não mataria ninguém, apesar de que eles tampouco me contactaram, mas, enfim.

Terminei de comer, peguei minhas coisas, minha moto e parti em direção ao colégio, onde passaria uma boa parte do meu dia hoje, estudando e treinando com as meninas do meu time de vôlei.

Como sempre faço todos os dias, cheguei e parei minha moto no mesmo local e, rapidamente, passei meus olhos por sobre a multidão de adolescentes cheios de hormônios na entrada à procura do pessoal e não demorou para vê-los ao longe, amontoados em um bolo conversando e rindo animadamente.

Fui até eles e logo a vi, ali entre eles conversando animadamente com Bruna, Madalena estava linda essa manhã, assim como sempre está todas as manhãs. Assim que me aproximei, cumprimentei a todos de forma divertida, como sempre faço, e fiquei conversando sobre coisas sem sentido com os garotos.

Bruna e Madalena falavam sobre alguma coisa referente a igreja da cidade, mas, apesar de me esforçar, não consegui ouvir direito do que se tratava. Pena não ser religiosa, acho que a única coisa realmente religiosa que aconteceu na minha vida foi meu batismo e nada mais. Queria poder entrar na conversa só para poder ficar mais perto dela, mas não era possível, então me resignei a ficar falando com os meninos.

Quando o sinal tocou, seguimos calmamente até a entrada do colégio. Enquanto caminhávamos, vimos o carro que trazia Flávia parar em frente a entrada e ela descer, acompanhada de suas clones sem noção de moda. Sério que isso existe? Pensei que era coisa de comédia pastelão norte americana.

Ao passar por nós, percebi seus olhos pousarem sobre mim e um sorrisinho dissimulado surgir em seus lábios, que eu ignorei e segui meu caminho. Não demorou e já estávamos em sala, resolvendo uma bateria de exercícios de Física, uma matéria horrível, diga-se de passagem, mas que eu conseguia levar a trancos e barrancos, pelo menos minhas notas estavam na média de 7 nessa matéria, o que estava bom para mim.

Estava distraída resolvendo um exercício, quando ouvi alguém chamar à porta. Era o professor Edmundo, que pediu licença à nossa professora para informar sobre o treino de hoje à tarde. Como se precisasse lembrar, mas ok.

Continuamos nossa aula com a correção dos exercícios que havíamos acabado de resolver, mas, novamente, meus olhos estavam vidrados sobre Madalena. Era muito divertido ver suas reações diante das explicações. Suas caras e bocas. Quando acertava, abria um sorriso animado, quando errava fazia caretas distintas e engraçadas. Adorava observá-la, era muito divertido e encantador.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora