Four.

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AVISO: capítulo com alta dose de terror psicológico e outras formas de tortura, para quem tem grande sensibilidade a tais assuntos recomendo que pule, isso não afetará na compreensão da história.



Terça-feira.



~Pov Mellanie


Viver aqui faz com que todas as definições de inferno pareçam piada, não pago para ver, mas duvido que exista algo pior. Passar a eternidade sendo queimada parece cócegas. 

Ou talvez esteja morta e este seja o inferno.

Sei exatamente o que estão fazendo, o objetivo por trás de cada tortura. Querem me desestabilizar, me fazer contar algo que acham que sei. Gostaria de saber, e assim poder me livrar disso. Gostaria de pelo menos conseguir colocar na cabeça deles que realmente não sei de nada, não sou a pessoa que procuram, mas duvido que me deixem em paz.

A cada dia fico mais confusa e longe de descobrir o que aconteceu. Minha cabeça dói, meus olhos latejam, parecem querer sair do meu rosto.

Sempre que meus ouvidos se acostumam com a música, mudam a melodia, aumentam o grave, explodem minha audição. Sempre que minha visão se acostuma com a iluminação, aumentam, tenho um refletor em minha cara, ligado na máxima potência. Sempre que me acostumo com a temperatura eles aumentam a ponto de me fazer derreter e então diminuem para me congelar. Sempre que tento dormir sou levada ao barril e afogada por diversas vezes, ou então me colocam em uma cadeira de choque... não me desespero mais.

Meu estômago ronca, eu poderia comer um boi inteiro se me dessem. Nem um rio seria capaz de acabar com minha sede, não há mais saliva.

É humilhante ter que fazer minhas necessidades aqui, sentada, presa nessa cadeira. O cheiro foi a única coisa que me permitiram me acostumar.

O relógio me dá noção do tempo, a cada 6h entra alguém aqui, a cada 6h eu saio dessa sala, a cada 6h é uma tormenta diferente. As últimas coisas que lembro são as que aconteceram a pouco tempo, minha cabeça parece não funcionar. Lembro de me colocarem soterrada com cobras, e de mais cedo injetaram drogas na minha veia. Se perguntar o que fiz ontem já não sei, não me lembro.

Falha foram as tentativas de asfixia. O "chefe" tinha razão ao me prender na mesa e cadeira, se tivesse uma mão livre já teria arrancado minha vida e ido ficar com minha mãe, sorrio.

Pensar na minha mãe é a única coisa que me traz conforto, nem consigo chorar mais. Estão arrancando tudo de mim.

Por quê, Deus?

-Boa noite, animalzinho! – o homem do terno caro, o "chefe", abre a porta e me cumprimenta animado – Nossa, suas olheiras estão tão fundas! – finge espanto – Não estão te deixando dormir direito?

É o único que fala comigo. 

Pega o controle sob a mesa e desliga o som, meus ouvidos agradecem. 

-Como aguenta toda essa barulheira? – debocha – Mal dá para conversar com esse volume! – reclama, trajando o sorriso mortal no rosto. 

Cínico.

Caminha em minha direção e se agacha, encarando fixamente meus olhos.

-Me mate! – imploro, ele ri.

-Isso não teria graça alguma para mim – acaricia meu rosto.

Não tenho dúvidas que esse homem seja o demônio. 

Exilada na MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora