Is it love? Viktor - Imerso em sombras

Clã Bartholy

[ Kassandra ]

Tinha mais pessoas, do que eu imaginei. Os originais levaram as famílias ao baile. Ouso dizer, que até mesmo, alguns transformados. Tinham crianças, adolescentes, jovens e até velhos. Quanto tempo um vampiro tinha que viver para começar a exibir cabelos brancos? Eu não queria um pretendente assim.
Meu pai veio para o meu lado, chamando a atenção de todos.
_ É com muita gratidão e esperança que recebo vocês, aqui hoje. Como sabem, estamos sendo caçados. Nosso número diminuiu muito. O deles está aumentando. Essas alianças são a nossa última esperança de salvar a raça. Manter a linhagem pura é garantir a sobrevivência dos vampiros. Eis aqui a minha filha mais nova. Kassandra. Ela vai escolher seu pretendente hoje, para dar sequência a linhagem da nossa família. Declaro iniciado oficialmente o baile. Abram espaço para a valsa.
Todos se afastaram, criando uma grande roda. Meu pai foi comigo ao centro. A primeira valsa era dele.
_ Você cresceu tanto.
_ Você teve duzentos anos para se acostumar.
_ Você é só uma menina. Em outra ocasião, esperaria até seus mil anos, para fazer esse baile.
_ Credo. Eu seria uma tia velha. Quem ia me querer?
_ Você é linda e perfeita. Veja sua mãe. É como você será.
Minha mãe ainda era jovem em aparência. Não revelava sua idade. Só dizia que passou dos mil anos. Se eu completasse um milênio como ela, estaria satisfeita. Meu pai tinha um rosto jovem, mas os fios brancos começaram a aparecer. Se fosse um pretendente como ele, tudo bem. Não podia ser como aquele outro cara. Já bem acabado. Muitos sinais de velhice. Fraco.
Quando a valsa acabou ele me deixou no meio do salão. Por um segundo entrei em pânico. Com medo de ser deixada ali sozinha. Sem nenhum pretendente me tirar para dançar. Mas, logo um homem se aproximou. De aparência era até aceitável.
_ E então, senhorita. Devo acreditar que ainda é pura?
Não pude evitar a gargalhada. Ergui uma sobrancelha irônica. Ao ver a confusão do rapaz, eu respirei fundo e dei o sorriso mais inocente que eu podia.
_ É claro que eu sou pura... Eu sou pura maldade!
Me afastei dele e dei sinal para o próximo vir.
O rapaz se afastou balançando a cabeça. Devia me achar louca.
_ Senhorita?
Outro pretendente mais ou menos. Acho que não podia mesmo, esperar muito.
Ele parecia não saber o que dizer. Bem, eu é que estava avaliando.
_ Você tem filhos?
Ele olhou para as pessoas ao redor.
_ Alguns...
_ Tem mais de mil anos?
_ Sim.
_ Está aqui por vontade ou só por respeito ao meu pai?
_ Pelo seu pai. Com todo respeito. Conheço sua fama de viúva negra. Acho que a maioria conhece.
Ele interrompeu a dança e me deixou no meio do salão. Aquilo realmente me abalou. Eu olhei ao redor e prestei atenção nas pessoas. Olhares de acusação, nojo e recriminação. A maioria no entanto, parecia ignorar o fato. Estavam apenas se divertindo. Eu odiava hipócritas. Então, parei de tentar manter o sorriso e disse...
_ Alguém veio aqui por minha causa e não pelo meu pai? Existe algum pretendente de fato?
Os murmúrios começaram e as pessoas olhavam umas para as outras. Minha mãe parecia envergonhada.
Eu já ia me retirar, quando uma criança veio correndo para o meu lado e grudou na saia do meu vestido. O garotinho sorria. Enquanto eu tentava convencê-lo a me soltar, uma menininha também agarrou minha saia.
_ Onde estão seus pais? Me soltem.
_ Viemos por sua causa, vovó.
_ Vovô já vai chegar.
Eu tinha cara de velha para ser chamada de avó? Que audácia daquelas crianças. Eu nem tive filhos ainda.
_ Vovó é linda. _ disse o garotinho.
_ E forte. _ disse a menina.
Eu nunca tive filhos. Era cuidadosa, sabia me prevenir. Eu mesma colocava a proteção neles, para garantir que nada fugisse do controle. Nunca dormi com eles sem proteção. Nunca engravidei. Como teria netos sem ter filhos? Por mais fofas que aquelas crianças fossem, não tinham nada a ver comigo.
_ Onde estão seus pais?
Olhei ao redor à procura de alguém na multidão. Talvez desesperado por seus filhos fazerem aquilo. Eu não estava com raiva. Só queria que viessem buscá-los.
Meu coração falhou uma batida. Eu arrepiei inteira. A presença daquele homem era tão forte que todos no salão estavam olhando para ele. Era impossível ignorar. Sua aura era irresistível. Forte. Sua energia preenchia todo o salão e não seria exagero dizer que ele era o mais poderoso original. Era tão marcante sua presença que minhas presas queriam sair. Minha garganta ficou seca. E meu controle foi abalado. Ele estava conversando com meu pai. Parecia ter acabado de chegar. O baile era meu. Mas, ele se tornou a atração principal. Quem era aquele original? Porquê ele não era um pretendente? Era uma opção perfeita!... Muito mais do que eu pedi. Ele se virou para mim. Sua capa lhe conferindo um charme especial. Era alto, belo. Magnífico! Com um cabelo preto, caindo pelos ombros. Olhos azuis frios como gelo. A barba bem aparada. Tão sério. Impassível. Parecia tão inalcançável. Ele olhou para as crianças. Pelo visto, a reação não foi recíproca. Me senti um pouco mal com isso. Queria que ele olhasse para mim. Era a melhor opção do baile.