2.2

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Eu estava no quarto quando ouvi a agitação na sala.

Vozes altas preencheram a casa e imediatamente eu senti falta do eterno silêncio de morar sozinho.

Mel! – ouvi Niall gritar.

O nome atiçou a minha curiosidade.

Eu odeio este lugar! – ouvi sua voz responder.

Quando finalmente alcancei a sala e coloquei os olhos nela, tive que me esforçar para não rir do seu estado.

Mel estava completamente coberta de lama, da cabeça aos pés. Seu cabelo, rosto, roupas... Eu daria tudo para ter uma máquina fotográfica.

Tudo o que eu conseguia pensar era: eu te avisei.

Melissa apareceu mais cedo vestida para correr e disse que ia sozinha. Eu, como bom anfitrião que era, avisei que o terreno era perigoso e podia pregar peças. Ela não conhecia as redondezas, eu disse que algo poderia acontecer. Mas ela, teimosa que só ela, não me deu ouvidos.

E o preço que ela pagou foi caro: claramente caiu em um dos lamaceiros que tinha na beira da estrada.

— Eu sabia que você era uma dessas patricinhas que fazem tudo pela vaidade, mas... – aproximei-me, torcendo o nariz quando cheguei perto demais. — Acho que você levou o "lama é bom para pele" muito a sério.

— Não fala comigo agora – repreendeu entre os dentes, tentando soar ameaçadora, mas isso não me impediu de continuar.

— Nada disso teria acontecido se você tivesse me ouvido, concorda?

Provoquei, suspirando com ironia.

Era divertido tentá-la, eu não conseguia me conter. Só queria testar seu limite. E Melissa parecia bem próxima a ele.

— Cala a boca.

— Ou então se você tivesse aceitado o meu convite dessa manhã e tivesse se juntado a mim em um banho quente... Você percebe que deveria ter dito "sim", não é?

— Eu disse para calar a boca! – gritou, assustando-me por um momento. Eu não a tinha visto assim antes. Suas bochechas estavam vermelhas e, seus olhos, brilhantes. Melissa estava completamente acordada e fora de controle enquanto me confrontava. — Eu preferiria tomar banho com a droga dos seus animais a ficar perto de você!

Fiquei paralisado quando ela esfregou a mão imunda na minha cara, calando-me e quase me fazendo engolir aquela porcaria.

Prendi a respiração, desacreditado, e me vi levando a mão até o rosto. Peguei um pouco da lama e ergui até o meu campo de visão, tentando acreditar que aquilo era real. Que ela realmente tinha feito aquilo comigo.

Por mais que eu estivesse provocando, jamais esperava aquela reação. Ninguém me desafiava daquela maneira. Nunca. E eu quase tinha esquecido como era a sensação.

A agitação nasceu na boca do meu estômago e em segundos já circulava por todo o meu organismo.

Eu sabia que não era certo, sabia que era uma droga, mas eu não conseguia controlar. A raiva, o ódio, eram bem guardados dentro do meu peito. Eu me sentia no meu limite 24 horas por dia. E qualquer gatilho, por menor que fosse, era o suficiente para incendiar meus surtos.

Depois de tanto tempo encenando aquele personagem, eu me tornei ele.

Olhei para Melissa, sentindo uma satisfação maligna por ler o medo em seus glóbulos. A garotinha corajosa de segundos atrás agora estava assustada.

Fuck Me [HS]Onde histórias criam vida. Descubra agora