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Droga... – Zayn grunhiu enquanto tentava desembaçar o vidro com um pano que eu achei no porta-luvas.

— Não é melhor a gente encostar em algum lugar e esperar a chuva passar? – perguntei, um pouco apreensiva.

O chuvisco acabou se transformando em uma tempestade e quase não dava para enxergar através do para-brisa.

Como tínhamos que pegar estrada para chegar a qualquer lugar naquele fim de mundo, no momento estávamos no meio de uma rua de terra e a caminhonete estava pulando e derrapando, por mais que Zayn dirigisse com cautela.

— Essas chuvas costumam durar a noite inteira – apertou os lábios, concentrado, fitando a estrada com o cenho franzido.

Mas isso não o impediu de sentir o meu nervosismo no ar.

Zayn me olhou brevemente e tratou de tentar me acalmar quando percebeu que eu estava me abraçando com força.

— Não se preocupe, eu conheço essas estradas como a palma da minha mão... Você está segura comigo.

Sim. Eu estava segura com Zayn, eu sabia disso.

Isso até um animal surgir no meio do caminho.

Foi tudo rápido demais.

Em um segundo, Zayn estava dirigindo com cuidado, e no outro ele tinha jogado o carro abruptamente para a direita, tentando desviar para não atropelar o bicho.

Eu mal consegui gritar, só pude apertar os dedos contra o assento e notar que Zayn havia esticado um dos braços na minha direção, como se estivesse tentando proteger o meu corpo de qualquer impacto.

Ele grunhiu algum palavrão que eu não pude identificar quando a caminhonete deu uma trancada, nos impulsionando para frente e forçando nossos troncos contra o cinto de segurança.

Meus olhos estavam apertados até eu perceber que estava tudo bem, que já era seguro que eu os abrisse de novo.

— Merda! Melissa, você está bem? – me olhou preocupado, tirando algumas mechas bagunçadas do meu rosto.

Eu ainda estava assustada, então não consegui responder. Apenas balancei a cabeça e o encarei com os olhos arregalados, o coração quase pulando pela boca.

— Você está bem, está tudo bem... – soprou, acariciando a minha bochecha e se esforçando para me acalmar.

— Eu... Eu s-sei – gaguejei, mal me dando conta de que algumas lágrimas se formaram em meus olhos.

Zayn respirou fundo e parecia aliviado por conseguir me fazer dizer alguma coisa.

— Eu vou tirar a gente daqui, ok? – prometeu, sua voz sendo abafada pelo barulho da chuva apedrejando as janelas da caminhonete.

Concordei e tentei me recuperar do susto e ficar calma, mas meu empenho em me tranquilizar foi embora quando ele voltou a ligar o veículo e tentou acelerar. Apesar do barulho do motor, a caminhonete não se movia. Ele investiu mais três vezes antes de desistir e retirar o cinto.

— Fica aqui. Eu vou checar o que houve – anunciou.

Seus olhos brilhavam em culpa por eu estar naquele estado, por mais que ele realmente não fosse culpado pelo que havia acabado de acontecer.

— Ok – me forcei a dizer, tentando mostrar que eu estava bem.

Ele não pareceu engolir, mas assentiu enquanto abria a porta e saía para a chuva.

Zayn ficou fora por alguns minutos e eu aproveitei para tentar regular a respiração e fazer com que as minhas mãos parassem de tremer. O barulho de outro trovão forte por perto quase me fez pular.

Respirei fundo algumas vezes e voltei a abrir os olhos, limpando o vidro abafado da minha janela com a minha palma suada.

Pude perceber que estávamos em um lamaceiro, no limite da estrada. Mais um pouco e podíamos ter entrado para o meio do mato.

Eu estava significativamente melhor quando Zayn voltou para a caminhonete, com as roupas encharcadas e o cabelo pingando.

— Está atolado. Vamos precisar de ajuda.

Pegou o celular no painel e desbloqueou o teclado.

— Não tem como empurrar? Eu posso tentar acelerar enquanto você empurra e...

Zayn negou com a cabeça e levou o celular ao ouvido.

— Está muito escorregadio, pura lama – apertou os lábios, formando uma careta decepcionada. — Droga.

— O quê? Qual é o problema?

— Larry não atende! O jeito vai ser deixar um recado e esperar que ele escute... – me olhou como se pedisse desculpas, logo voltando a dar atenção para a ligação e deixando um recado na caixa postal do tal Larry, contando a nossa localização.

Eu me abracei agoniada e olhei pelo para-brisa, tentando enxergar sinal de algum carro, alguém que pudesse nos ajudar, mas a estrada estava deserta.

— Não tem outra pessoa para quem você possa ligar? – sugeri assim que Zayn desligou o telefone.

Ele mordeu a boca e suspirou antes de se virar para mim.

— Trouxe o seu celular? – perguntou, encarando esperançoso.

Meu coração gelou quando ele me mostrou o visor do seu e vi que a bateria tinha acabado naquele instante.

— Ele quase nunca tem sinal, então... Não.

Passei as mãos frias e suadas no rosto, como se aquilo pudesse me acordar do pesadelo ou me ajudar a ter uma ideia milagrosa para nos tirar daquela situação, mas não tinha o que fazer...

Estávamos presos ali, sozinhos na estrada e no meio da tempestade.

Quando Zayn puxou ar para dizer alguma coisa, eu já sabia exatamente o que inevitavelmente sairia por seus lábios:

— Parece que teremos que passar a noite aqui.

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Fuck Me [HS]Onde histórias criam vida. Descubra agora