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Camila

Estávamos em um problema, num impulso meu, acabei sucumbindo a saudade que sentia de Madalena e a chamei para ir a uma sala vazia comigo e lá a beijei. Estávamos bem, senti que ela estava na mesma sintonia que eu, nos entregamos ao momento e, para nosso espanto e surpresa, fomos flagradas por Angélica, diretora de nossa escola.

Agora estamos indo a sua sala na direção para termos uma conversa com ela. Madalena está ao meu lado e vejo o pavor estampado em seus olhos e com razão, sua mãe é restrita em muitas coisas e, mesmo eu tendo conquistado sua confiança para algumas coisas, ela não admitiria que sua filha tivesse esse tipo de relação com outra garota.

- Fica tranquila, vai dar tudo certo. - Falei com Madalena enquanto caminhávamos, mas a verdade é que falava para mim mesma, precisava manter a calma caso quisesse "resolver" esse problema da melhor maneira possível.

Madalena nada me respondeu, seu silêncio era o que mais me apavorava, afinal, mesmo ela demostrando que gostava de mim, ou melhor, que me ama, não sei como ela agiria em um momento de pressão. Tenho medo de perdê-la.

Chegamos em frente a sala da direção, que se encontrava com a porta fechada. Respirei fundo e toquei à porta. Olhei para o lado e via o torpor estampado na face de Madalena. Queria segurar em sua mão e que entrássemos mostrando nossa cumplicidade e força, mas não sabia a que pé a história estava na cabeça de Angélica, então me furtei de fazê-lo.

Ouvimos um "entre" soando de dentro da sala. Peguei na maçaneta a girando e entrei, seguida por Madalena.

Angélica se encontrava sozinha, sentada à sua mesa e, assim que nos viu, largou os papéis que tinha em mão e nos fitou fixamente.

- Estamos aqui diretora. - Falei a encarando séria. Mesmo sentindo medo da situação, não deixaria ela perceber, precisava ser forte neste momento.

Angélica olhou séria para mim e depois para Madalena, de pé ao meu lado e suspirou pesadamente.

- Bem meninas... Camila e Madalena... - Olhou incisivamente para nós. - Acho que imaginam mil e uma coisas por ter chamado vocês aqui, não é? - Perguntou apoiando seus cotovelos na mesa e seu queixo sobre a mão.

Olhei para Madalena que abaixava a cabeça com vergonha. Precisava ir a batalha, pois, pelo que parece, minha namorada tem medo de diversas coisas.

- Imaginamos sim diretora. - Respondi me voltando para olhar para Angélica.

- E o que imaginou Camila? - Ela me perguntou, semicerrando os olhos.

- Como você mesma falou, mil e uma coisas... - Hora de partir para o ataque. - Mas deixo claro que, independente do que venha a falar, não vamos recuar no que temos... - Falei transbordando seriedade. Madalena me olhou espantada e eu, demonstrando que estava falando sério, peguei em sua mão. - Não sei o que pode passar pela sua diminuta mente, mas estamos juntas e estamos no século XXI professora e temos o direito de fazermos o que quisermos, mesmo que não concorde ou que não entenda. - Despejei sobre ela que me olhava nos olhos. - Não sei o que pensa, mas deixo claro que não vamos nos intimidar.

Terminei de falar e encarei Madalena que me olhava aturdida. Sei que ela está com medo e, agora que eu falei tudo isso, deve estar vendo tudo dando errado. Sei também que não poderia falar por ela, mas já haviam nos pegado com a boca na botija, por mais que tentássemos não havia uma desculpa para isso.

Madalena olhou para Angélica e senti suas mãos geladas e suadas em contado com a minha, mas, para meu espanto, ela fechou os olhos e aspirou e expirou contínuas vezes, voltando a olhar para nossa diretora.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora