[ Kassandra ]
Eu tinha dificuldade em levantar da cama. Ouvi vozes. Sabia que as garotas estavam na casa. Estavam se despedindo. O que será que as trouxe? Outro ataque? Eu precisava ver. Mas, estava difícil me levantar.
Quando finalmente cheguei na sala, me arrastando. Viktor já tinha fechado a porta. Me olhou surpreso.
_ O que faz aqui? Estava espionando?
_ Não preciso disso para escutar a conversa. Vocês estavam se despedindo quando acordei. Eu vim cumprimentar elas.
_ Você ainda não está recuperada. Não devia sair por aí.
Eu estava patética, agarrada a parede para me apoiar. O cabelo bagunçado. Com uma ferida no peito. Meu coração batia lento. Esse que é o ponto fraco dos vampiros. O órgão mais sensível.
_ Eu vou ficar bem. Diferente do que pensa a meu respeito, eu não sou inútil e fraca.
_ Ah, não? Então, porquê está nessas condições e dependendo de um estranho?
Eu cheguei a considerar ele um bom partido? Devia estar louca. Grosseiro e mal educado!
Vi ele erguer a sobrancelha.
_ Meus pais já foram. Vou voltar para casa agora. Não vou incomodar o estranho com minha insignificância.
_ Eu não disse para sair.
_ Você não manda em mim. Não sou uma de suas filhas. E não tenho que aguentar suas ofenças. Eu nunca te pedi para ir ao baile e dançar comigo. Você foi porquê quis. Sinto muito se isso te tornou um alvo. Pode fingir que não me conhece. E se preocupar com seu clã. Que do meu eu cuido!
_ Seus pais te deixaram sob minha responsabilidade.
_ Não quero saber! Eu vou...
Tudo girou de repente e eu caí no chão. Talvez fosse cedo para me virar sozinha. Por mais humilhante que fosse, eu precisava mesmo dele.
Senti quando me pegou no colo. Escondi o rosto e não disse nada. Ele me colocou na cama. Sem dizer nada ele me deu uma taça com sangue. Me senti um pouco melhor.
_ Não importa o que penso sobre você! Seus pais são meus aliados e deixaram você sob a minha responsabilidade. Vou garantir que fique bem. Depois você vai embora!
_ Porquê você foi ao baile? Você sabia dos caçadores! Devia imaginar que se tornaria um alvo.
Ele suspirou irritado.
_ Seus pais são meus aliados. Não me faça repetir isso de novo.
Eu olhei para o teto.
_ Claro! Nenhum vampiro ali realmente foi por que queria me conhecer. Quem iria querer conhecer a viúva negra? Todos foram por causa da aliança com meus pais. Você se arriscou por eles!
Me senti cansada. Meus olhos pesaram e de novo adormeci.
******
[ Viktor ]
Viúva negra... O que ela quis dizer com isso? Pensei em verificar sua mente. Porém, quanto mais eu me preocupasse, mais me ligaria a ela. Era melhor não render assunto. Não tinha como não perceber que algo no baile a deixou magoada. Eu realmente fiz bem em ir? Era mesmo necessário conhecê-la? A impressão que eu tinha é de que teria sido melhor ficar em casa. No entanto, meus netos disseram que se eu não fosse, meus aliados iriam morrer. Tive medo que fosse meus filhos e parecia que se tratava dos pais de Kassandra. Eu salvei a vida deles. Talvez, até ela já não estivesse mais alí, se eu não fosse ao baile. Minha vida estava entrelaçada aquela família há muitos séculos. Desde quando meus pais ainda estavam vivos!...
***********
Antes de sair para o trabalho eu fui até o quarto de hóspedes. Verificar como ela estava. Sua testa suava. Ela parecia agitada, como se tivesse um sonho ruim. Invadi seus pensamentos sem hesitar. Era comigo que ela sonhava. Ou melhor, seria um pesadelo?... Eu estava deitado na cama. Ela me sacudia assustada e gritando... "Não morra! Você não! Essa maldição não pode te atingir"... Eu continuei observando seu pesadelo. Ela chorava me balançando. " Desculpe. Eu deveria ter me afastado"... Eu me afastei dela. Seja lá do que se tratava, eu estava começando a achar que sua presença em minha vida era mais perigosa do que eu pensava. Havia algo de errado com ela.
Mia como sempre já estava na empresa quando eu cheguei.
_ Não houve nenhum registro de ataque dos mestiços. No entanto, chegou um convite para você.
Eu reconheci o brasão do clã Roux. Era o mais antigo entre os originais. Todos respeitavam eles como líderes por direito devido a sua idade.
_O quê os velhos querem?
_ Não disseram. Vão reunir todos os líderes dos clãs de vampiros originais.
_ E mais uma vez chamar a atenção dos mestiços. Parece que nunca aprendem. Deixe isso entre nós. Não quero colocar meus filhos em risco. Você também não deve se envolver! Se os mestiços atacarem, não terei tempo de me preocupar com cada um de vocês.
_ Sim, senhor! Não vamos nos intrometer. Mas, tome cuidado!
Eu sorri para ela. Apesar de tudo sempre foi muito leal a mim.
_ Não se preocupe. Eu sei me defender.
Eu pretendia falar com cada original separadamente. Mas, já que eles foram mais rápidos, só restava falar sobre unir forças contra os mestiços, lá mesmo.
Durante o expediente no trabalho, eu arranjei tempo para ir no andar da creche ver meus netos e minhas filhas. Também fui ver como estavam meus filhos. O clima era tão descontraído que eu me questionei se tinham noção do perigo real que nos cercava.
_ Esses mestiços continuam avaliando antes de atacar?_ quis saber Alexandre.
_ Eles sempre convencem os transformados a trair o original que os transformou. Sabem que isso não funcionará com vocês. Terão que mudar de tática!_ expliquei.
_ Seja como for, resolvemos fazer a nossa própria investigação. Saber quantos eles são, que poderes eles tem. Aonde eles ficam. Nós vamos nos antecipar à eles._ disse Ralph.
_ Tenham cuidado. Eles não tem intenção de poupar ninguém._ eu pedi.
Fiquei repassando na minha cabeça tudo que os meus netos já haviam comentado comigo. Os perigos envolvendo as crianças. Cujos gêmeos protegeriam. O inimigo de camisa vermelha que tentaria fazer mal à Kassandra. Asrael que iria me proteger quando chegasse. O escudo de Kassandra que não tinha efeito para os inimigos... Eles eram novos de mais para estarem tão envolvidos naquela guerra. Talvez já tivessem visto coisas horríveis que iriam acontecer. Era cruel de minha parte querer explorar seus dons, para ter uma chance maior de vitória? Talvez o melhor fosse eu absorver o dom deles. Não! Tudo tinha um motivo para acontecer. Por mais horrível que pudesse parecer, eu precisava deles.
_ Mia! Peça para Lívia trazer os gêmeos.
_ Sim, senhor!
Eu fui até a janela observar a paisagem. O peso de tantos séculos pesando sobre meus ombros. O peso de tantos erros...
A porta se abriu e meus netinhos vieram correndo abraçar minhas pernas. Lívia me olhou curiosa.
_ Está acontecendo alguma coisa?
_ Eu só quero informações. Se eles tiverem...
Ela se aproximou.
_ Você parece muito preocupado. Está me assustando.
_ Não é nada! Eu só estava pensando nessa maldita guerra.
_ Isso te afeta mais do que nossa luta em Mystery Spell. Eu sei que você não gosta de demonstrar fraqueza e é muito fechado. Mas, nós somos sua família. Pode se apoiar em nós sempre que precisar. Divida seu fardo com a gente! Nós somos leais. Você pode se expor. Não usaremos isso para te machucar. Pelo contrário. Quanto mais soubermos o que te afeta, mais nós poderemos te proteger!
Eu quase tive vontade de contar sobre minha piores lembranças, mas me segurei. Existem fardos que devemos carregar sozinhos!
_ Obrigado, mas eu estou realmente bem.
Ela me abraçou apertado. E foi muito bom ter esse apoio!
_ Vou deixar vocês conversarem. Estarei na recepção.
_ Obrigado!
Eu realmente era grato por ela permitir que eu falasse com eles sozinho e não me questionasse sobre o motivo. A confiança que demonstrava em mim, era comovente.
Sentei no sofá e meus netos ficaram um de cada lado.
_ Eu não quero prejudicar a inocência e infância de vocês. Mas, nós precisamos de informações. Estamos enfrentando perigos. Vocês conseguem entender?
Eles não responderam. Seus olhos estavam vidrados. Eu invadi a mente de Tomás.
Imagens passavam sem se fixar. Enquanto uma batalha acontecia uma voz disse... "É pessoal para mim". E eu vi olhos de lobo. Me encarando. Ouvi seu uivo convocando a matilha.
_ Mas, o que é isso?
As crianças aos poucos voltaram a realidade. Tomás parecia confuso. Cristina me abraçou chorando.
_ Eu não sei vovô! Quem é aliado e quem é inimigo.
Um arrepio me percorreu. Se ficasse complicado saber em quem confiar, a guerra estaria perdida.
_ Meus transformados são confiáveis não é?
Ele balançou a cabeça afirmando.
_ É só o que eu preciso. Enquanto ficarmos unidos, tudo ficará bem.
_ Não vovô. São muitos.
Cristina chorava sem parar. Eu abracei ela mais forte.
_ Calma princesa. Vai ficar tudo bem. Eles podem ser muitos. Mas, juntos podemos enfrentar qualquer coisa. Seja mestiço, lobisomem, bruxas, ou qualquer criatura sobrenatural. Até caçadores que não são mestiços. Humanos que se acham no direito de julgar se devemos ou não, existir.
Na verdade, só eles podiam me tranquilizar. Eles é que sabiam o que ia acontecer.
_ Nós vamos vencer?
Cristina olhou para o irmão. Ele segurou a mãozinha dela. Ouve uma comunicação silenciosa entre os dois. Telepatia!
_ Não sabemos. Depende das escolhas que você vai fazer. _ disse Tomás.
Claro! Eu sou quem os transformou. Suas vidas estão conectadas à minha. E seus destinos dependiam do meu. Um novo fardo, ainda maior pesou sobre meus ombros. Todas aquelas vidas preciosas para mim. Eu queria preservar.
_ Vovó pode ajudar. Não precisa fazer sozinho! _ disse Cristina.
Eu não queria o envolvimento dela. Ainda não tinha confiança. E seus pais se machucaram após a traição de seus transformados. Quem me garante que ela não descontaria nos meus?
_ Não quero envolver Kassandra.
Eles encostaram a mãozinha no meu rosto. Um de cada lado. E minha mente ficou em branco. Logo em seguida, imagens apareceram. Kassandra estava em minha frente. Com uma expressão decidida. "Eu posso fazer isso! Você precisa confiar em mim". Ao redor tudo parecia destruído. "Porquê eu deveria confiar em você?"... "Eu sou a nossa melhor chance". As imagens sumiram. E minha mente voltou ao normal.
_ incrível. Vocês podem mostrar suas visões do futuro. _ eu estava fascinado. _ Essa é uma das escolhas importantes?
Eles balançaram a cabeça.
_ Vovó pode ajudar. _ disse Tomás.
Então, eu tentaria conhecer melhor aquela original, que tinha uma importância grande no nosso futuro. Tudo pelo meu clã.
_ Obrigado crianças. Eu vou ficar atento.
Segurei nas mãozinhas deles e os levei até a mãe.
Lívia estava conversando com Mia. Era bom ver que não havia um clima estranho. O que houve entre Mia e Drogo ficou no passado. Cada um seguiu sua vida e se casou com alguém mais compatível. Não havia motivos para mágoas.
_ Está mais tranquilo?
_ Está tudo bem. Eu já vou para casa. Vocês podem ir também!
Com muitas coisas dando voltas em minha mente, eu voltei para o meu apartamento. A verdade é que quanto mais eu tentava entender, mais ficava confuso. Quem era o rapaz de camisa vermelha? Quem era Azrael? Porquê eu precisava da ajuda de Kassandra? No entanto, todos os questionamentos sumiram da minha mente, quando eu estava me dirigindo ao meu quarto e vi pela porta entre-aberta do quarto de hóspedes, que Kassandra estava saindo do banheiro enrolada na toalha. Se encostando nas paredes, ainda enfraquecida. Pensei um segundo se deveria ajudá-la. Mas, então, sua toalha escorregou e caiu no chão!... Puta merda!
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Is it love? Viktor - Imerso em sombras
FanfictionApós os acontecimentos das histórias anteriores, todos se reúnem para salvar Viktor. Os gêmeos Tomás e Cristina tiveram uma visão do futuro, em que o avô corria perigo ao se encontrar com uma original. Kassandra. Nessa história vamos acompanhar, com...