Primeiro ataque

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[ Viktor ]

    Eu sabia! Era uma péssima ideia. Quando disseram que ela estava ali, até pensei por um segundo em me permitir criar laços. Mas, bastou ela abrir a boca para eu reconhecer meu erro. Seria tolice tê-la como minha fraqueza. Só iria fazer eu e meus filhos, ficarmos em perigo. Como ela podia ser tão ingênua? Culpa dos pais que não lhe deixaram ver como o mundo realmente é! Agora era definitivo. Não iria dar nenhuma brecha para que um sentimento surgisse. Não valia a pena. Respirei fundo para tentar me acalmar. Que decepção. Justo na minha vez, não podia ser uma garota melhor?
    _ Mia. Não permita mais a entrada dela.
    _ Sim, Senhor.
    Pronto! Um problema à menos. Agora era seguir a vida e aguardar o próximo passo dos inimigos.

*******

[ Kassandra ]

     _ Filha, como foi?
     _ Simples, mãe. Disse o que tinha que dizer e saí.
     _ Sem marcar um encontro? Não tentou uma aproximação?
     _ Ele me chamou de mimada. Só porquê eu disse que não me importo com quem estou protegendo.
      _ Como chegou nesse assunto?
      _ Ele agradeceu por eu proteger suas transformadas... Suas filhas!
      _ Ele te deu uma abertura e você desperdiçou. Eu te contei porquê os vampiros criados são importantes para ele. Você podia ter usado isso.
      _ mas, foi natural eu dizer que não tenho restrições com raças. Achei que ele não tinha também. O que aconteceu com seus pais foi algo horrível. Mas, os responsáveis estão mortos. Ele os matou. Assunto encerrado.
      _ Você nunca esteve em uma batalha. Ele já era experiente muito antes de você nascer.  Ele está certo. Nós te mimamos e protegemos além da conta. Você não sabe nada da vida. Tanto que discutiu comigo sobre seu futuro marido. Talvez, seja hora de deixar você se virar. Só assim vai entender que não é um preconceito. É um fato! Lobisomens, bruxas e vampiros não são amigos. É cada um por si. Ou defende sua raça, ou lamenta eternamente sua covardia.
     Eles tinham experiência. Eu não. Precisava adquirir.
      _ Vou para o trabalho. Ainda precisamos manter o disfarce.
      _ Tome cuidado filha.
      _ vou tomar.
      Peguei minha bolsa e os documentos que precisava. Entrei no meu carro e pedi ao motorista para me levar até a empresa.
      Papai já estava na sala dele. Eu fui direto para a minha. Mal havia entrado quando meu irmão veio conversar.
      _ E aí, maninha? Soube que seu baile não foi muito bom.
      _ Notícias ruins correm. Ninguém quer se casar com a viúva negra.
      _ Disseram que o Bartholy estava na festa. Não gostou dele?
      _ Gostei. Mas, ele não foi por minha causa.
      _ Entendo. Eu também casei por interesses familiares. Manter o sangue puro. Não foi por amor. Ainda não consegui ter filhos.
      _ Está tentando?
      _ Eu estou... Ela, eu não sei... vocês tem maneiras de evitar.
      _ Mas, você acha que ela não quer?
      _ Não sei. Ela também não queria casar. Demoramos meses para criar laços e ter alguma intimidade.
      _ Parece que as coisas não vão bem na nossa família quando se trata de relacionamento.
      _ Não é bem assim, kassy. A Veronica está feliz e já tem três filhos.
      _ Verdade James. Nem tudo está perdido. Agora vamos trabalhar. Que no amor não deu certo.
      Ele sorriu e saiu da minha sala.
      Era uma pena as coisas não irem tão bem para ele. Se esforçou tanto para ser sempre o filho perfeito e obediente. Minha irmã também pensava como meus pais. Não foi nenhum sacrifício. Para mim, foi muito humilhante aquele baile. O pior é que os comentários iam piorar.
      Melhor focar no trabalho.
      Batidas na porta me interromperam. A secretária entrou com as cartas do correio. Depois se retirou. Analisei a correspondência. Uma delas me chamou a atenção. Era um envelope simples. Vermelho. Tinha um símbolo bizarro. A morte, com a foice. Dentro havia um recado bem simples... "diga suas últimas palavras". Imediatamente eu olhei ao redor. Não era possível que já estivessem ali. Em plena luz do dia e na frente de humanos.
     Olhei pela janela... Nada!
     De repente ouvi os tiros. Saí correndo da minha sala.
     Volte para dentro, filha.
     _ O que está acontecendo pai?
     _ Para não chamar atenção, alguns inimigos atacam com armas humanas. Simulam assaltos, suicídios coletivos e outras situações que os humanos aceitam. Não se preocupe, eu cuido disso. Vá para a sua sala.
     _ Entra, Kassy. Nós vamos cuidar disso.
     De novo meu pai e meu irmão me protegendo. Até quando... Mas, algo me ocorreu. Eu sou o alvo. Então...
     Fui para a minha sala e não me surpreendi ao ver alguém sentado em minha cadeira. Tinha uma arma na mão. Vi sua tatuagem de morte. Seu rosto era sem expressão.
      _ Não tenho últimas palavras. Não vou morrer assim.
      Ele deu um sorriso cruel.
      _ Suas últimas palavras aos seus familiares. A última coisa que eles vão ouvir.
      Não. Eu não ia deixar.
      _ Se der um passo para fora dessa sala eu explodirei o prédio. Sabe o que acontece ao vampiro que é queimado depois de ser atingido no coração.
      Ele atirou. A dor veio. A bala era potente e abriu um buraco no meu peito. Mas, com a regeneração logo estaria fechado.
      _ Isso não funciona, seu idiota.
      _ Serve ao propósito. Até a próxima.
      Ele pulou a janela. Eu corri desesperada, tentando ver meus parentes. As pessoas estavam abaixadas e tremendo. Marcas de tiro nas paredes. Encontrei meu pai e meu irmão caídos no corredor.
     _ Tinha gente de mais. Não podia usar os poderes na frente dos humanos. _ disse meu irmão.
     Ele levou tiros no coração e na cabeça. Meu pai levou um tiro na coxa, na barriga e no coração.
     _ Temos que levá-los ao hospital.
     Na frente dos humanos, tínhamos que fingir.
     _ Me ajude a colocá-los no meu carro. Chame a polícia.
     Eu dava orientações, para manter tudo sob controle.
      Com os dois no meu carro, eu dirigi na direção da minha casa. Porém, motos começaram a me seguir.
      _ Se eles provocarem um acidente... Se o carro pegar fogo...
      _ Eu sei. James fica calado. Vou proteger vocês.
      Eu pisei no acelerador. Costurando no trânsito. Mudei de direção. Fui para longe da minha casa. Para despista-los.
     Me concentrei no meu dom e imaginei a garagem da minha casa, pisando no freio. O carro parou a poucos centímetros da parede.
      _ Como vocês estão?
      _ Meio dolorido. _ James disse.
      Desliguei o carro. Puxei o freio de mão e fui para o banco de trás. Sentei no meio deles. Encostei neles e me concentrei. Enquanto a dor aumentava em mim, eu sabia que funcionava.
     _ Obrigada, filha. Vou cuidar de você.
     Meu pai me pegou no colo e entrou comigo dentro de casa. Minha mãe veio e deu um grito de surpresa.
     _ O que houve?
     _ Inimigos querendo assustar. Ela passou nossos machucados para ela. Agora precisamos cura-la.
      _ A maninha conseguiu afasta-los da nossa casa e nos teletransportou para cá.
      Eles retiraram as balas. James deixou eu morder seu pulso. Depois minha mãe e meu pai. Sangue de três originais fizeram eu me recuperar mais rápido.
     _ Sabem que isso não mata, mas machuca. São sádicos. _ eu disse.
     _ Isso é só o início. Eles vão tentar destruir nossa família. _ disse meu pai. _ Somos um alvo também.
     Eles se olharam e então, demos um abraço coletivo.
     _ Vamos superar isso. _ disse minha mãe.
     _ Temos que avisar a família inteira. _ disse meu pai.
     Meu primeiro contato com uma batalha foi intenso. Tive medo pela minha família. Fiquei preocupada em não mostrar aos humanos, nossa natureza. E tive uma pequena mostra do que era lutar para valer... Era assustador, doloroso e intenso. Infelizmente não dava para evitar.

Is it love? Viktor - Imerso em sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora