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Camila

Cheguei em casa após as aulas e meu momento íntimo com Flávia me sentindo mais disposta. Nem mesmo o silêncio ou a falta do que fazer naquele lugar podiam tirar minha paz.

Estacionei minha moto e, acho que pela primeira vez, desde que estou aqui, fui para a varanda aproveitar um pouco a rede que havia ali. Queria relaxar um pouco e gozar do meu momento.

Devo admitir que a casa que minha tia mandou construir no terreno que comprou é muito aconchegante. Possui um jardim grande e todo gramado, uma bela piscina com uma pequena cascata artificial, acompanhada de uma área para churrasco e eventos – não que ela vá querer fazer algum, mas, enfim. A garagem tem espaço para três carros grandes e a casa, toda em madeira tratada, possui cinco suítes, um escritório, sala de estar, sala de jantar, sala de TV, cozinha, área, uma pequena biblioteca com lareira e um banheiro social. Ou seja, a casa dos sonhos para um local perdido no meio do nada.

Estava distraída ouvindo música e balançando levemente na rede, quando Carlos veio até mim, me puxando dos meus pensamentos.

- Olá Camila! Nem vi quando chegou. - Carlos falou de pé ao meu lado.

- Oi! Cheguei tem pouco tempo, resolvi relaxar aqui um pouco. - Falei sorrindo para ele.

- Não quer almoçar? Deixei pronto, ia verificar a água da piscina, mas posso te servir.

- Estou sem fome, daqui a pouco vou. Obrigada. - Falei agradecida, mas realmente não sentia fome naquele momento. - Onde está Paula?

- Na sala de TV. Aparentemente queria ver algum programa específico sobre moda... não sei dizer direito. - Carlos falou coçando seu cavanhaque. - Está tudo bem?

Ao ouvi sua pergunta, não consegui segurar o sorriso que brotou em meus lábios. - Está tudo às mil maravilhas, Carlos. - Falei dando uma piscadinha em sua direção.

Carlos, entendendo meu sorriso, retribuiu o gesto e suspirou preocupado. É normal ele agir assim quando eu "apronto", mas ele sabe que não pode fazer nada a respeito além de me dar alguns conselhos, afinal, sou um espírito rebelde e livre.

- Tudo bem! Qualquer coisa, só me chamar. - Falou dando uma piscadinha em minha direção e seguindo para a área da piscina.

Voltei a relaxar o corpo na rede e coloquei minha playlist para tocar. Uma lista bem eclética, com músicas que iam desde o rock progressivo até o dance. Envolvida pelo som, senti meu corpo ser levado e, antes que pudesse perceber, acabei me deixando adormecer serenamente.

Estava dormindo, quando, mesmo com os fones, escutei a campainha tocar, o que me trouxe de volta dos braços de Morfeu. Abri os olhos me sentindo irritada, afinal, odeio ser acordada, e olhei em direção a piscina. Carlos estava com uma espécie de "rede" em mãos retirando as folhas que estava na água.

"Ele não ouviu a campainha?" me perguntei mentalmente e o maldito barulho soou novamente pela casa. Como sabia que ele estava ocupado e minha tia não atenderia, levantei, um pouco cambaleante, e fui em direção ao portão.

Meus passos eram pesados e cansados, o cochilo foi bom, mas, como foi interrompido, acabou por não me descansar e sim me deixar com preguiça. A campainha tocou novamente, já me deixando com ódio da pessoa que tocava. "Não sabe esperar?! Que saco!" pensei enfezada.

Cheguei no portão e me odiei por esquecer que temos interfone, poderia ter atendido sem precisar vir aqui. Suspirei pesado e o abri já pensando em arrancar os olhos de quem tocava daquela forma tão insistente, quando, ao abri-lo, dei de cara com a última pessoa que poderia imaginar na minha vida toda. Pelo menos naquele momento.

Campos dos Ventos (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora