A Terceira Criança - Livro 2

Capítulo LVI - SARA

Notei que naquela manhã a Helô estava diferente. Quer dizer, ela andava diferente há semanas, mas agora ela estava mais diferente. De alguma forma ela parecia triste.

Chamei-a para um rápido passeio. Ela resistiu um pouco, mas acabou cedendo. Ela sempre cedia.

- Você está triste - afirmei, enquanto caminhávamos.

Ela não respondeu. O que significava que, sim, ela realmente estava triste.

- O que está acontecendo? - insisti.

Ela suspirou de forma audível e continuou sem me encarar.

- Você já fez uma coisa da qual se arrependeu tanto, que chega a ter vergonha só de lembrar? - perguntou, olhando para o chão.

- Cruzes, menina! - exclamei, alarmada. – O que você aprontou?

Estávamos passando por um beco que costumávamos passar as tardes nele. Por algum motivo desconhecido, aquele lugar nos deixava à vontade.

- Eu só... - suspirou novamente. – Eu julguei mal uma pessoa.

- Só isso? - tornei, rindo aliviada. – Puxa! Todo mundo julga mal às vezes. Olha só pra mim. Eu fiquei do lado da Malu naquela briga idiota!

- É diferente.

Por algum motivo eu sabia que a Helô estava falando de uma pessoa diferente. Não se tratava de ninguém do nosso grupo, mas achei melhor não pressioná-la. Sentamos no meio-fio e ali permanecemos sentadas.

- Eu sei que você não quer me contar quem é essa pessoa. E eu não me importo de verdade - revelei. – A única coisa que me importa é que você fique bem.

- Ah, Sara! - exclamou, com a voz embargada. – Eu estou me sentindo tão culpada. E tão injusta.

Abracei-a, porque sabia que era disso que ela estava precisando. Ela ficou ali, chorando no meu ombro por tempo suficiente para me fazer pensar que ela devia ter feito uma besteira das grandes.

- O que eu faço agora?

- Acho que primeiramente você deve se desculpar – sugeri.

- E se ele não me desculpar?

- Ele tem esse direito. Nesse caso você deve dar um tempo pra ele e, se mesmo assim, ele não te desculpar, daí você parte pra outra.

Ela concordou e continuou chorando no meu ombro por mais um tempo.

- Aquele lance com o Zeca... eu estava viajando, né?

- Eu não podia te contar – disse, chorosa. – Mas não tem nada a ver. Você sabe que o Zeca só tem olhos pra uma garota.

- Sei.

Ela finalmente parou de chorar e me encarou com um sorriso abobado no rosto.

- Agora que eu te contei um segredo, quero que você me conte um também: quando é que você vai admitir que é caidinha pelo meu irmão?

Sua pergunta me pegou de surpresa. Tanto que eu nem sabia o que dizer.

- Eu? Nada a ver, Helô! Do que você está falando?

Ela caiu na gargalhada e eu me senti muito idiota. Idiota por tê-la consolado enquanto ela estava claramente rindo da minha cara. E mais idiota ainda por saber que no fundo ela tinha razão.

- Admitir é o primeiro passo, Sara - aconselhou-me. – Depois, tudo flui.

- Ah, tá! - exclamei. – Falou a garota que estava chorando desesperada há dois minutos atrás.

Ela me deu um abraço apertado e disse:

- Como sua melhor amiga, vou te dar um conselho: Pare de mentir pra si mesma.

- Tá bom, senhora "Eu-estou-me-sentindo-tão-culpada" - ri. – Vou me lembrar desse conselho.

***************

Finalmente uma das confusões se resolveu. Agora só faltam todas as outras cinquenta!

Dois recadinhos rápidos: Tive que repostar o capítulo LV porque o Wattpad tirou ele do ar, sei lá eu porquê. De qualquer maneira, ele não mudou nada, então ignorem a notificação.

Outra coisa: postei esse capítulo hoje (que não é dia de publicação) para pedir um favorzão pra vocês. A Segunda Geração está participando do concurso The Oscar Literário 2018 na votação popular nas categorias melhor protagonista, melhor personagem secundário e melhor vilão. Vou deixar o link nos comentários e pedir encarecidamente que vocês votem nele. É só ir até o comentário referente a categoria e procurar o comentário da @mavipassos, onde ela indica os personagens e responder o comentário dela com "também indico".

Não vou pedir votos e comentários porque sei que vocês são os melhores leitores e nunca me decepcionam :D

Beijos