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Madalena

Estava em casa, terminando de almoçar, quando João entra apressado e vai direto para o quarto, batendo a porta com muita força a ponto de me assustar. Raramente o vejo dessa maneira, pois ele é um cara cheio de si e muito confiante. O que será que aconteceu para ele agir assim?

Como quero evitar confusão para meu lado, terminei de comer, arrumei tudo e fui me aprontar para ir para a padaria. Hoje, pelo que minha mãe falou, vou ficar sozinha no atendimento, pois ela precisa ir à cidade realizar os pagamentos dos fornecedores. Acho que essa é a única ocasião em que ela usa a velha caminhonete do meu pai.

Minha mãe é do tipo paranoica, toda vez que ela precisa fazer esse procedimento, ela faz um malabarismo para poder colocar o dinheiro escondido no assoalho do carro. Não acho que ela deva facilitar com o dinheiro, mas aí já é demais.

Já arrumada, vou até a porta do quarto de João e, para meu espanto, parece que ouço barulho de choro.

- Para ele estar chorando, a coisa deve ter sido séria. - Sussurro.

Bato de leve na porta e o barulho se cala, porém ele não responde, me obrigando a bater novamente. Caso ele esteja chorando, quero saber o que está acontecendo.

- O que você quer? - O escuto perguntar de dentro do quarto.

- Está tudo bem?

- Está sim, me deixa em paz, estou sem paciência para nada. - João responde com a voz embargada.

- Eu... eu estou indo para a padaria, até depois.

- Tá, até.

Dei uma passo para trás, me afastando da porta, porém, algo me fez voltar rapidamente e bater novamente, recebendo uma resposta, digamos, "nervosa" dele.

- Se precisar conversar, estou aqui. - Falei, mas não obtive resposta.

Voltei a me afastar da porta e, dessa vez, fui para o trabalho. João é uma pessoa complicada, orgulhoso e muito machista, mas, apesar de não me agradar em algumas coisas, continua sendo meu irmão, por isso quero ajudá-lo no que seja lá o que tenha acontecido com ele.

Pego minha bicicleta e vou pedalando para a padaria e, assim que cheguei, já dei de cara com minha mãe quase tendo um infarto, afinal o banco tem hora para fechar e ela precisa estar lá antes disso acontecer, obviamente.

O tempo passou tranquilamente e João não deu as caras para ajudar meu pai, como sempre fazia, o que, confesso, me preocupou um pouco, mas não falei com meu pai o que estava acontecendo, afinal, nem mesmo eu sabia direito o motivo dele ter chegado daquele jeito em casa.

Estava terminando de abastecer o mostruário com os bolos que meu pai havia feito, quando Lucas entrou na padaria, sorridente como sempre.

- Oi Mada.

- Oi Lucas, tudo bem? O que deseja?

- Eu tô bem. Eu vou querer 5 pães. - Ele respondeu praticamente se lançando em cima do balcão.

Fui pelo pedido dele, enquanto ele me observava, sorridente como sempre.

- Me fala Mada, como tá o João? - Ele me perguntou enquanto eu terminava de colocar os pães no pacote.

- Não sei dizer, Lucas. - Falei lembrando de como ele tinha chegado em casa. - Você sabe se aconteceu algo com ele? - Perguntei entregando para ele o seu pedido.

- Ele não te falou? - Lucas perguntou me encarando, enquanto me entregava uma nota de R$ 10,00. Balancei a cabeça negando. - Ele pediu para sair com a Camila.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora