[ Kassandra ]
Um caos. Era como estava minha casa quando eu cheguei. Meus pais não estavam ali. Ainda podia sentir cheiro de queimado. Havia pó. As coisas estavam fora de lugar. Era visível que uma batalha aconteceu ali.
_ Não podem ter levado meus pais. Não!
Os gêmeos avisaram que meu escudo não era o suficiente. Como sabiam?
Eu podia sentir a energia de Viktor. Era inconfundível!
_ Ele esteve aqui. Deve ter protegido meus pais.
Eu não podia aguentar a ideia de perder meus pais daquele jeito. Por fraqueza. Por orgulho de não ter aceitado ajuda, quando Viktor ofereceu. Eu esperava que por serem aliados ele os tivesse protegido mesmo eu recusando. Dessa vez, eu teria que reconhecer que ele tinha razão e seria eternamente grata se ele tivesse salvado meus pais.
Primeiro tive que dar um jeito na casa. Colocar tudo em ordem novamente. Depois eu preparei uma mala, caso precisasse passar uns dias com ele. Se é que ele ainda queria me proteger.
Tentei me teletransportar. Algo denso e intransponível não permitiu. Uma barreira. Muito mais poderosa do que a minha! Eu teria que ir de carro e torcer para que ele me atendesse.
Ainda não me sentia confortável em ficar tão exposta àquele grupo. Eu mal os conhecia e não tinha convicção de que nunca trairiam Viktor. Depois do que houve com meus pais, eu desconfiava de todos.
_ Boa noite, eu gostaria de falar com o Viktor.
O porteiro ligou no apartamento dele. Fiquei nervosa. E se ele não tivesse salvado meus pais? O que eu faria se já estivessem mortos?... Eu me odiaria para o resto da vida por não ter deixado que eles ficassem no apartamento de Viktor.
_ Ele autorizou que suba!
Eu fui com meu coração batendo forte. Parei na frente da porta. Respirei fundo. Eu queria e não queria saber a resposta. Mas, eu tinha que enfrentar isso mais cedo ou mais tarde.
_ Viktor!
Apenas um sussurro. Era o suficiente para um vampiro. Levou apenas alguns instantes para que ele abrisse a porta. Meu coração estava galopando. Eu não conseguia perguntar.
_ Entre!_ ele convidou. _ Seus pais estão no quarto!
O alívio que eu senti foi tão forte, tão impactante que eu me joguei em seus braços e o abracei bem apertado.
_ Obrigada por salvá-los!
_ Eu só estava no lugar certo na hora certa.
_ Posso deixá-los aqui?
_ Você não os levaria nem que quisesse. Já assumi a responsabilidade de protegê-los. Eles são meus aliados afinal de contas.
Ele saiu do meu abraço e se afastou. Eu me senti constrangida.
_ Desculpe. Eu me empolguei.
_ Tudo bem. Vá vê-los!
Eu corri para o quarto que ele indicou. Meus pais estavam deitados na cama e o ferimento estava quase totalmente recuperado. Eu chorei aliviada. Fiquei ali com eles até me acalmar. Quando retomei o controle eu fui falar com ele.
_ Como aconteceu?
_ Sente-se.
Eu me sentei no sofá e ele me serviu uma taça de sangue. Depois se sentou no sofá em frente a mim. Nada parecia abalá-lo. Estava sem nenhum arranhão.
_ Eu fui visitar e ver como estavam. Os inimigos chegaram em seguida. Atravessaram facilmente a barreira que você pôs. Eu dei um jeito neles. E trouxe seus pais para cá.
_ Estava sozinho?
Ele deu um sorriso arrogante.
_ Apesar dos meus filhos querendo me proteger, eu sou forte o suficiente para enfrentar eles sozinho.
_ Como os gêmeos sabiam que eles tinham alguém capaz de atravessar minha barreira?
Ele ficou me olhando um tempo. Parecia ter segredos que não queria revelar.
_ Sua barreira é fraca!... Seus pais vão ficar aqui até se recuperar. Se quiser, pode ficar também.
Eu mantive o olhar nele. Meu orgulho foi ferido.
_ Eu aceito sua oferta. Não quero ficar longe dos meus pais. Mas, eu ainda vou te mostrar que não sou a garota fraca que você pensa. Nunca estive em uma guerra. Mas, treinei com meus irmãos o controle dos meus dons.
_ Por falar nisso... Você não se teletransportou. Eu prefiro assim.
Se ele soubesse que eu só não consegui...
_ Vamos respeitar a privacidade um do outro. A gente mal se conhece.
_ Ótimo. Fique a vontade.
_ E seus filhos?
_ Precisavam de privacidade. A maioria tem família. Ou já é comprometido.
_ Ah, claro... Você também precisa de privacidade com sua garota.
Ele não desviou o olhar. Sério, apenas disse...
_ Nenhuma garota dura mais que uma noite na minha cama.
Ele era só um cafajeste ou tinha o mesmo problema que eu? Será que também era amaldiçoado?
_ Ótimo. Então, ninguém vai reclamar por eu ficar aqui uns dias.
Ele pareceu triste por um momento.
_ Eu sei o que é ver seus pais desse jeito.
Sem dizer mais nada, ele foi para o quarto. Parecia forte e viril. Mas, dava para notar que no fundo era uma alma torturada por lembranças horríveis. O trauma dele era muito profundo. O melhor partido também tinha seu lado frágil. Isso apenas o tornava ainda mais atraente.
Fui para o quarto ficar ao lado dos meus pais. Eu me senti segura. O suficiente para deitar entre eles e dormir.
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Is it love? Viktor - Imerso em sombras
FanfictionApós os acontecimentos das histórias anteriores, todos se reúnem para salvar Viktor. Os gêmeos Tomás e Cristina tiveram uma visão do futuro, em que o avô corria perigo ao se encontrar com uma original. Kassandra. Nessa história vamos acompanhar, com...