Proteção

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[ Viktor ]
 
    Como era teimosa. E ingênua. Quando percebesse o perigo dos lobisomens, bruxas e humanos, seria tarde. Mas, se ela queria insistir em tratar todos igualmente, era problema dela. Eu apenas ia proteger meus aliados. Seus pais. Estremecia ao lembrar do buraco em seus peitos. Parecia reviver o pesadelo de ver fazerem o mesmo com meus pais. Não dava para baixar a guarda. Eu ergui os braços e criei um escudo em torno do prédio.
     _ Quer que a gente fique vigiando ela?
    _ Não. Deixe que ela se vire sozinha.
    _ Não está preocupado?
    _ Só me preocupo com vocês. E com os pais dela, que são aliados. Eu mal conheço ela.
    _ Mas, é a sua garota.
    _ Nicolae vá levar os gêmeos para dormir.
    Ele deu um sorrisinho e segurou a mãozinha dos filhos.
    _ Vamos deixar o vovô pensar na vovó.
    Esperei eles saírem e sentei na cadeira. Precisava mesmo analisar a situação.
    Eu evitei usar meu dom. Tinha medo de confirmar que ela era mesmo a garota certa. Não queria que fosse. Precisava de uma garota forte e realista. Leal aos vampiros. Que não tivesse compaixão com inimigos. E não pensasse na possibilidade de um acordo entre raças sobrenaturais. Ela não servia.
    Eu precisava ajudar meus aliados. Pais dela. Era o único motivo para manter contato. Eu não ia me preocupar com ela. Não importa o que meus netos diziam.
     Meus filhos sempre seriam prioridade. Era melhor eles ficarem próximos à mim. Eu poderia protegê-los.
     Foi um dia complicado. Era melhor descansar e deixar que o novo dia, trouxesse alívio.
    Saí do escritório.  Eles estavam se ajeitando na sala.
    _ Ainda não conseguiram apartamentos nesse prédio?
    _ Está nos expulsando?_ brincou Lucas.
    _ Não. Eu só não quero que fiquem desconfortáveis.
    Eles deram risada.
    _ Esse tapete é muito macio. _ disse Mateus.
    _ Só não tem privacidade. Mas, a gente aguenta uns dias de abstinência.
    _ Drogo!...
    _ Estou mentindo?... Não se preocupe Luísa, amanhã a gente aluga um apartamento.
    _ Você que está preocupado.
    _ Não é o único. _ disse Ralph.
    _ Eu também não tenho privacidade.
    Antes não tivesse dito isso. Todos olharam para mim e logo as piadinhas começaram...
    _ Queria flertar com a Kassandra?_ disse Julius.
    _ Nem pôde convidar ela para dormir aqui. _ disse Mateus.
    _ Ele chamou. Usando os pais como desculpa. Ela que não quis. _ disse Alexandre.
   _ Ela confessou que acha ele atraente. Disse que é um bom partido, mas que não pode ficar com vampiros. _ disse Lorie.
   _ Porquê não?_ quis saber Peter.
   _ Ela não disse. Mas, tinha uma expressão muito triste.
   Agora eu estava curioso. Qual seria o problema dela? Saber que me achava atraente fez bem para meu ego. Apesar de estar acostumado com toda atenção voltada à mim. Nunca precisei pedir por carinho. Sempre veio fácil.
     _ gostou dela, Viktor?_ quis saber Bianca.
     _ É uma bela vampira, porém muito imatura. Não é do tipo que eu escolheria para ser minha esposa.
    _ Nenhuma serve para você. Vai fazer mais de mil anos, solteirão. _ brincou Julia.
    _ Temos coisas mais importantes para nos preocupar, do que minha intimidade. Tratem de arrumar apartamentos amanhã.
    Fui para meu quarto. Ainda ouvia as piadinhas deles...
     Ela me achava um bom partido. Atraente. Aquilo me deixou mais alegre do que eu queria admitir! A opinião dela era importante. Caramba. Não podia ser afetado por ela. Melhor ignorar e pensar outra coisa. Quer dizer... Era melhor dormir.

*****

   Eu fui para a empresa com meus filhos. Pareciam seguranças. Ignorei os olhares e entrei com eles no elevador.
    _ Meninas primeiro. Vou levá-las para a creche.
    Esperei elas entrarem com as crianças.
    _ Para quê um prédio tão alto? _ quis saber Julia.
    _ Se você quer respeito, tenha poder! E deixe isso claro.
    _ Em outras palavras, está ostentando. _ disse Lorie.
    O elevador parou no vigésimo andar e nós fomos até a entrada da creche.
    _ Aqui ficam os filhos das funcionárias... Rebeca, essas são as novas funcionárias desse setor e essas crianças estão sob a responsabilidade exclusiva delas. _ avisei para a gerente do setor.
     Notei que ela olhava com desdém para minhas filhas. Era perceptível o ciúme. Só porquê eu levei elas pessoalmente.
     _ Qualquer coisa, estou no último andar.
     Eu abracei cada um dos meus netos. Minhas preciosidades. Todos eles eram fruto de um grupo forte e unido, que levei séculos para montar. Eram minha esperança da sobrevivência de nossa raça.
     Abracei minhas filhas e saí dalí.
     Meus filhos aguardavam no primeiro andar. Entraram no elevador e apertei o botão do último andar.
    _ O problema são as crianças. Precisamos proteger eles de qualquer jeito. _ disse Julius.
    Continuavam com a conversa que tinham, antes de eu chegar.
    _ Eu não me preocupo tanto porquê não ouvi nada dos gêmeos. Eles vão avisar, caso corram perigo. _ disse Nicolae.
    _ Eles são impressionantes, mas ainda são crianças. _ disse Ralph.
    _ Crianças vampiras. _ disse Alexandre. _ Os gêmeos aprenderam a se proteger. Mas, devemos perguntar a quem foi uma criança vampira...
     Todos olharam para mim.
     Respirei fundo e cruzei os braços.
     _ Eu também me preocupo com eles. São melhores do que eu. São gênios. Na idade deles eu não conseguia ter controle sobre meus dons. Eles tem um domínio impressionante. São fortes. Não os subestime por serem crianças. Eles vão proteger os outros. Já viram isso na premonição. E eu já os ensinei o que precisavam saber.
     Eles olharam para Nicolae.
     _ Seus filhos vão cuidar dos nossos!_ disse Ralph. _ Agora vejo que tudo teve uma razão para acontecer.
     _ Há uma razão para estarmos aqui, protegendo Viktor e Kassandra. Quem sabe a importância que seus filhos terão... _ disse Alexandre.
    _ Eu nem estou com ela. _ eu disse.
    _ Mas, vai ficar. _ eles disseram.
    Os gêmeos já avisaram. Não podia negar. Por mais que eu não aprovasse ela, infelizmente era algo destinado a acontecer. Um dia eu teria que encarar isso.
     Chegamos no último andar. Mia como sempre estava em sua mesa. Se levantou ao nos ver.
     _ Eles vão ficar aqui. Encontre algum trabalho para eles.
     _ Sim, senhor!... Me acompanhem.
    Eles foram com ela e eu fui para meu escritório. Eu queria me concentrar no trabalho, mas não conseguia parar de pensar nos Lefevre. Restituir um coração era algo complexo e demorado. Foi por pouco que eles foram salvos. Era melhor vigiar eles. Os gêmeos já avisaram que o escudo não era o suficiente para impedir os inimigos. Uma visita faria bem.

Is it love? Viktor - Imerso em sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora