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Camila

Estava ansiosa, pela primeira vez em toda minha vida acordei hiper cedo em um domingo, por volta das 06:00. Normalmente esse seria um dos horários em que estaria chegando em casa de mais uma noitada com os loucos dos meus amigos se estivesse em São Paulo, mas as coisas mudaram aqui em Campos dos Ventos.

Estou nervosa e inquieta. Passei o resto do meu sábado organizando todo o meu quarto, o que pegou até mesmo Carlos de surpresa, já que mal guardo minhas roupas, mas não poderia deixar Madalena ver aquela zona, então arrumei tudo.

Agora estou aqui na rede, ouvindo música para tentar relaxar, afinal as horas estão demorando a passar e ela não me deu certeza se viria ou não, o que está me deixando nervosa.

- Será que ela vai vir mesmo? - Perguntei-me enquanto balançava na rede e ouvia Kid Abelha. Vou ser sincera, adoro essas músicas velhas.

- Se ela não vier, poderão combinar outro dia. - Ouvi a voz de Carlos ao meu lado, o que me fez arrancar os fones correndo e olhá-lo assustada. - Tudo bem? - Perguntou sorrindo e me estendendo um copo de suco de limão.

- Estou bem sim. - Menti.

- Percebo. - Carlos fala debochado, me fazendo rir sem graça. Estava na cara que estava ansiosa. - Vai ficar aqui fora, no frio?

O dia havia amanhecido friozinho, assim como dia anterior, só que, para felicidade geral, sem aquela chuva. Eu estava toda relaxada, deitada usando uma roupa aconchegante e quentinha, mesmo assim o frio ainda persistia.

- Estou bem aqui. - Falei pegando o copo de sua mão e dando um sorriso em agradecimento pela delicadeza. - Onde está Paula? No escritório?!

- Está na sala de TV, assistindo um daqueles programas de moda. - Carlos falou puxando uma cadeira e se sentando ao meu lado. - Deve estar morrendo de rir com as análises dos "especialistas". - Disse fazendo sinal com os dedos e nos arrancando um riso. Tia Paula sempre debocha dessa galera que se acha expert em moda, mas que, no final, são só papagaios repetidores. - Ela quer conhecer sua amiga quando ela chegar, pediu para chamá-la.

- Deve estar curiosa para saber quem é. - Falei rindo e apertando o copo em minhas mãos.

A verdade era que eu estava apavorada, era a primeira vez que receberia alguém em minha casa que eu estava realmente interessada e um familiar meu, alguém que realmente se importa comigo, conheceria. Era algo importante para mim.

Fiquei conversando com Carlos por um tempo ali na varanda, enquanto a hora foi passando. Ele, há todo momento, fazia questão de tentar me acalmar e me distrair, para não me apegar ao tempo, mas era impossível. Há cada passagem do tempo, eu me sentia mais angustiada e triste, pois, parecia que ela não viria. "Ela tinha dito que tentaria vir, não era para criar expectativas." pensei desanimada.

Era por volta das 14:40 quando a campainha soou, me fazendo dar um verdadeiro pulo da rede, quase correndo para o portão.

- Calma Camila! - Carlos falou me segurando para não ir correndo abrir. - Pode não ser ela, deixa eu ver pelo interfone. - Explicou recebendo de mim somente um aceno de cabeça e entrando.

Fiquei na varanda roendo as unhas, mania que só descobri agora que tenho, esperando ele dizer se era ela ou não.

Carlos demorou um pouco, mas logo voltou da cozinha e sorriu para mim, seguindo em direção ao portão para atender quem estava ali. "É ela!" pensei sentindo meus batimentos acelerarem loucamente.

Logo ele voltou acompanhado de Madalena, que trazia uma mochila e olhava vidrada a casa à sua frente e me fez abrir um sorriso gigantesco, quase pulando de alegria. Assim que ela me viu, abriu um sorriso encantador, o que me fez, mesmo sem querer, suspirar.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora