[ Kassandra ]
Voltei para casa após deixar o humano naquele quarto. Ainda me sentia mal. Mas, logo me distraí com a sensação ruim que eu tive. Havia algo errado em casa. Eu não via os transformados que estavam fazendo a segurança da casa. Para onde teriam ido? Meus pais saíram?
Ouvi gritos. Eram de arrepiar. Eu saí do carro e corri para dentro. A cena que vi me chocou. Os inimigos estavam ali. Os transformados também. Só que não estavam protegendo meus pais. Pelo contrário... Ajudaram os inimigos a entrarem na casa. E estavam assistindo sem fazer nada. Os mestiços arrancaram o coração dos meus pais. E diante dos meus olhos, queimaram. Eu nem tive tempo para pensar. Usei a velocidade para chegar até meus pais. Segurei neles e nos teletransportei pensando na única pessoa que vinha na minha mente... Viktor!
_ Desculpe. Não sei à quem mais, posso recorrer. Preciso de ajuda.
_ O que houve com meus aliados?
_ Foram traídos por seus transformados. Os mestiços arrancaram o coração deles. Foi por pouco que eu consegui tirá-los de lá.
Viktor se aproximou. Eu sabia que eu não era nada para ele e não tinha motivo para ele me ajudar. Mas, ele era aliado dos meus pais.
_ O que eu faço?
Ele olhava a cena, horrorizado. Ele já passou por algo parecido.
_ Vampiros podem se regenerar completamente. Não importa o que seja arrancado. A única forma de nos matar é fazer o coração parar e queimar nosso corpo. Porquê desse jeito, não tem como as células se regenerar. Viramos pó. Ainda dá para salvá-los. Vai ser uma recuperação lenta e dolorosa. Pelo que você falou, não está segura na sua casa. Fiquem aqui por enquanto.
Eu olhei todos ao redor.
_ Você confia neles?
_ Sim.
Eu estava tão desesperada. Não tinha forças para discutir. Só queria que aquele pesadelo acabasse.
_ Eu preciso voltar. Não vou perdoar os traidores. Só quero que cuide deles.
_ Eu vou. Mas, não é seguro...
_ Agradeço a preocupação. Mas, nada me fará mudar de ideia.
_ Eu vou com você. _ disse uma garota de cabelo rosa.
_ Como vou confiar em você?
_ Você não tem escolha. _ ela disse.
Outras garotas se aproximaram. Percebi que os rapazes iam protestar. Mas, eu realmente precisava de ajuda.
_ dêem as mãos.
Eu segurei na mão da garota de cabelo rosa e nos teletransportei para minha casa.
_ Voltou rápido. Aonde foi?
_ Você vai pagar caro por isso.
_ Não adianta se esconder. Nós vamos procurar todos os originais.
_ E eu vou caçar todos os mestiços e traidores. _ afirmei.
Os transformados que deviam ser leais à nós, abaixaram a cabeça.
_ Só queria entender porquê...
_ Se o original que nos criou morrer, nós voltamos a ser humanos.
Fiquei tão chocada, que me distraí. Não percebi o ataque. Um grito estridente e doloroso aos ouvidos, me deixou alerta de novo.
Os inimigos caíram ao chão. A garota de cabelo rosa entrou na minha frente.
_ Não é hora para isso. _ ela disse. _ Tem que impor respeito.
Ela começou a cantar. E como se fosse uma sereia, sua voz teve efeito sobre os inimigos. Fazendo eles começarem a ficar sonolentos. A garota de cabelo verde fez o ar ao nosso redor se condensar. Ela parecia estar bloqueando, para o ar não entrar no pulmão dos inimigos. Eles estavam sufocando. A ruiva tinha os olhos brilhantes. Encarava eles séria. Logo vi que os transformados começaram a lutar contra os mestiços. A loira fez com que o chão se tornasse areia movediça. Eles afundaram até a cintura e ela tornou o chão firme de novo.
Depois olharam para mim.
_ Eles fizeram aquilo com seus pais. O que quer fazer?_ indagou a ruiva.
Talvez Viktor realmente tivesse um grupo confiável. Eram bem diferentes...
_ Vou usar o sangue para curar meus pais e a força vital para ajudá-los a se recuperar.
Ergui a mão esquerda e usei meu dom para recolher sua força de vida. Que assumiu a forma de uma esfera luminosa na palma da minha mão. Depois ergui a mão direita e fiz o sangue deles ser drenado totalmente, para as jarras de porcelana que haviam na sala. Secos e murchos...
_ Podem dar um fim neles...
A loira os trouxe de volta à superfície. Elas usaram o punhal no coração deles. E depois colocaram fogo.
Elas recolheram as jarras e se aproximaram. Nós observamos eles queimarem até o fim. E então, nos levei de volta até o apartamento de Viktor.
Os rapazes estavam agitados. Andando de um lado para o outro.
Eu fui até meus pais. Ergui a esfera e dividi a energia vital entre os dois. Depois peguei uma jarra e fiz o sangue derramar sobre a ferida. Elas ajudaram com as outras jarras.
_ Vai levar um tempo. Mas, vão ficar bem. Obrigada meninas.
_ Nós vamos te proteger. _ disse a ruiva.
Eu não entendia porquê os gêmeos me chamaram de vovó. Ou porquê os transformados de Viktor queriam me proteger. Naquela hora, não importava. Eu precisava de ajuda.
_ Que bom que voltaram a salvo!
Um rapaz de cabelo azul abraçou a garota de cabelo rosa.
_ Estou bem, Peter. Já lutei antes.
_ Eu sei princesa. Mas, eu sempre vou me preocupar com você, Lorie.
Um rapaz de cabelo castanho comprido, abraçou a ruiva.
_ Você é muito impulsiva. Devia deixar eu ir.
_ Eu sei me cuidar, meu anjo. Confia em mim.
Um rapaz loiro apenas abraçou e beijou a garota de cabelo verde. Como se estivesse há séculos sem vê-la.
Um rapaz de cabelo castanho curto, apenas sorriu para a garota loira.
_ Como foi? Aposto que deu o que eles mereciam.
_ Pode apostar.
Ela piscou para ele e se beijaram.
Pelo visto, Viktor costumava transformar casais. Ele sem dúvidas era diferente de tudo que eu sabia sobre originais.
_ Vamos levar seus pais ao quarto de hóspedes.
_ Não quero ser inconveniente. Já posso voltar. Agradeço toda a ajuda que deram. Vocês nem me conhecem. Não tinham porquê ajudar.
_ Seus pais são meus aliados. Eles ajudaram a salvar meus filhos. Isso é uma retribuição nossa.
Eu olhei para todos.
_ Os mestiços disseram aos transformados de meus pais, que voltariam a ser humanos caso o original que os criou morresse. Isso é verdade?_ tive que perguntar.
Viktor ergueu a sobrancelha, surpreso.
_ Então, é assim que os convence a mudar de lado? _ ele deu risada. _ Ser vampiro não é um test-drive que você para quando cansa. Não há forma de voltar ao que era. A mudança é permanente. Por isso, os transformados traidores continuam com os mestiços.
Respirei aliviada. Isso era verdade. Tantos originais morreram e não se ouviu falar de transformados voltarem ao normal.
_ Obrigada senhor Viktor. Agora preciso voltar. Meninas me ajudem com as jarras.
Olhei para Viktor uma última vez. Como ele parecia invencível. O tipo que você pode se apoiar sem medo. Era realmente o melhor partido. Pena que não tinha interesse em uma família biológica. Se bem, que eu não podia arriscar que aquela maldição o afetasse de alguma forma.
Voltei ao meu lar com as garotas. Elas ajudaram a guardar as jarras e levar meus pais ao quarto. Também ajudaram a dar fim nos corpos. Depois eu criei um escudo de proteção em torno da propriedade. Não queria surpresas desagradáveis de novo.
_ Chame se precisar de ajuda. _ disse a ruiva.
_ Obrigada. Espero que nunca se juntem aos inimigos.
_ Não somos idiotas. Não há motivos para ser desleal ao Viktor. Ele é nosso pai. Sempre vai ser. E merece ser amado incondicionalmente. _ disse a garota de cabelo rosa.
_ Não se preocupe. Ele deve ser ainda mais difícil que os filhos. Mas, você consegue. Tem nosso apoio. _ disse a garota de cabelo verde.
_ É estranho te chamar de mãe. Vou precisar de tempo para acostumar. Você parece uma irmã. _ disse a loira.
_ Eu tenho duzentos e trinta anos. _ respondi. Corada. _ Não terá que me chamar de mãe. Não é porquê sou original que preciso ficar com ele.
Elas perceberam meu interesse nele?... Era tão visível assim? Será que ele percebeu também? Que vergonha.
_ Eu sou a Lívia. _ disse a ruiva.
_ Eu sou a Lorie. _ disse a de cabelo rosa.
_ Eu sou a Luísa. _ disse a de cabelo verde.
_ Eu sou a Sabrina. _ disse a Loira. _ Ainda temos tempo para decidir como vamos nos chamar. O que importa é a gente ir se conhecendo. Se precisar nos chama, Kassandra.
_ Você tem duzentos e trinta? Que vovó conservada hein?_ Lorie brincou.
_ Lorie. Você também não é nova. _ disse Lívia.
_ Ainda não completei um século. Quantos séculos será que o Viktor tem? Será que já é milenar?
Eu também queria saber. Em aparência era jovem. Mas, eu sabia que era bem antigo. Um pouco menos que os meus pais. Já que eles o treinaram e ajudaram a controlar seus dons. Quando ainda era bem novinho.
_ Para vampiros, minha idade é de uma jovem. Bem nova. _ eu disse. _ Não sou vovó, nem mãe de ninguém. Ainda não tenho família.
_ Mas, vai ganhar esse tanto de filhos e netos depois que casar com o Viktor. _ disse Luísa.
Fiquei corada de novo.
_ Eu confesso. Já que vocês perceberam. Ele é um homem muito atraente. Seria um bom partido. Mas, eu não posso ficar com ele.
_ Porquê não?_ quis saber Sabrina.
_ Eu tenho meus motivos... Eu não posso me envolver com vampiros.
O silêncio invadiu o ambiente. Elas se encararam confusas.
_ Está tudo bem, meninas. Eu vou chamar se precisar de ajuda. Agora deixa eu levar vocês de volta.
_ Adorei esse negócio de sumir aqui e aparecer lá. _ disse Lorie.
Eu dei risada. Elas não pareciam más. Pelo contrário. Eram boas garotas. Que pareciam verdadeiramente leais à Viktor.
Eles estavam esperando que elas voltassem. Vi o alívio no rosto deles.
_ Estão entregues.
_ Preciso falar com você.
Viktor tinha autoridade na voz. Daquele tipo que você obedece antes de perceber o que está fazendo.
Segui ele até o escritório do apartamento. Era um homem de negócios até em casa.
_ Você está em perigo. Não é o momento para ser orgulhosa. Eu sei que é uma original. Mas, não custa nada aceitar ajuda dos transformados. Meus filhos são confiáveis.
_ Eu já aceitei ajuda. Suas garotas são fortes.
Ele sorriu todo orgulhoso.
_ Meu clã é o melhor. Sem dúvida.
_ Vocês já retribuíram aos meus pais. Agora deixa comigo.
_ Você tem uma visão muito utópica da vida. Acha que pode confiar em humanos, lobisomens e bruxas. Isso coloca sua família em risco.
_ Não quero brigar com você. Sei que tem motivos para odiá-los. Eu não tenho. Só estou odiando mestiços e traidores. Esses, faço questão de matar um por um.
_ Você nunca esteve em uma batalha de verdade.
_ Eu fui protegida, mas isso não me torna fraca.
Ficamos nos encarando um tempo. Fomos interrompidos quando a porta do escritório abriu e o casal de gêmeos entrou.
_ Desculpe interromper. Eles querem falar com a avó.
_ Tudo bem, Nicolae. Entrem. _ Viktor autorizou.
As crianças correram até mim.
_ vovó, seu escudo não é suficiente. Você precisa de ajuda lá no seu trabalho.
A menina disse, agarrada na minha perna.
_ Preciso de um escudo no meu trabalho?
_ Eles vão machucar a senhora.
O garotinho estava agitado.
Eu me abaixei e abracei os dois.
_ Vocês me acham fraca, como seu avô. Mas, eu sei me cuidar. Vou ficar bem.
_ promete?_ ele perguntou levantando o dedinho.
Eu cruzei meu dedo no dele.
_ Prometo.
Abracei de novo aquelas crianças fofas.
_ Agora eu preciso ir. Obrigada por tudo.
Me afastei. As crianças deram tchau. Eu assenei para elas e voltei para casa.
Eu podia entender que estivessem oferecendo ajuda, por meus pais serem aliados. Que tenham percebido meu interesse no Viktor. Mas, era muito estranho aquelas crianças dizendo coisas tão pesadas. Eles já viram alguém se machucar? Aonde estavam os pais que não evitavam que eles fossem expostos a isso? Eu fui tão protegida por meus pais, que pensava que todos eram assim. Havia algo estranho com aquelas crianças.
Fui até o quarto dos meus pais. Derramei mais sangue na ferida. Fiquei observando a recuperação lenta. Eu não deixaria isso acontecer de novo. Queriam guerra com o meu clã. Conseguiram. Era minha vez de caçar!
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Is it love? Viktor - Imerso em sombras
FanfictionApós os acontecimentos das histórias anteriores, todos se reúnem para salvar Viktor. Os gêmeos Tomás e Cristina tiveram uma visão do futuro, em que o avô corria perigo ao se encontrar com uma original. Kassandra. Nessa história vamos acompanhar, com...