Capítulo sete

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Naiara🎀

Olhei para aquele dinheiro e dei um sorriso amarelo. Estava aliviada, sabe aquela sensação de "Eu consegui"? Era com ela mesma que eu estava! Eu iria poder ajudar meu pai, poderia ser relevante pelo menos uma vez na vida. Fico mal demais só de pensar a forma que consegui essa grana, vendendo o meu próprio corpo, deixando um homem que eu ao menos conheço me tocar e o pior de tudo, conseguir sentir prazer nisso.

Talvez eu esteja errada, talvez eu esteja certa, talvez eu me arrependa no futuro, enfim, são muitas hipóteses, muitos pontos de interrogações na minha cabeça. Sei que não houve uma melhor forma, ou era isso ou meu pai adoecia de vez, ele dependeu de mim mesmo não sabendo que dependia.

Esse dinheiro todo seria um adianto, poderia ajudar no tratamento, nas contas daqui de casa, daria um suporte para minha mãe que agora gastaria o dobro com essa doença apavorante. Sei como isso abala o emocional de qualquer um e o quanto eu puder fazer meu pai feliz, eu irei fazer, mesmo que eu tenha que vender meu corpo só para conseguir isso.

É o mínimo que eu devo fazer, na minha cabeça eu tenho uma dívida eterna com meu pai, que sempre foi presente na minha vida, sempre lutou para me agradar e me dar tudo do bom e do melhor, independente de dinheiro sempre me deu carinho e apoio, coisas que não tem preço.

***            

Respirei fundo, sabendo que eu teria que enrolar meus pais, odeio mentir, aliás sempre odiei, ainda mais em uma situação dessas. Mas também sei que ele não aceitaria esse dinheiro de forma alguma se eu falasse da onde que ele veio. Eu imagino a decepção, logo eu, a que mais abominava esse tipo de coisa, a filha do pastor, a menina que escolheu esperar. É difícil entender como o mundo dá voltas, tu nunca sabe o dia de amanhã, não sabe o que a vida prepara para você.

Fiz uma oração e logo depois peguei um saquinho colocando o dinheiro dentro, caminhei até o quarto dos meus pais. Bati na porta, papai a abriu com cara de sono.

Naiara: Benção pai.

Gilberto: Deus te abençoe minha pequena. - Sorriu docemente.

Naiara: Queria conversar com você e com minha mãe.. - Eu disse séria e ele assentiu. Minha mãe estava sentada na cama lendo a bíblia, a abracei sentindo o geladinho do ar condicionado.

Gilberto: Fala filha, tô ficando preocupado - Respirei fundo e tirei o dinheiro do bolso da minha calça.

Meu pai me olhou confuso e eu sorri. Peguei em sua mão, a abri e dei o dinheiro.

Gilberto: Mas Naiara..o que é isso minha filha? Aonde você conseguiu esse dinheiro?

Naiara: Eu fiz uns serviços, já estava guardando essas economias. - Mordi os lábios. - Eu quero que você aceite papai! Por favor, eu quero tanto ajudar o senhor, eu ficaria tão triste se o senhor recusasse...

Renata: Que orgulho de você, minha princesa. - Mamãe beijou minha testa.

Gilberto: Eu não tenho nem palavras filha, só tenho que agradecer a Deus. Pedi uma filha e ele enviou um anjo, você é o meu orgulho. - Ele alisou o meu cabelo e me puxou contra si.

Naiara: Eu espero que isso ajude no tratamento. - Ele assentiu limpando as lágrimas.

Gilberto: Mas é claro que vai ajudar! Obrigado filha.

   ***                    

Perlla: Ai que laricaaaaa vinhado. - Ela disse de olho no meu x-bacon.

Naiara: Para de olho gordo garota, tu acabou de comer um x-tudo com batata frita. - Ela revirou os olhos.

Perlla: Ai Naiara, Deus me livre, era só um pedaço, cruzes. - Gargalhei de boca aberta e ela fez cara de nojo.

Liguei a netflix e fui atualizar minha série, amava grey's anatomy de paixão, minha série favorita até hoje. Aproveitei e liguei o ar condicionado, peguei minha coberta e acabei de comer o meu lanche. Perlla estava focada mexendo no celular.

Naiara: Dá para parar de mexer no celular e ver a série comigo? Não te chamei aqui para tu ficar ai deitada sem me dar atenção. - Fiz bico.

Perlla: A gente tem que se arrumar novinha.

Naiara: Se arrumar? Para ir aonde? Tô sabendo disso não. - Franzi o cenho.

Perlla: Perigo falou para tu brotar no baile. - Engoli seco. - Mas é para tu ficar na disciplina, fazer o que ele mandar, se não já sabe né?

Naiara: Eu não quero ir... Imagina as pessoa me olhando prima, o que eu vou ficar fazendo lá? - Ela deu de ombros.

Perlla: Ordem dele, se quiser continuar recebendo a grana é melhor ir... - Relutei muito, mas acabei concordando.

Perlla foi para casa e voltou, trouxe roupa para mim e para ela, meus pais já dormiam, deixei apenas um bilhete dizendo que iria dormir na casa da minha prima. Fomos para casa de Eduardo, um amigo dela, já conhecia ele a um tempo, muito gente boa.

Perlla: Dudu sempre demora, paciência ta zero hoje. - Bateu palmas - Como é que é mona? Vai abrir o portão hoje ou amanhã? - Gritou.

Todos da rua olhavam assustados para ela, outros até faziam cara de nojo. Mas se tinha uma coisa que minha prima sabia ser era escandalosa e barraqueira, ô menina para querer gritar e chamar atenção viu..

Dudu: Calma irmã, tava fazendo meu muco. - Disse jogando o cabelo para os lados, eu ri e o abracei. - Fala feia, nunca mais me visitou em.. - Beijou meu rosto.

Naiara: Tanta coisa acontecendo Dudu! Mas prometo que vou vir mais vezes. - Ele assentiu.

Entramos em sua casa e foi só risada até a hora de se arrumar. Dudu é uma figura, muito bobo, dô risada atoa quando estou do lado dele.

A hora passava e o desespero aumentava. Caramba cara, o que eu iria fazer em um baile em plena quarta-feira de madrugada? Sabe aqueles lugares que você não imagina estar? Então...

Perlla: Vem, vou te deixar gata. - Sentei na cadeira enquanto ela fazia uma escova no meu cabelo, depois ela passou a prancha para selar os fios e por fim, olho de argan para abaixar os parentes.

Dudu fez uma make que eu nem me reconheci. Eu não conseguia parar de me olhar no espelho, realmente eu era uma outra pessoa, não vou negar, eu estava gostando desse lado meu. Nunca me achei bonita mas hoje pude mudar essa minha percepção com a maquiagem que ele fez em mim.

Vesti uma calça jeans escura e uma blusa apertada preta. Minha prima me obrigou a usar um short curto, mas eu não quis, é uma coisa minha, não gosto de usar e não vou! que coisa, parece que é difícil de entender. Calcei um salto baixo preto, me perfumei, escovei os dentes e reforcei o batom.

Dudu: Vamos negas? Tô prontissima, hoje ninguém me segura, volto carregadaaaa. - Ele disse e eu balancei a cabeça negativamente rindo.

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