Capítulo XCIV - ZECA

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Andamos por mais alguns corredores quando a Sara disse animada:

- É ela! Ela está no outro corredor!

Sem me controlar, saí correndo, com todos os outros atrás de mim. Se a Sara estivesse mesmo certa, ela estava logo ali e eu precisava tirá-la desse lugar o mais rápido possível.

Virei dois corredores e a encontrei vagando. Ela tinha os cabelos raspados e usava o uniforme do hospital, mas ela não nos reconheceria com as ilusões da Helô confundindo nossa aparência. Por isso, entramos na primeira sala vazia que encontramos – assim que a Sara nos assegurou que ela realmente estava vazia – voltamos a nossa forma normal e a puxamos para dentro assim que ela passou.

- Você está bem! – exclamei, abraçando-a com força. – Você não sabe o quanto eu...

Antes que eu pudesse terminar a frase, ela me empurrou com força, encarando-me com confusão no olhar.

- O que está acontecendo?

- Eu sei que eu prometi que ia sair daqui, mas eu precisei voltar.

- Deixem de conversinha e vamos sair daqui o mais rápido possível – disse o Tonho.

- Não sem antes encontrar o Bruno! – exclamou a Helô.

- Vamos primeiro leva-la com a gente – expliquei. – Vamos logo.

Tentei segurar sua mão, para sairmos logo desse inferno, mas ela puxou sua mão com força e nos olhou com espanto.

Pude notar o que não tinha notado no começo. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo e eu estava começando a ter medo.

- Vamos logo! – exclamei novamente.

- Eu não sei quem são vocês – disse ela, demonstrando medo -, mas se não me deixarem em paz logo, eu juro que chamo os guardas.

*

Não sei como saímos do hospital sem sermos notados, já que a fala da Malu me deixara entorpecido. Eu não conseguia acreditar. Ela não conseguia mais se lembrar quem eu era. Vi todos os meus planos se desfazerem na minha frente e me arrependi amargamente de ter aceitado essa ideia ridícula de invadir o hospital. O que eu estava pensando?

Estávamos sentados em frente a nossa casa, mas nenhuma palavra fora dita nesse meio tempo. O silêncio era o único conforto que eu tinha naquele momento e eu sabia que em breve todos viriam com um papo insuportável para tentar meconsolar. Eu estava me sentindo culpado e com raiva e não precisava de qualquer consolo. Eu precisava aproveitar esse sentimento ruim para acabar com a gente que acabou com a minha vida.

Levantei da calçada num salto e segui em direção a casa, mas o Tonho me segurou pelo braço, impedindo-me de chegar ao meu destino.

- Você precisa se acalmar, Zeca – aconselhou-me. – Você não vai conseguir pensar com toda essa raiva.

- Eu não vou me acalmar! – vociferei. – Eu não quero me acalmar.

Subi para o quarto e fiquei andando de um lado para o outro. Eu precisava pensar em alguma coisa. Eu não podia deixar as coisas como estavam. Eu precisava de um plano para tirar a Malu de lá. E esse era meu objetivo.

- Isso não vai ficar assim – grunhi, com raiva – Não vai mesmo.

FIM

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Chegamos ao fim, minha gente!

Antes que vocês me matem por terminar o livro desse jeito, já vou deixar bem claro que a partir da terça-feira da semana que vem, já começo as postagens do próximo livro.

Vou postar os agradecimentos amanhã, mas já queria adiantar que vocês são os leitores mais incríveis desse planeta. Vocês são fodas!

Beijão e até amanhã

A Terceira Criança - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora