Naiara🎀
Minhas lágrimas escorriam ao vê-lo deitado sobre aquele caixão. Um vazio se instalou dentro de mim e de repente, a vida perdeu a cor e a tristeza pairou sobre aquele cemitério.
Beijei o rosto gélido de papai e fiz carinho em seus cabelos lisos.
Naiara: Como eu te amo pai... - Solucei. - Me perdoa por tudo? Não fui boa o suficiente para o senhor, eu..eu podia ter me esforçado mais, podia ter conseguido aquele dinheiro de uma forma justa.. mas, mas agora o senhor se foi e me deixou sozinha nesse mundo horrível... volta para mim, por favor. - Fechei os meus olhos sentindo o vento gelado encostar em meu rosto.
Mamãe me abraçou assim quando anunciaram que iriam enterrar o caixão. Me recusei a sair de perto de papai e segurei aquele caixão impedindo que tirassem papai dali.
Naiara: Deixem eleeeee!!!! Deixe meu paizinho por favor! Ele não merece ficar aqui sozinho... - Eu já não enxergava por conta das lágrimas insistentes que escorriam por todo o meu rosto.
Renata: Minha filha? Acorda! Naiara? Eu tô aqui meu amor, já passou. - Mamãe me abraçou fortemente e eu chorei em seu colo.
Naiara: Eu tive um pesadelo mãe... Papai morria nele, eu, eu não quero que isso aconteça. - Apertei seu braço e a mesma acariciou meu rosto.
Renata: Fique tranquila. Esse pesadelo foi um livramento para seu pai. - Sorriu docemente.
Papai chegou logo depois e se juntou a nós, abracei o mesmo com força e o enchi de beijos.
Gilberto: Te amo, minha princesa. Você ainda vai aturar muito o velho aqui tá? Ram, não vai querer se livrar de mim fácil. - Fez cócegas e mim e eu gargalhei.
***
Acordei com meu celular apitando. Eram três e meia da madrugada, abri a janela e estava tudo escuro e com muito silêncio. Suspirei fundo estranhando mensagens aquela hora. Não poderia ser coisa boa.
WhatsApp:
9xxxxxxx: Brota no seu portão.
Engoli seco e deixei meu celular de lado. Pus um casaco e caminhei lentamente até a sala. Mordi os lábios e abri a porta devagar, caminhei por aquele quintal e abracei meus braços por conta do frio. Abri meu portão lentamente e arregalei os olhos ao ver a cena à minha frente.
Naiara: Perigo? O que... Mas o que aconteceu? Você está machucado? - Ele tentou falar mas balbuciou. - Oh meu Deus...
Diego estava deitado na calçada com uma garrafa de whisky na mão. Ele falava sozinho. Bêbado e drogado em dia de baile. Não precisei nem fazer muito esforço para decifrar o seu estado crítico.
Puxei o mesmo fazendo ele ficar sentado. Ele olhou para mim e sorriu. Sorriu sincero. Era um sorriso que eu nunca tinha visto sair da sua boca antes. Ele parecia feliz em me ver?
Naiara: Por que faz isso com si mesmo? - Acariciei seus cabelos ralos.
Perigo: E por que tu é tão linda, nega? - Engoli seco.
Mordi os lábios sem saber o que fazer naquela situação. A única coisa que pensei foi ligar para Popó vir busca-lo de carro. Esperei com Diego sentada na calçada. Popó chegou em menos de dez minutos.
Naiara: Popó, leva ele para casa e dá um banho gelado nele, por favor.
Popó: Po mina, nem vai dar! Minha cria tá doente, tô ajudando a mãe dela... - Ele realmente parecia falar a verdade. - Faz assim, eu levo vocês dois para casa dele e tu ajuda ele. - Entortei os lábios mas acabei assentindo. Afinal, eu não tinha saída. Era isso ou deixar ele deitado sozinho no meio da rua.
Popó nos deixou na casa de Perigo. Pus o braço do mesmo em volta do meu pescoço o ajudando a andar. Ele jogou o peso todo em cima de mimZ
Naiara: Perigo... Me ajuda vai, tu é pesado. - Sorri achando graça da situação e ele olhou para os meus lábios.
Perigo: Teu sorriso acaba comigo. - Murmurou e senti minha bochechas queimarem.
Foca Naiara, ele está bêbado. Nada disso é verdade. Apenas uma ilusão.
Para subir com ele para o quarto foi uma luta mas finalmente consegui. O ajudei a tirar sua camisa, a calça e logo em seguida sua cueca.
Naiara: Vem... Vamos para o banho. - Eu disse o empurrando até o banheiro.
Liguei o chuveiro no gelado e o ajudei a entrar no boxe. Eu ri quando vi o mesmo fazer uma careta ao sentir a água gelada batendo contra seu corpo desnudo. Ele ajeitou seu cabelo e me olhou.
Perigo: Me passa o sabonete.. - Disse sério. Entreguei o sabonete para ele, mas Diego o derrubou, me fazendo dar uma risada.
Naiara: Deixa que eu te ajudo. - Peguei o sabonete no chão do boxe e o lavei. - Vira! - Pedi e ele se virou. Suspirei fundo passando o sabonete por toda a extensão de suas costas largas.
O ensaboei nas costas, nos braços, no pescoço, mapeei o seu corpo com minhas mãos.
Naiara: Prontinho. - Sussurrei, entregando o sabonete novamente em suas mãos.
Perigo: Ainda não. - Ele se virou e puxou meu braço, me fazendo entrar no chuveiro. Senti todos os meus pelos se arrepiarem quando a água gelada entrou em contato com a minha pele quente.
Naiara: Perigo nãooooooo, aí meu Deus, está gelada.. - Eu disse e ele mordeu os lábios enquanto olhava para meu baby doll que naquele momento já estava completamente molhado.
Eu queria beija-lo, estava louca, meu corpo vibrava. Nunca havia sentido tanto desejo em toda minha vida. Mas não podia... pois não era real.
Naiara: É... Vamos sair? Tomar um café, é... Você precisa né.. - Tentei sair mas ele me puxou novamente colando nossos corpos.
Perigo: Sair desse boxe sem me dar um beijo é muita covardia. - Disse ao pé do meu ouvido me fazendo arrepiar.
Colei meus lábios nos dele rapidamente, em um selinho demorado. Acariciei sua bochecha e dei um sorriso fraco enquanto encarava cada centímetro do seu rosto. Ele bufou decepcionado e eu ri de sua reação. Nós não podíamos. Não naquele momento. Eu queria Diego por completo. Não queria ser apenas alguém que ele chamasse na madruga. Queria ser... mais que isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Opostos [Morro]
Ficção AdolescenteE se a filha do pastor se apaixonasse por um traficante? #1 lugar no ranking razão 04/01/19 - 28/08/19