Última chance.

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[ Kassandra ]

      Queria aproveitar aquele fim de semana para resolver as coisas. Eu queria confrontar Andrey. Falar com meu pai sobre meu sogro. Entender como Viktor se sentia com relação ao irmão. E saber qual a maneira mais rápida de acabar com a guerra. Claro, indo até o foco dela. Mas, aquilo já se tornou maior que o mestiço à muito tempo. 

     _ Estamos entre demônios. É o apocalipse!... Só que ao invés de zumbis, tem vampiros. Corram para as colinas.

     As pessoas realmente estavam enlouquecendo. Não os culpava! Se eu ficasse sabendo somente naquele momento que havia outros seres na terra, que tinham como refeição à minha espécie, eu também ia querer exterminá-los. Antes que atacassem o meu clã. E isso era exatamente o que Andrey deve ter pensado ao iniciar aquela confusão. Eliminar uma ameaça. No fundo, humanos, vampiros e lobisomens... Pensavam exatamente igual. Eu poderia facilmente estar no lugar de Andrey. Com uma única diferença... Eu nunca machucaria uma criança. Tinha meus limites. 

      Alguma vez será que ele se colocou no nosso lugar? Ou apenas julgou todos os originais segundo sua própria experiência?... O que eu faria se estivesse no lugar dele?... Ficar com raiva seria inevitável. Talvez eu até quisesse matá-lo. Mas, acho que a pergunta que eu faria e que seria o mais importante para mim... Se ele soubesse de minha existência, teria me aceitado?... Andrey deu a chance de seu pai lhe responder isso ou o matou sem que ele soubesse porquê?...

      _ Ei... Conheço esse rosto. Ela é um deles... Estão andando em plena luz do dia. 

      _ Matem o demônio.

      Acho que no fundo todo mundo primeiro tenta eliminar a ameaça. Sem se perguntar se realmente é necessário. Eu queria fazer por Andrey o que ele não tinha feito pelo meu sogro. Lhe dar uma segunda chance. Uma oportunidade de escolher. Não, por ele. Que eu não tinha a menor empatia. Mas, por Viktor!

      _ Eu não sou um demônio. Talvez eu tenha agido mal esse tempo todo. Mas, ainda há uma chance de acertarmos as coisas. Não precisam ter medo. Não vou lhes fazer mal. 

      _ Até parece. É da sua natureza! Mesmo que não quisesse acabaria fazendo isso. Como naquela parábola sobre o sapo e o escorpião.

      Aquilo me atingiu como um soco na cara. Minha natureza... Será que realmente não dava para evitar alguns traços de personalidade que já nasciam conosco? Será que mais cedo ou mais tarde, acabaríamos fazendo o que juramos nunca fazer, só porquê era da nossa natureza agir daquela maneira?... A natureza de um vampiro era mesmo maligna, cruel e indiferente?

      _ Talvez... Mas, eu posso tentar. Se vocês também quiserem.

      _ E os outros?... Mesmo que haja um pequeno grupo entre vocês que não seja ameaça, a maioria certamente é. Não vou arriscar. É melhor eliminar todos. Já que não dá para saber quem é bom ou não.

      Todos alí naquela praça me olhavam ameaçadoramente. Esse foi o pensamento de Andrey com certeza. Já que não podia saber quais originais se deitavam com humanas, resolveu matar todos. 

      _ Obrigada pela conversa. Foi bem esclarecedora. Agora preciso ir.

      _ Não a deixem fugir.

      Enquanto corriam para o meu lado com estacas de madeira na mão, eu fechei os olhos me concentrando na lembrança de Andrey. Torcendo para dar certo. A atmosfera mudou. Eu respirei aliviada antes de abrir os olhos.

      Estava em frente a uma lareira antiga. Apagada. Ainda era dia. Me virei e para minha surpresa, Andrey não estava sozinho. Thales estava com ele. Por um instante eu fraquejei e pensei em recuar. Mas, por Viktor, eu precisava fazer aquilo.

Is it love? Viktor - Imerso em sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora