Luana passou toda a sua vida em um dos bairros mais nobres do Rio de Janeiro.
Deco é filho do chefe da maior facção da cidade e herdeiro de seu legado.
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Tinha tudo para ser mais uma história clichê, se não se tratasse da história de Deco e Lua.
2 a...
Dia seguinte - 10:40 AMLuana narrando_Lua! Ei,Lua! Acorda! Abro os olhos com dificuldade, a claridade me incomoda! Olho pra cara do Deco,sentado ao meu lado. Eu estive sonhando com ele na casa da minha mãe, me dizendo que me levaria pra Vila Kennedy junto dele! Era tão real! A maior coincidência é que ele está usando o mesmo boné - preto e com NY bordado em vermelho - e uma blusa preta; assim como no sonho. _O que foi? - ele sorri fraco, tirando os fios de cabelo do meu rosto. Pisco os olhos e me arrasto pra fora da cama,assim que lembro da noite de ontem! A conversa sobre a gravidez da Marcella me vêm como uma onda gigante. Uma onda..."sonhar com onda significa luta,problemas" , disse a Jô quando contei do pesadelo terrível da onda enorme que queria me tragar! - entro no banheiro e tranco a porta; me olho no espelho - "É tiro e queda! ", ela disse.Deco vai ser pai e eu não serei mãe. Realmente esse era o maior problema que já enfrentamos. No meu sonho,ha dias atrás, tentei escapar da onda que vinha crescendo a minha frente e ao me virar percebi que não tinha pra onde correr , assim TB era essa nova situação: Não havia pra onde correr disso, também! Regulei a temperatura da água e entrei no banho; cuidei de toda a minha higiene matinal e assim que acabei de pentear o cabelo,me convenci que deveria ir embora. Sei que seria difícil pro Deco aceitar,mas o pior seria pra mim. Parece que nesses dois anos eu sempre mative a " chama" acesa...e agora, essa nova realidade jogava um balde d'agua ,apagando a fantasia de um "happy end" com ele. O espelho estava ligeiramente embaçado e eu passei a mão nele,para me enxergar melhor. Eu preciso usar esse artificio na minha vida embaçada também; Eu preciso enxergar tudo melhor...ta tudo embaçado! Prendi a toalha em volta do corpo e saí; ele estava sentado na madeira da sacada, no mesmo lugar de ontem , fumando maconha. Olhei pra ele e ele pra mim; me abaicei na mala pra pegar uma roupa e revirei um pouco,buscando coragem pra contar a ele minha decisão. Foda vai ser dizer isso olhando pra aqueles olhos,aquelas covinhas,aquela boca... É, mas tem que ser! Nesse momento ele desceu e veio até a mim. _Vou te levar pra dar um rolé! - eu olhei pro alto, direto pra ele que puxava a fumaça. Lembrei do sonho de hoje. _ Na Vila Kennedy? Ele me olhou confuso, arqueando a sobrancelha como se eu tivesse falado algo absurdo. _Não! - soltou a fumaça pro alto - põe um biquíni e uma roupa por cima que a gente já ta em cima da hora! - virou de costas e voltou pra sacada, olhando o relógio no pulso enquanto caminhava. Sentou de volta e olhou pra minha cara; eu continuava imóvel, tentando processar uma resposta negativa. Não vinha nada._Bora,Pocahontas! Acho que seus biquínis ficam naquela dali,né? - ele apontou pra mala menor. Ele estava correto...bom observador, como sempre. Eu sacudo a cabeça, pq eu não acredito que ele sabe onde guardo os biquínis ;pq não acredito que vamos fazer um passeio fora de comunidades e, principalmente, pq não consigo me convencer a dizer não pra ele - eu quero ir! Nem que seja a nossa despedida! Quando subimos na moto eu finalmente perguntei pra onde íamos. _Surpresa! - ele respondeu rindo,virando pra trás para me dar o primeiro beijo do dia. Paramos de frente ao mesmo local de ontem,onde o mesmo piloto de ontem esperava encostado no mesmo helicóptero. Ele cumprimentou a nós dois e logo subimos. Ele sentou e eu sentei de frente pra ele; ele veio para o meu lado. Colocamos os fones de comunicação e logo em seguida o piloto deu a partida. Quando sobrevoamos o mar aberto,me bateu um pouco de medo - na verdade foi meio que uma crise de pânico; aquele mar todo ali e a gente nessa máquina... Ah, nossa! Eu enfiei a cabeca no pescoço dele, fechando os olhos. Ele riu e acariciou meu cabelo,dando beijos suaves. Poucos minutos depois senti que ele puxava meu cabelo,queria que eu visse algo; olhei meio amedrontada ainda e vi uma ilha linda,verde, surgir! Me estiquei e olhei dessa vez, pelo meu lado da janela; estava encantada! Havia tanta mata verdona que a agua era verde esmeralda, linda!
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