PUTA QUE PARIU!
Sim, foi exatamente isso que passou pela minha cabeça no exato momento em que me dei conta da merda que fiz! Como diabos eu fui capaz? Por que eu fiz isso? Qual o meu problema, afinal? Quando eu já tô na merda, sempre dou um jeito de afundar mais!
- Eu... eu... - Droga! Nem uma desculpa decente me vem à cabeça!
- Tudo bem! - ela diz, passando a mão no cabelo. - Vamos fingir que isso nunca aconteceu, ok? - Suas bochechas estão completamente vermelhas.
- Tudo bem. - Respiro aliviado, mas o clima fica insuportavelmente constrangedor. Ela ajeita a franja, afastando alguns fios que caíam sobre os olhos.
- Eu já vou. E dessa vez é pra valer. - Apenas assinto com a cabeça, sorrindo sem graça.
Assim que vejo a porta se fechar, solto um suspiro alto e chuto o sofá com toda a força, machucando o pé no processo. Com certeza ela deve ter ouvido o barulho - mas foda-se. O que me irrita de verdade é saber que eu fiz merda. De novo.
Minha vida já é suficientemente esquisita. Mas não, eu sempre dou um jeitinho de deixá-la ainda mais fodida.
Ela deve estar pensando que eu sou um maníaco. Um tarado. E sinceramente? Não culpo. Eu pensaria o mesmo. O problema é que eu sou um problema ambulante. Uma fábrica de desastre. E acho que, no fim, vou acabar me afogando nas minhas próprias merdas.
- Meu Deus, o que eu tô pensando?! - Olho para o relógio. Ótimo, agora percebo que estou atrasado pro trabalho. - Mas que droga!
...
- Um pouco mais pro lado - digo ao casal à minha frente. - Ótimo. Agora você se ajoelha e beija a barriga dela. - Ele obedece. - Perfeito! - Sorrio. - Acho que por hoje é só.
- Obrigada! - diz a mulher, animada, passando a mão pela barriga avantajada.
- Amanhã temos mais uma sessão, mas será externa - explico, aproximando-me com a câmera para mostrar algumas fotos.
- Essa tá ótima - o homem aponta para uma imagem dos dois se beijando, com a barriga no centro. - Ficou linda.
- É, ficou mesmo - concordo. - Como será ao ar livre, vocês podem sugerir o lugar.
- Que tal no zoológico? - sugere ela, vestindo a camisa larga de gestante.
- O que decidirem, pra mim tá bom.
- Então amanhã às dez, no zoológico municipal? - ele pergunta.
- Por mim, perfeito - aperto sua mão e os dois se despedem.
- Ahm... - solto um suspiro longo. Começo a guardar a câmera, as luzes, o tripé. Hoje foi puxado: catorze sessões, duas com crianças - o que dá um certo trabalho. Mas confesso, isso me ajudou. Quando estou com uma câmera na mão, é como se o mundo parasse. Me sinto livre. Inteiro. E, admito, também serviu pra esquecer um pouco a merda que fiz de manhã.
Tranco o estúdio e sigo até a recepção. Nishimia me recebe com seu sorriso habitual. Entramos juntos no estúdio, então temos uma certa afinidade. Mas calma: ela tem namorada. A Seiko. Que, aliás, trabalha aqui há mais tempo que nós dois.
- E aí, Sasuke? Terminou suas sessões diárias? - pergunta, me servindo café.
- Sim, graças a Deus - pego o copo de plástico e viro de uma vez. - Tô um caco hoje.
- Percebe-se. Não dormiu direito? - O sorriso safado nos lábios entrega que ela já tá imaginando merda.
- Não. Mas não pelo que você tá pensando - bom, talvez um pouco sim. Demorei pra dormir depois do que aconteceu... - A chuva de ontem derrubou a energia, e sem ar-condicionado foi impossível.
- Sei... - diz, ainda com o sorrisinho debochado.
- Bom, o café estava ótimo, a companhia também. A dor do parto é grande, mas terei de partir.
- Espera! Quase esqueci - ela corre até mim. - Tem um casal querendo falar com você. Eu disse que precisava marcar horário, mas insistiram que você os conhecia. - Aponta para a sala de espera. - Estão lá faz um tempinho.
Olho na direção indicada e reconheço de longe os cabelos vermelhos da Karin. Sorrio. Caminho até eles.
- Só posso estar sonhando! - digo ao me aproximar. - Karin? Suigetsu?
Os dois se levantam e me cumprimentam.
- E aí, cara! Quanto tempo - Suigetsu me dá nosso antigo toque de infância.
- É, e bota tempo nisso. Cinco anos, né? - lembro do nosso último encontro. - E você, Karin, como está?
- Muito bem. E pelo visto, você também não tá nada mal - sorri e me dá um tapa leve no ombro.
- Então, o que traz vocês aqui? Aconteceu algo pra essa visita repentina?
- Bem... - Karin estende a mão direita, exibindo um anel com uma pequena pedra brilhante.
- Estão noivos! - digo surpreso. Quer dizer, nem tanto. Sempre teve uma química entre eles. Desde pequenos, brigavam feito cão e gato. E como dizem, ódio e amor andam juntos. - Quando foi isso?
- Há três semanas. Na casa dos meus pais. Era festa de aniversário do meu sobrinho e ele me surpreendeu com o pedido - conta animada, acariciando o anel.
- Foi um desastre - Suigetsu ri, coçando a nuca. - Eu tinha planejado tudo, mas na hora saiu tudo diferente.
- Mas no fim, o pedido saiu - Karin diz, abraçando o braço dele.
- Parabéns. Mas... o que exatamente trouxe vocês até aqui?
- Estamos organizando o casamento. E falta um padrinho - Suigetsu diz com aquele velho sorriso de quem quer alguma coisa. - Então pensamos em você. Afinal, você era meu melhor amigo de infância.
- Sério? - pergunto, genuinamente surpreso - e animado, embora tente disfarçar. Preciso de uma distração, mesmo que casamento não seja minha praia.
- Sim! - Karin responde.
- Eu tinha pensado no Juugo, mas ele foi pro exterior, a gente perdeu contato. Aí lembrei que meu amigo fotógrafo podia ser o padrinho. Já economiza nas fotos, né? - sorri.
- Sempre o palhaço.
- Agora sério, o que me diz? Aceita?
- Eu não sei...
- Vai, Sasuke Uchiha! - Karin insiste. - Nem vem com essa, você sabe que eu não aceito "não" como resposta. E sou muito, muito insistente!
- Ok! - cedo, por fim.
- Sério?! - os dois dizem ao mesmo tempo.
- Por que a surpresa?
- Porque o Sasuke que conhecemos não aceitava nada de primeira - Suigetsu ri.
- Aquele Sasuke não existe mais - respondo. Eles se entreolham, meio surpresos.
- Bom, padrinho, mantenha o telefone por perto! Vamos te atormentar muito ainda - Karin diz e me abraça.
- Ok - retribuo o abraço.
- Agora a gente vai nessa. Ainda falta encontrar uma madrinha.
- Boa sorte - digo, me despedindo. Os dois se vão, e eu fico ali, parado. Pensando.
Pensando nela.
- Droga. Preciso de álcool.

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𝓕𝓸𝓽𝓸𝓰𝓻𝓪𝓯𝓲𝓪
RomantikVocê acredita em amor a primeira vista? Sasuke uchiha não, ele nunca foi o tipo de cara que sonhava em encontrar o amor da sua vida numa esquina, muito menos a primeira vista. Digamos que ele é até um pouco fechado em relação á sentimentos amorosos...