Capítulo quarenta

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Naiara🎀

Assim que fiquei pronta, peguei minha bolsa e esperei Mariana na porta de casa. Eu estava um pouco insegura dos olhares que eu ainda iria receber, mas mesmo assim eu não me deixei abalar por conta disso. Hoje eu iria na igreja pela primeira vez depois de tanto tempo.

As coisas têm sido muito difíceis para mim... Além da gravidez, estou lidando com uma depressão profundo. Tenho me sentido cada dia mais só. Me sinto impotente e com a sensação de culpa nas costas.

Falando a verdade, quando eu disse que fiquei com marcas na alma, não pensei que iria durar tanto. Já faz um mês de todo o ocorrido e eu me sinto como se estivesse presa a aquele dia agoniante. Tenho pesadelos todos os dias e acabei desenvolvendo síndrome de pânico! Me sinto observada o tempo todo e minhas noites só são tranquilas a base de remédios.

Perlla me ajuda e sempre que pode ela passa um tempo comigo! Isso me ajuda muito mas infelizmente não supre todo esse sentimento angustiante. A minha prima também tem uma vida e eu jamais quero atrapalhar por egoísmo meu.

Assim que vi que a rua estava vazia dei um suspiro aliviado. Mariana acenou para mim da esquina e eu dei um sorriso. Abracei ela apertado.

Mariana: Meu Deus amiga, quanto tempo que a gente não se vê! Eu queria ter vindo antes mas Coringa achou que seria muito arriscado.

Naiara: Você fez bem de não vir, o clima estava péssimo, tu não perdeu nada. - Ela assentiu.

Mariana: Não quero comentar sobre nada que aconteceu pois sei que te machuca! Só quero dizer que eu estou aqui para o que você precisar. E conta comigo mesmo... Porque eu amo você e nunca será um incômodo te ajudar. - Dei um sorriso e beijei seu rosto.

Naiara: Você é um anjo, Mari! Obrigada.

Mariana: Não tem de quê, nós somos amigas! - Assenti. - Vamos?

Naiara: Vamos!

Conforme andávamos pelas ruas muitas pessoas me olhavam curiosas. Os olhares me incomodavam muito, não por serem de julgamento, mas sim porque sentiam pena de mim, pena da pessoa que eu me tornei! Isso era o que mais me doía.

Suspirei aliviada assim que chegamos na porta da igreja. Cumprimentei alguns obreiros conhecidos e sentei na última fileira. Sorri ao ver dona Nitta caminhar em minha direção.

Dona Nitta: Narinha, eu sabia que iria te ver aqui novamente, menina. - Sorriu. - Bem vinda novamente.

Naiara: Obrigada dona Nitta! É uma honra poder estar aqui de novo. - Ela assentiu. - É o lugar da onde eu nunca deveria ter saído, eu apenas perdi tempo. - Dona Nitta balançou a cabeça negando.

Dona Nitta: Nada é atoa e não foi perda de tempo. Talvez tenha reconhecido seu propósito quando estava fora daqui. - Ela sorriu. - Deus é perfeito Narinha. Talvez a sua mente estivesse fechada aqui nesse ambiente, talvez ele tenha te moldado de uma forma que você só enxergasse o plano dele para você lá fora. Lembre-se que a igreja está em você, não se limite á um lugar com quatro paredes! - Senti meu nariz arder com as palavras da Dona Nitta mas conti o choro.

Naiara: Obrigada pelas palavras. - Ela assentiu e me abraçou.

Depois que Nitta foi para o seu acento o culto começou. E posso dizer com propriedade do quanto Deus falou comigo naquela noite, do quanto eu fui abençoada e preenchida com aquela palavra. Parecia que cada frase dita naquele púlpito era sobre tudo que eu estava passando... Deus me deu a paz que eu tanto precisava alí naquele lugar. Foi alí que eu vi que pessoas nunca irão me preencher dessa forma tão perfeita... Nada nunca vai ocupar o espaço do Senhor na minha vida. E eu simplismente não posso viver sem ele! Pois é como o ar que eu respiro, o meu fôlego de vida.

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