capítulo treze

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Naiara🎀

Minhas lágrimas escorriam ao vê-lo deitado sobre aquele caixão. Um vazio se instalou dentro de mim e de repente, a vida perdeu a cor e a tristeza pairou sobre aquele cemitério.

Beijei o rosto gélido de papai e fiz carinho em seus cabelos lisos.

Naiara: Como eu te amo pai... - Solucei. - Me perdoa por tudo? Não fui boa o suficiente para o senhor, eu..eu podia ter me esforçado mais, podia ter conseguido aquele dinheiro de uma forma justa.. mas, mas agora o senhor se foi e me deixou sozinha nesse mundo horrível... volta para mim, por favor. - Fechei os meus olhos sentindo o vento gelado encostar em meu rosto.

Mamãe me abraçou assim quando anunciaram que iriam enterrar o caixão. Me recusei a sair de perto de papai e segurei aquele caixão impedindo que tirassem papai dali.

Naiara: Deixem eleeeee!!!! Deixe meu paizinho por favor! Ele não merece ficar aqui sozinho... - Eu já não enxergava por conta das lágrimas insistentes que escorriam por todo o meu rosto.

Renata: Minha filha? Acorda! Naiara? Eu tô aqui meu amor, já passou. - Mamãe me abraçou fortemente e eu chorei em seu colo.

Naiara: Eu tive um pesadelo mãe... Papai morria nele, eu, eu não quero que isso aconteça. - Apertei seu braço e a mesma acariciou meu rosto.

Renata: Fique tranquila. Esse pesadelo foi um livramento para seu pai. - Sorriu docemente.

Papai chegou logo depois e se juntou a nós, abracei o mesmo com força e o enchi de beijos.

Gilberto: Te amo, minha princesa. Você ainda vai aturar muito o velho aqui tá? Ram, não vai querer se livrar de mim fácil. - Fez cócegas e mim e eu gargalhei.

***

Acordei com meu celular apitando. Eram três e meia da madrugada, abri a janela e estava tudo escuro e com muito silêncio. Suspirei fundo estranhando mensagens aquela hora. Não poderia ser coisa boa.

WhatsApp:

9xxxxxxx: Brota no seu portão.

Engoli seco e deixei meu celular de lado. Pus um casaco e caminhei lentamente até a sala. Mordi os lábios e abri a porta devagar, caminhei por aquele quintal e abracei meus braços por conta do frio. Abri meu portão lentamente e arregalei os olhos ao ver a cena à minha frente.

Naiara: Perigo? O que... Mas o que aconteceu? Você está machucado? - Ele tentou falar mas balbuciou. - Oh meu Deus...

Diego estava deitado na calçada com uma garrafa de whisky na mão. Ele falava sozinho. Bêbado e drogado em dia de baile. Não precisei nem fazer muito esforço para decifrar o seu estado crítico.

Puxei o mesmo fazendo ele ficar sentado. Ele olhou para mim e sorriu. Sorriu sincero. Era um sorriso que eu nunca tinha visto sair da sua boca antes. Ele parecia feliz em me ver?

Naiara: Por que faz isso com si mesmo? - Acariciei seus cabelos ralos.

Perigo: E por que tu é tão linda, nega? - Engoli seco.

Mordi os lábios sem saber o que fazer naquela situação. A única coisa que pensei foi ligar para Popó vir busca-lo de carro. Esperei com Diego sentada na calçada. Popó chegou em menos de dez minutos.

Naiara: Popó, leva ele para casa e dá um banho gelado nele, por favor.

Popó: Po mina, nem vai dar! Minha cria tá doente, tô ajudando a mãe dela... - Ele realmente parecia falar a verdade. - Faz assim, eu levo vocês dois para casa dele e tu ajuda ele. - Entortei os lábios mas acabei assentindo. Afinal, eu não tinha saída. Era isso ou deixar ele deitado sozinho no meio da rua.

Popó nos deixou na casa de Perigo. Pus o braço do mesmo em volta do meu pescoço o ajudando a andar. Ele jogou o peso todo em cima de mimZ

Naiara: Perigo... Me ajuda vai, tu é pesado. - Sorri achando graça da situação e ele olhou para os meus lábios.

Perigo: Teu sorriso acaba comigo. - Murmurou e senti minha bochechas queimarem.

Foca Naiara, ele está bêbado. Nada disso é verdade. Apenas uma ilusão.

Para subir com ele para o quarto foi uma luta mas finalmente consegui. O ajudei a tirar sua camisa, a calça e logo em seguida sua cueca.

Naiara: Vem... Vamos para o banho. - Eu disse o empurrando até o banheiro.

Liguei o chuveiro no gelado e o ajudei a entrar no boxe. Eu ri quando vi o mesmo fazer uma careta ao sentir a água gelada batendo contra seu corpo desnudo. Ele ajeitou seu cabelo e me olhou.

Perigo: Me passa o sabonete.. - Disse sério. Entreguei o sabonete para ele, mas Diego o derrubou, me fazendo dar uma risada.

Naiara: Deixa que eu te ajudo. - Peguei o sabonete no chão do boxe e o lavei. - Vira! - Pedi e ele se virou. Suspirei fundo passando o sabonete por toda a extensão de suas costas largas.

O ensaboei nas costas, nos braços, no pescoço, mapeei o seu corpo com minhas mãos.

Naiara: Prontinho. - Sussurrei, entregando o sabonete novamente em suas mãos.

Perigo: Ainda não. - Ele se virou e puxou meu braço, me fazendo entrar no chuveiro. Senti todos os meus pelos se arrepiarem quando a água gelada entrou em contato com a minha pele quente.

Naiara: Perigo nãooooooo, aí meu Deus, está gelada.. - Eu disse e ele mordeu os lábios enquanto olhava para meu baby doll que naquele momento já estava completamente molhado.

Eu queria beija-lo, estava louca, meu corpo vibrava. Nunca havia sentido tanto desejo em toda minha vida. Mas não podia... pois não era real.

Naiara: É... Vamos sair? Tomar um café, é... Você precisa né.. - Tentei sair mas ele me puxou novamente colando nossos corpos.

Perigo: Sair desse boxe sem me dar um beijo é muita covardia. - Disse ao pé do meu ouvido me fazendo arrepiar.

Colei meus lábios nos dele rapidamente, em um selinho demorado. Acariciei sua bochecha e dei um sorriso fraco enquanto encarava cada centímetro do seu rosto. Ele bufou decepcionado e eu ri de sua reação. Nós não podíamos. Não naquele momento. Eu queria Diego por completo. Não queria ser apenas alguém que ele chamasse na madruga. Queria ser... mais que isso.

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