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Camila

Eu nunca imaginei que minha tia tomaria jeito ou se envolveria com alguém por um largo período de tempo. Desde que a flagrei – e ouvi horrores dela por ter atrapalhado seu momento de intimidade com Bruna – ela e minha amiga e companheira de colégio tem ficado cada vez mais próximas. Obviamente que elas não assumiram nada para ninguém, nem para mim e nem mesmo para Carlos, mas as observo quando se encontram e, posso garantir, elas estão se gostando de verdade.

Paula está mais tranquila, mais calma e fica grudada com Bruna para baixo e para cima, sem contar que ela até se aproximou da família da garota para poder ter motivos para passar muito tempo com Bruna, além das diversas noites que minha amiga passa aqui em casa nesses dois meses desde que tudo começou.

Sim! Já se vão dois meses desde que as atrapalhei naquele dia. Eu e Madalena?! Bem, como posso dizer? Nós estamos bem! A mãe dela gosta muito de mim, não implica quando ela vem me ver aos domingos e estamos mais próximas a cada dia. Porém, sabem quando chega num ponto do relacionamento em que suas vontades vão crescendo e você quer passar aquela linha?! Aquela... onde a intimidade vai a níveis maiores? Sim, estou falando de sexo... então, essa ainda não avançamos.

De um tempo para cá estou me sentindo um pouco acumulada e... Ahhh, o que eu estou falando? É lógico que quero fazer amor com Madalena, mas a sinto tão insegura que tenho medo de fazer algo errado e transformar a primeira vez dela em um trauma. O que eu faço?!

Nós estamos mais íntimas, nossos carinhos e beijos são mais ousados, mas, quando eu sinto que as coisas podem evoluir, ela refreia e fica super sem graça. Não quero forçar nossa relação, mas eu quero tanto. "Camila, se controla! Até alguns meses atrás ela nem beijar tinha beijado ainda."

Hoje é quinta-feira e estamos em mais um treino para o jogo de vôlei de nossa equipe. Acho que nunca cortei a bola com tanta violência como estou fazendo de uns dias para cá.

- Camila! - Edmundo gritou meu nome depois de mais uma cortada bárbara por minha parte.

- Sim?!

- Tudo bem que cortar forte é uma arma para nós, mas não precisa arrancar a cabeça de suas amigas. - Edmundo falou fazendo todas rirem alto. - Deixa essa força para semana que vem, no jogo. Vou dar cinco minutos para vocês descansarem um pouco, esfriarem a cabeça e beberem água. - Apitou dispensando a gente por enquanto.

Fui até a pequena arquibancada e peguei minha garrafa d'água para me hidratar.

- E aí garota! - Bruna chamou minha atenção se sentando do meu lado. - Tá com raiva de algo?

Olhei para ela e sorri fraco. - Não, só um pouco... - Parei para pensar. "Bruna é uma garota aberta para conversar e, pelo visto, está bem evoluída, mas ainda é amiga de Madalena, não seria legal falar com ela sobre nossa vida íntima." - Não é nada. - Falei balançando a cabeça dissipando meus pensamentos.

- Para Camila... apesar da gente se conhecer pouco tempo, consigo te ler bem e sei que tem algo tumultuando sua cabeça. - Bruna falou me dando um leve empurrão com o ombro. - Fala vai, pode se abrir para mim. Somos amigas, não é?

Olhei para ela e pude vislumbrar que ela estava sendo sincera. Bruna não queria ser intrometida e sim ser minha amiga e confidente.

Suspirei fundo. - Acho que estou acumulada. - Disse sem olhá-la diretamente.

Percebi, de soslaio, que Bruna franziu o cenho e ficou me olhando com cara de interrogação. A verdade é que não queria entrar em detalhes, até porque eu poderia constranger Madalena e isso eu não queria.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora