[ Kassandra ]
Algo estava errado!... Não era possível. Já fazia três dias que ninguém tinha notícias de Viktor. Só eu estava sentindo a falta dele?... Todo mundo parecia estar tranquilo de mais, achando que ele teve que resolver algum contra-tempo em uma das filiais de sua empresa, em outra cidade. Seus filhos estavam acostumados a passar longos períodos sem vê-lo. Nem mesmo Mia, estava tão alarmada assim. Segundo ela, ele já havia sumido algumas vezes sem avisar. Uma delas, quando foi resgatar Lívia de um porão. No qual o próprio Nicolae a estava mantendo cativa. sério! Ela devia amá-lo muito. Perdoou cada coisa que ele fez, que se fosse comigo eu teria matado ele sem hesitar! Todo mundo dizia para eu ter calma, que ele provavelmente ia voltar logo e dizer que foi algo urgente e que não deu tempo de alertar ninguém. O problema é que ele sumiu logo depois que discutimos. Então, eu estava me sentindo mal. Culpada. E inconscientemente eu me perguntava se o motivo desse sumiço, não seria para esfriar a cabeça e por estar um pouco constrangido pela maneira rude com que entrou na minha sala e gritou comigo. Claro que era uma ideia absurda. Desde quando ele se abalaria com isso? O fato é que ninguém sabia onde ele estava e por quê sumiu. Nem quando ia voltar. E no entanto, não pareciam nem um pouco preocupados. Eu devia estar paranóica. Ou só... Me sentindo culpada mesmo.
Fato é que eu precisava esquecer um pouco esse assunto e me concentrar em outra coisa. Se eu conseguiria controlar o meu dom da morte. Eu precisaria testar em alguém. Não iria arriscar de acontecer algo com Viktor. E no momento eu estava colocando a culpa pelo sumiço de Viktor em mim e no novato. Por mais irracional e injusto que fosse. Então, naquele momento eu não me importaria nem um pouco se o novato fosse minha cobaia. Isso não tinha nada a ver com uma curiosidade com relação aos lobisomens. Imagina! Felícia continuava tentando chamar a atenção dele, porém, ele não parecia muito interessado. Isso seria indicio de que ele não ficava com humanas?... Seria muito feio se eu tomasse a iniciativa?...
_ Erika, Chame o novato, por favor!
_ Sim, senhora.
A secretária devia estar pensando que ele era um péssimo funcionário. Devido as várias vezes que eu já o chamei na minha sala.
Quando ele entrou, estava todo animadinho.
_ Pois não, chefe?... Assuntos de trabalho ou de sobrenaturais?
_ Sobrenaturais...
_ Se quiser podemos marcar em outro lugar. Onde ninguém vai interromper. Assim, você pode tomar meu sangue à vontade.
Eu o encarei desconfiada.
_ A primeira vez foi por gratidão, pela oportunidade de emprego. Mas, por quê me daria seu sangue de bom grado, pela segunda vez?
Ele se inclinou sobre a mesa e piscou.
_ Por que foi bom. Eu gostei!
_ Meu pai me disse que ninguém em nosso meio faz algo sem esperar algo em troca.
_ Seu pai é muito sábio!...
_ Fale a verdade. O que você quer em troca?
Será que eu conseguiria o que eu queria sem precisar tomar a iniciativa? Seria ótimo se a ideia partisse dele.
_ Que vocês não me tratem diferente só por que sou lobisomem. Quero que me garanta que seu pai e seu irmão não vão me atacar de repente sem motivo algum, por eu ser de uma raça diferente.
_ Isso já foi garantido quando você chegou. Eu lhe disse que se você pisar na bola eu mesma vou dar um jeito em você. Até lá, você tem nosso voto de confiança.
_ Certo. Mas, a outra coisa que eu quero você não vai considerar.
Eu dei um sorriso irônico.
_ E o que seria?
Ele deu um sorriso maldoso.
_ Ultrapassar os limites do profissionalismo, morceguinha.
Aí estava o ponto no qual eu queria chegar. Revirei os olhos, fingindo estar ofendida com o que ele disse. Porém, não respondi.
_ Onde iremos para eu te dar o meu sangue? Tem que ser em um lugar onde não seremos interrompidos. Conheço um lugar onde os sobrenaturais frequentam.
_ É discreto e não tem ninguém daqui da empresa?
_ Garanto que não.
_ Então, tudo bem.
_ só não vá se assustar com o local. É um tanto bizarro.
Eu nem me importava com o local. Só precisava testar o controle de meu dom. E tinha que ser um local fácil de escapar. se algo desse errado e ele morresse, eu teria que fugir sem ser apanhada pelos sobrenaturais do local. Seria possível matar um lobisomem sem ser com prata?
_ Nesse local, que tipo de sobrenaturais frequentam?
_ todo tipo. Mas, não se preocupe. Eles não estão interessados em confusão.
Eu nunca tive problema com raças diferentes. Apesar de meus pais alertarem para eu não tratar todos da mesma forma, eu sempre tratei.
_ Tudo bem. Vamos quando todos saírem.
Ele continuou olhando para mim.
_ O que foi?
_ Ainda não disse se vai me dar o que eu quero em troca.
Eu encarei ele e ergui a sobrancelha de forma irônica.
Ele deu uma risadinha e se retirou.
Tudo já estava em ordem na empresa. A polícia tinha encerrado o inquérito sobre o que aconteceu alí, por falta de provas e não ter nenhum suspeito. Tudo voltou ao normal. Eu resolvi telefonar uma última vez para Mia. Ela atendeu no segundo toque.
_ Oi, ainda não temos notícias dele.
_ Eu não consigo me teleportar para onde ele está. Estou realmente preocupada.
_ Não há nada que possamos fazer no momento. Só podemos aguardar que ele resolva nos telefonar. Ou enviar alguma mensagem mental. Se ele não quer ser encontrado, então, é melhor deixar como está.
_ E se ele não consegue se comunicar. Se aconteceu alguma coisa com ele?
_ Nós saberíamos. Não se preocupe. Está tudo bem.
_ De onde vem essa certeza?... Como podem saber que não aconteceu nada?
_ Você está se preocupando à toa! Eu aviso se algo mudar. Boa noite.
Simples assim. A ligação foi encerrada. Assim como o horário de expediente da empresa.******
O local que ele escolheu era realmente bizarro. Com aquela decoração grotesca. Caveiras pretas com pedras vermelhas nos olhos. Caixões para se sentar. Lápides como cardápios. Sério. Parecia que eu estava entrando diretamente no inferno. Aliás até o nome do lugar remetia à isso... "Kiss Hell". Ele realmente queria estragar qualquer clima que pudesse aparecer.
_ Vamos lá para cima. Menos barulho, mais privacidade.
_ Você não está aprontando nada não, né?
Ele deu uma risadinha e segurou minha mão.
_ Só vem!
Eu o segui. Por que o intuito era testar o meu dom. Nada mais.
No segundo andar havia vários quartos, mal iluminados. Era realmente bem discreto. Pelo menos a cama tinha um formato normal. Ele se sentou na cama e olhou para as velas...
_ Precisa de alguma luz?
Eu dei risada.
_ Sou uma vampira. Enxergo bem no escuro.
_ Ótimo. Porquê eu também enxergo.
Ele apagou todas as velas do local. Deixando o ambiente na penumbra total. Isso aguçava mais os sentidos. Sentei na cama em frente à ele.
_ Ninguém vai interromper. Vamos continuar da onde paramos.
Eu segurei a nuca dele e mordi o seu pescoço sem hesitar. Ele abraçou forte a minha cintura. Muito forte. Ficou deslizando as mãos pelas minhas costas. Sua respiração estava alterada. Como da primeira vez. E como daquela vez, eu não senti nada! Só a satisfação da sede.
Quando me afastei lambendo os lábios, ele me olhou estreitando os olhos. E sem hesitar, ele segurou minha nuca e puxou minha cabeça em sua direção para me beijar. De um jeito bruto, selvagem. Era ótimo não precisar tomar a iniciativa. Qualquer coisa eu podia falar que ele me atacou... Ninguém precisava saber que eu o usei como cobaia!
_ Ei... O que está fazendo?_ eu disse só para disfarçar.
_ Pegando minha recompensa por te dar meu sangue.
Ele me jogou na cama e se deitou em cima de mim.
_ Vai me dizer que não quer?... Nem um pouquinho? Eu não tenho um charme selvagem? Você disse. Você gosta não é?
Eu não disse nada. Ele tirou a camisa, exibindo aquele tórax bem trabalhado e perfeito. Aquela pele morena, maravilhosa. Sim, os lobisomens eram charmosos. Mas, não tanto quanto os vampiros. Quando a lembrança de Viktor ameaçou dominar meus pensamentos eu a afastei. Não conseguiria seguir em frente se pensasse nele. E eu precisava testar. "É a última vez que eu me deito com um cara que não é vampiro. Da próxima vez será com Viktor".
Eu estava prestando muita atenção em como o meu dom se manifestava, enquanto ele terminava de se despir. Ainda nada.
Seus braços eram fortes como troncos de árvores. Ele não era delicado. Nem um pouco. Se eu não o parasse um pouco não conseguiria colocar a proteção nele. E eu não arriscaria ter um filho dele.
_ Espere!...
_ O que foi?
_ Falta uma coisa.
Eu retirei da minha bolsa e ele ficou me encarando.
_ Você planejava passar a noite comigo?
_ Não. Eu sempre carrego comigo algumas proteções.
_ Ah, sua danadinha. Vem logo. Eu não vou parar de novo.
Os humanos com quem me deitei foram sempre gentis. Eu não estava acostumada com aquele jeito bruto e selvagem. Ele era atraente. Lobisomens eram realmente um espetáculo. No entanto, eu estava mais preocupada com meu dom. E percebi que ele só começou a se manifestar quando Thales, entrou em mim. Minha energia o rodeou. E foi se direcionando até o seu coração. Agradeci pelo treinamento com Lorie. Ela realmente controlava a energia como bem entendia. E agora eu também conseguia. Me concentrei em minha energia e a fiz recuar. Estava tão preocupada em controlar ela, que nem pude me concentrar nele.
_ Está tudo bem?_ ele perguntou.
_ Sim.
Arranhei as costas dele, que se arrepiou todo.
Escutei meu celular vibrar na minha bolsa. Na hora imaginei que poderia ser Mia. E a única coisa que eu queria era que Thales terminasse logo. É... Em outra situação eu até poderia ter aproveitado. Mas, naquele momento... Eu não estava curtindo muito.
Quando ele finalmente se afastou, eu me sentei na cama e peguei meu telefone.
_ Está esperando ligação?
_ Sim. Desculpe.
_ Tudo bem. A gente se vê na empresa.
Ele me beijou, antes de se vestir. Eu também coloquei minhas roupas. Enquanto ele colocava as luvas eu pensei ter visto alguns traços em sua mão. Como se ele tivesse uma tatuagem. Logo porém ele cobriu e eu não pude conferir. No escuro, era difícil dizer. O que um lobisomem tatuaria?
Saímos de lá, juntos. Ele foi caminhando até sua moto, sorridente. Prova de que meu dom podia ser controlado. E eu não precisava mais me preocupar com machucar Viktor sem querer. Eu fui até o meu carro e retornei a ligação.
_Boa noite, Kassandra. Você precisa vir aqui.
_ O que aconteceu?
_ Ele voltou! Mas, não parece ele! Você tinha razão. Tem alguma coisa errada.
Me arrepiei inteira quando Mia disse isso. Se algo tivesse acontecido com ele por minha culpa eu jamais me perdoaria.
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Is it love? Viktor - Imerso em sombras
FanfictionApós os acontecimentos das histórias anteriores, todos se reúnem para salvar Viktor. Os gêmeos Tomás e Cristina tiveram uma visão do futuro, em que o avô corria perigo ao se encontrar com uma original. Kassandra. Nessa história vamos acompanhar, com...