Nós

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[ Kassandra ]

      Meu pai fez questão de me esperar para voltarmos juntos para casa. Ele tinha medo que Thales voltasse. Aquela situação estava me deixando cada vez mais constrangida. Todo mundo sabia que eu já tinha usado ele como cobaia. E apesar de Viktor dizer que entendia e não se importava, ainda havia uma sensação ruim. Como se eu estivesse suja. Nós dois tivemos nossos casos antes de começarmos a namorar. Mas, nenhuma garota com quem ele saiu tinha alguma ligação comigo. Por isso, não me incomodava. Mas, Thales... De certa forma, estava ligado à ele. Eu queria pensar que o que fizemos antes de nos comprometer um com o outro não tinha importância. Mas, se não tivesse mesmo, eu não me sentiria tão mal. 

      _ Pai... Você tem vergonha de mim? Ou nojo?

      _ Que besteira é essa, filha? Por que diz isso?

     _ Meu baile foi um fracasso. Os originais não querem chegar perto de mim, por causa do meu dom. E... você sabe... Eu me deitei com um lobisomem.

     _ Nem me lembre. Se tivesse me ouvido antes e aceitado que isso é um dom e não uma maldição, não teria cometido tal erro. Mas, eu entendo os seus motivos para fazer o que fez. Apesar de que preferia que continuasse treinando com humanos. Não se preocupe. Eu sei que precisou treinar com um sobrenatural. E que tinha medo de machucar o Viktor. Não vou dizer que não me incomoda o que fez. Mas, não tenho nojo ou vergonha de você. Tenho é muito orgulho da minha filha que faz os originais tremerem de medo. Seu baile não foi um fracasso. Viktor estava lá. Já disse que esse baile foi mais para ele, que eu sempre quis como genro!... Sabe filha, quando a gente se relaciona tem que aceitar o outro como ele é. Com todas as suas falhas e defeitos. Não espere perfeição, porquê não existe!... Sempre haverá pontos de discordância entre vocês. Basta que se respeitem e vão conseguir superar todos os problemas que eventualmente irão surgir. 

       _ Respeito e amor não falta. Tem razão. Nós vamos conseguir superar isso. Pode me levar ao apartamento dele? Tem algo que precisamos conversar. 

       _ Claro, querida.

       Ele dirigiu na direção do apartamento de Viktor. Teve que fazer alguns desvios, porquê ruas estavam interditadas, por causa dos protestos. Parou em frente ao prédio e sorriu para mim.

      _ Pai, você conhece bem o pai dele não é?

      _ Sim.

      _ Depois quero conversar com você sobre meu sogro.

      _ Tudo bem. Agora vá. Boa noite.

      _ Boa noite.

      Dei um beijo no rosto dele e saí do carro. O vento balançava meu cabelo, enquanto eu me dirigia até o prédio. Estava frio. Meu casaco não estava esquentando o bastante. Mas, eu gostava do frio. Minha bota fazia barulho em contato com o granito. O porteiro sorriu ao me ver.

      _ Olá, senhorita. Ele acabou de chegar e não parece muito bem.

      _ Obrigada por informar. Não precisa me anunciar.

      Eu imaginava que a situação toda o deixasse muito sensível. Eu nem sabia se era a melhor hora para fazer uma visita. Mas, sentia que precisava conferir que nosso relacionamento não se abalou com as novidades.

       Ao parar em frente a porta dele, respirei fundo antes de tocar a campainha e aguardar. Levou algum tempo para que ele abrisse a porta. Sua expressão realmente me surpreendeu. Seus olhos estavam escuros e demonstravam confusão. Parecia que um conflito enorme se instaurou em sua mente. Eu tinha medo que o fato de Andrey ser irmão dele o abalasse. Já que família era seu ponto fraco. 

Is it love? Viktor - Imerso em sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora