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Camila

Mais um dia e estou aqui nessa festa nefasta na cidade para o carnaval. Até pensei em não vir, mas não tinha nada para fazer em casa. Infelizmente Carlos e Paula haviam ido para Campinas e só voltariam no sábado pela tarde. Ficar em casa sozinha é bom, mas depende muito de quem poderia ser sua companhia e, devo admitir, quando se trata de Carlos e Paula, não gosto que fiquem longe.

Essa noite, para minha desafortuna, Bruna não veio, mas nem posso culpá-la, a forma como os meninos a ignoraram ontem, era de se esperar que não quisesse vir hoje. Por isso, cá estou eu com cinco garotos, que, por mais legais que sejam, são muito sem noção.

Havíamos acabado de chegar e, como na noite anterior, João foi comprar as bebidas para todos. Resolvi ter a mesma estratégia da outra noite e me manter só com uma latinha de cerveja. A última coisa que quero é ficar bêbada por aqui.

Pegamos nossas bebidas e fomos para o local mais movimentado. Observava as pessoas brincando, rindo, se agarrando e pagando diversos micos. Os garotos cantavam alto e se insinuavam para as garotas, sendo uma dessas garotas, eu. Estou com João no meu encalço, o que já estava me irritando, será que ele não percebe que não estou a fim dele?!

Num determinado momento da festa, vi Flávia passando sozinha, fantasia de fadinha, ao longe. Falei que ia ao banheiro – o bom de ser mulher nessas festas é isso, pois não poderia agir como esses homens porcos – e fui atrás dela. Essa seria minha chance e não perderia.

Caminhei entre multidão, desviando dos caras assanhados e metidos a gostosões e, com muito custo, cheguei no caminho que ela seguia.

Fiquei a observando de longe, não parecia bêbada, porém não estava tão contente quando deveria, afinal, é carnaval! A segui mantendo uma distância "segura" para que ela não percebesse minha presença.

Notei quando ela parou encostada em um poste e levou as mãos a cabeça, retirando o arco que usava e suspirar. Ela estava visivelmente chateada com algo. Seria correto incomodá-la nesse momento em que ela parece estar mal?... Sim, claro que seria!

Fui me aproximando lentamente dela, que estava distraída e nem me notou chegando às suas costas. Agora que penso, ela está correndo muitos riscos e se fosse alguém perigoso?! Não que eu não seja, mas... vocês entenderam.

Cheguei atrás dela, me encostando no poste e pude notar que ela estava respirando pesadamente, como se estivesse tentando se controlar devido a alguma coisa que lhe tirou do sério. Momento certo para molestá-la.

- Não deveria ficar sozinha assim. - Falei próximo a ela, o que lhe fez dar um verdadeiro salto pelo susto e me fez rir.

- Tá louca?! - Flávia perguntou me olhando com ódio. - O que você quer, merda?!

- Nada de mais. - Falei dando de ombros. - Te vi vindo para cá e resolvi dizer um "oi". - Disse abrindo um sorriso para ela.

Flávia rodou os olhos e me encarrou séria. - Vaza! - Falou se virando de costas para mim e saindo andando.

"Gostei dessa atitude, retadora!" pensei a observando se afastando e resolvi ir atrás dela.

- Não faça isso comigo Flavinha. - Falei a seguindo, porém ela se virou e me encarou com o dedo indicador em riste.

- Não me chama de Flavinha! - Falou me olhando séria. - Não te dei liberdade para me chamar assim.

- Como devo de chamar então? Vinha?! Fla?! - Perguntei debochada, o que a fez fechar o punho com raiva.

- O que você quer garota? - Disse olhando nos meus olhos. - Não estou para papo e não vou com a sua cara. Não deu para perceber?!

Sorri confiante e segurei sua mão, mantendo na altura do meu rosto. - Eu sei... e isso me encanta em você. - Falei dando um beijo em sua mão, o que a fez arregalar os olhos com surpresa.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora