Is it love? Viktor - Imerso em sombras

O destino cruel

[ Viktor ]

    As relações no castelo eram confusas. A maioria se limitava a submissão dos súditos, perante ao rei. Alguns casais tinham laços de ódio. Outros não tinham nenhum laço. Era difícil encontrar um relacionamento verdadeiro. O primeiro que vi foi do próprio rei. Félix e a esposa Khatlyn, tinham um laço de cumplicidade e afeto. Também tinham um laço com a filha, Valentina. A garota veio até mim, nos jardins.
    _ Voltou cedo. Veio me ver?
    Ergui a sobrancelha para sua ousadia. No entanto, tinha que admitir que não seria má ideia.
    _ Não pretendo me casar tão cedo.
    _ Posso fazê-lo mudar de ideia. Muitos vampiros desejam se casar comigo para herdar o trono. Vai me dizer que não lhe interessa ser o futuro rei dos vampiros?
   _ Com todo respeito, princesa... Não tenho o menor interesse.
   Ela deu risada e tocou meu rosto.
   _ Você não é o único que sempre consegue o que quer...
   Resolvi usar meu dom nela. E a ligação que aconteceria entre nós, caso resolvesse dizer sim, era... Um laço romântico. Não era vermelho como de Kassandra. Era alaranjado. A mesma diferença entre amor e paixão. Mesmo que não tivesse potencial para ser algo sublime, ainda era um laço forte o bastante para se formar uma família! E aquela garota não ficaria defendendo os escravos. Sua aura era ainda mais fria que à minha. No entanto, um sentimento incômodo me dominava. Eu ainda tinha impressão de que algo estava fora de lugar. Minhas lembranças não encaixavam direito.
   _ Me conta. Ouvi falar sobre seu clã. O poderoso clã Bartholy. Como era?
   Eu tinha muito orgulho dos meus pais. Era sempre um prazer falar deles.
   _ Meu pai, Dilan. Minha mãe, Rosália. Eu era filho único. Eles eram fortes e todos os respeitavam. Nobres de linhagem pura. Junto com meus tios, primos... Mantinham controle sobre várias regiões. E então, vieram os gananciosos e invejosos, roubar nosso território e acabaram... Não, espera!...
   Quem destruiu minha família foram os mestiços e traidores. Não foi pelo território. Foi sua caçada aos originais. Por que minha mente parecia tão confusa?
   _ Uma disputa por território? E seu poderoso clã perdeu?
   _ Não foi isso. Foram os mestiços e os traidores. Esquece, tem algo que preciso fazer!
   O quanto antes precisava descobrir, quem havia manipulado minha mente e porque. Ser usado como marionete era imperdoável!

  
*****

[ Kassandra ]

   Minha voz saiu fraca. Somente um sussurro, quando eu disse...
   _ Você...
   Ele parou e se virou para mim. Seus olhos demonstraram confusão.
   _ Eu o quê? Por que está me olhando com medo?
   Eu não tinha estrutura para tentar esconder o que eu sentia. Eu confiei nele, mesmo com todos os avisos. Eu falei sobre Viktor. Mas, que droga! Eu transei com ele! E eu não entendi que os avisos das crianças, eram sobre ele. Lembrei do treino em que me mostraram aquela ilusão. Pensei que colocarem o rosto dele era só um jeito de dar mais credibilidade. Estava errada! Eles me mostraram quem era o rapaz que queria me machucar. Eu só não tinha entendido!
    _ Por quê?
    Ele ergueu a sobrancelha.
    _ Não sei do que está falando.
    _ Você está junto com os mestiços.
    Eu mostrei à ele a imagem no meu celular. A tatuagem em sua mão. A morte, com a foice!
    Ele ficou sério. Seu rosto deixou de expressar gentileza. Com um olhar de psicopata, e uma voz sem emoção ele disse...
    _ Que pena! Achei que podia me divertir um pouco mais, antes de te matar. Agora teremos que adiantar as coisas.
   Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, ele segurou meu pescoço. Usando sua força de lobisomem. Foi muito rápido. Eu só pude pensar nas crianças. Antes de sentir uma enorme dor no meu pescoço, pulmão e em seguida desfalecer. "Desculpe por não ter escutado vocês". A escuridão tomou conta. Enquanto ele ria. Sem nenhum traço de bondade.

   
*****

[ Viktor ]

   Se foi ideia do Félix, deveria ter a informação na mente dele. Mas, era arriscado. Melhor verificar a mente de um dos guardas. Eles deveriam saber. Precisava ser discreto.
   Sentei no banco do jardim e usei meu dom no guarda mais próximo. Difícil filtrar o que eu queria saber. Mas, quando consegui vi que era perda de tempo. Seja lá o que aconteceu, os guardas não viram. Sendo assim, só me restava ver a mente dos líderes. A esposa de Félix, ou a filha, deveria saber.
    No caminho para a sala do trono, acabei escutando a conversa dos nobres...
    _ O rei enviou os mais perversos atrás daqueles escravos. A essa hora já nem devem estar vivos mais.
   _ Não pensei que Viktor concordaria e ainda ajudaria a matar os transformados. Depois do que fez na reunião do conselho...
    Procurei por Valentina, até encontrá-la encomendando vestidos sob medida, para a costureira do castelo. Ela sempre usava trajes de época.
   _ Pensou melhor sobre o que eu falei? Diga e eu já encomendo meu vestido de noiva.
   Ela piscou, com um sorriso provocante.
   _ Você sabe o que aconteceu durante a reunião do conselho?
   Ela fez um sinal de desdém e disse...
   _ É passado! Se meu pai te odiasse por desafia-lo você não estaria aqui. Relaxa! Minha mãe fez um ótimo trabalho em você. Para quem defendia os criados como se fossem filhos, matar aqueles sem hesitar foi surpreendente... E sexy! Não estou preocupada com o seu jeito de antes. Mamãe pode te manter na linha para mim. Você está perfeito como está.
   A rainha foi quem manipulou minha mente. Os transformados não mentiram. E meu dom mostrou a ligação certa! Agora eu tinha uma escolha à fazer... Não me importar e casar com Valentina. Ou confiar nas ligações com os criados e ir protegê-los antes que fosse tarde de mais. Era mais fácil ficar no castelo. Me tornar um príncipe vampiro. O próximo a ser rei. No entanto, eu odiava ser manipulado. Eu não podia ignorar a confiança que os criados tiveram em mim, mesmo eu os odiando. As crianças... Kassandra. Cujo o laço que eu poderia ter com ela, era o que eu buscava à tantos séculos. Ela era a garota certa. Dentre as possibilidades, era a melhor!... Minhas memórias foram manipuladas. A morte dos meus pais... Talvez não fosse culpa dos criados.
   _ E então? Vamos nos casar?
   A certeza de que tomei a decisão certa me invadiu. Eu sempre confiei em meu instinto. Eu sabia o que tinha que fazer...
   _ Aonde está sua mãe?
   _ Provavelmente na biblioteca. Não esqueça de vir falar comigo depois de pedir a minha mão!
   _ Com licença, princesa.
   _ Pode ir, Lorde Viktor!
   Saí dalí determinado. Eu não tinha tempo a perder!