Opostos [Morro]

capítulo onze

Naiara🎀

Eu ruia minhas unhas impaciente. Eu estava preocupada. Com meus pais, meu irmão que voltaria da casa da namorada hoje e por incrível que pareça, também estava preocupada com Perigo.

Já passavam das 10:00 PM, eu olhava toda hora o meu relógio ansiosa. Meu coração bateu mais forte ao ouvir o estrondo da porta sendo aberta. Perigo entrou naquele local, o mesmo reprimia os lábios aparentando sentir dor. Também havia uma blusa amarrada em seu braço.

Naiara: Perigo, o que houve? - Corri até ele.

Perigo: O que você acha? - Esbravejou e tentou levantar o braço mas na mesma hora gemeu de dor.

Naiara: Você precisa ir ao postinho, onde está seus documentos? - Perguntei, ele me encarou e riu irônico.

Perigo: Tá de sacanagem? Eu só levei um tiro no braço Naiara! Não vou morrer não caralho. - Revirei os olhos.

Caminhei até seu quarto e adentrei o banheiro que tinha lá. Abri o armário e tirei dali algodão, soro fisiológico, atadura e esparadrapo. Voltei para sala e sentei ao lado de Perigo, ele me encarou e arquiou a sobrancelha.

Perigo: Tá fazendo o que? Não encosta, tá maluca?! - Disse assim que eu desamarrei a blusa de seu braço.

Naiara: Fica quietinho, só um pouco. - Eu disse e ele bufou, nem liguei, reclama até quando eu ajudo, nunca vi! Ogro.

Retirei a blusa e olhei o machucado, estava um pouco fundo, precisei limpar com o soro e estancar o sangue, assim que acabei de fazer tudo, fechei o machucado com a atadura e o esparadrapo.

Naiara: Vou indo para casa, até qualquer dia. - Murmurei mas ele não respondeu. Saí de sua casa e desci o morro mais rápido que uma bala, estava deserto e também um clima muito estranho. É sempre assim depois de que acontece os confrontos.

Cheguei em casa, as luzes estavam apagadas. Dei um pulo assim que mamãe acendeu a luz do abajur da sala, ela arqueou a sobrancelha e me olhou desconfiada.

Naiara: Oi mãe..

Renata: Onde tu estava, Naiara? - Perguntou e eu engoli seco, minhas pernas começaram a tremer e eu balbuciava.

Naiara: Estava, é, estava na casa da... Perlla. - Ela sorriu irônica.

Renata: Perlla ligou para cá perguntando de você. - Mordi os lábios e encarei o chão, estava totalmente envergonhada, sempre odiei mentir para minha mãe. - Estou te esperando ansiosamente desde 17:00 da tarde, queria te dar uma notícia! Uma notícia muito boa mas pela primeira vez você me decepcionou.

Naiara: Desculpa.. - Murmurei ainda encarando o chão. - Mas o que aconteceu de tão importante?

Renata: Seu pai, ele, ele ganhou o tratamento. - Sorriu. - Um irmão da igreja disse que irá pagar e cobrir todos os gastos necessários com a quimioterapia e os remédios. Você não vai mais precisar se desdobrar, minha filha... - Ela me abraçou e logo as lágrimas chegaram aos meus olhos.

Eu não sabia o que falar, estava feliz, muito feliz, radiante. Papai irá conseguir, ele vai se curar! E eu me livrei de Perigo de uma vez por todas, não precisarei mais passar por todo esse sofrimento, toda essa vida de pecado..não serei mais dele, não precisarei mais me deitar com ele e nem fazer nada que eu não queira.

Era uma sensação de alívio mas ao mesmo tempo dúvida, sei lá! Não consigo ao menos explicar, da mesma forma que estou feliz, eu consigo sentir uma pontada no peito, uma insegurança, coisa de outro mundo, sensação mista.