Capítulo 34

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Mat narrando

Não consegui dormir direito, sempre que eu dormia sonhava com o meu pai morrendo nos meus braços, isso de certa forma me aterrorizou, e sempre que acordava me lembrava dele falando pra perguntar por Rute, pelo jeito Maria escondia muitas coisas de mim. Deixei Mandy na cama e fui pra cozinha preparar café, todos dizem que café tira o sono, mas acho que não sou normal, café não faz nada de diferente comigo, quando eu precisava ficar acordado por alguma coisa do departamento eu tomava energético. Hoje seria o dia que Maria iria vir pra minha casa, ela era governanta da casa do meu pai e da minha, era puxado, mas ela dizia que não podia deixar nenhum de nós dois sozinhos, eu estava no jardim quando ela chegou.

Maria: Mat!? O que você está fazendo aqui fora? O que aconteceu com sua casa?

Mat: Maria, precisamos ter uma longa conversa.

Maria: Ai meu Deus, fala logo meu filho, eu estou ficando nervosa.

Mat: Minha casa foi invadida ontem, a líder de uma gangue quis acertar as contas com Henry, mas você não pode dizer isso pra ninguém, o departamento e a corporação tiveram que vir aqui, prenderam ela, mas pra protege-lo, nós modificamos um pouco da história, mas descobri que o meu pai estava aliado com ela.

Maria: Como assim filho? Seu pai faz parte de uma gangue? Mas ele não é da corporação?

Mat: É, ele fazia parte de uma gangue, acho que por isso que ele matou minha mãe e o pai de Henry.

Maria: Fazia? Ele saiu da gangue? Henry conquistou a gangue?

Mat: Não Maria, a líder da gangue que meu pai era sócio matou ele com uma facada nas costas.

Maria: Ai meu Deus. Mat, eu não sei nem o que dizer.- ela já estava começando a chorar

Mat: Calma Maria, não precisa ficar desse jeito, eu sei que você tem uma vida ao lado do meu pai, foi muito tempo que você trabalhou pra ele.

Maria: Não vou dizer que ele era o melhor patrão do mundo, mas eu gostava dele como ser humano, ele tinha várias faces e não costumava mostrar todas.

Mat: E é sobre uma dessas faces ocultas que eu quero falar com você.

Maria: Não entendi! O que você quer saber?

Mat: Antes de morrer ele me mandou falar com você e perguntar por uma pessoa em especial.- percebi que ela começou a ficar nervosa

Maria: Que pessoa seria essa? É mais sobre a sua mãe? Afinal de contas ele não sabe que eu te contei aquela história.

Mat: Não Maria, não é sobre minha mãe, eu já tenho um certo pensamento sobre essa pessoa mas preciso ter certeza. Maria, quem é Rute?

Maria: É... eu... acho... Tá bom, não vou lhe esconder isso, já que foi o seu pai no leito de morte que pediu, ele sabia que já que ele não estaria mais aqui você a poderia ajudar. Rute é minha filha.

Mat: Só sua? Confirme meus pensamentos.

Maria: Não Mat, Rute é minha filha com seu pai, e ela desde quando nasceu mora fora do país por que o seu pai queria de certa forma encobrir o que fez, mas não conseguiu se desapegar da menina.

Mat: Onde ela mora? Com quem ela foi morar?

Maria: Quando ela nasceu eu fui com ela pra casa da minha irmã no Brasil e fiquei um tempo com ela, até completar dezoito anos ela morava com a tia e quando completou dezoito Tales deu uma casa de presente de aniversário, desde então ela mora só.

Mat: Dezoito!? E quantos anos ela tem agora?

Maria: Dezenove, quase completando vinte.

Mat: E você e meu pai esconderam ela de mim por todo esse tempo? Uma irmã quatro anos mais nova que eu, nós poderíamos ter crescido juntos. O que foi que levou a vocês tomarem a decisão de afastar ela de todos?

Maria: Isso tudo aconteceu depois que sua mãe saiu de casa, seu pai estava muito bravo com ela, e um dia chegou muito bêbado em casa, ele me humilhou e... e...

Mat: Por favor, continue, eu preciso saber dessa história.

Maria: ...e me estuprou.- fiquei muito surpreso com isso, nunca imaginei que meu pai pudesse ter feito isso- Eu fiquei muito traumatizada, cheguei até a desmaiar, no outro dia decidi que iria embora, ele acordou e me implorou mais do que tudo pra que eu continuasse lá, que não iria aguentar mais um abandono na vida, ele se humilhou, coisa que eu nuca vi o seu pai fazer pra ninguém, como eu já conhecia ele a algum tempo eu sabia que suas desculpas eram verdadeiras, e junto ao fato de não ter pra onde ir eu decidi ficar lá, passei alguns dias muito cautelosa, eu andava com uma faca escondida pra me defender se ele quisesse me denegrir novamente, por volta de dois meses depois eu descobri que estava grávida e ele não poderia deixar que isso manchasse a sua imagem por isso ele me mandou para o Brasil, e disse que sempre iria cuidar do filho ou filha, mas ele ou ela não poderia ficar aqui, uma vez por mês ele me dava um tipo de férias, eu passava uma semana lá e assim como ele prometeu nunca deixou faltar nada que ela precisasse, ele era bastante carinhoso com ela, ele também ia muito lá, sempre visitava minha filha, graças a ele fazem dois meses que ela se formou administração e tem um emprego ótimo. Eu sempre falava com ele pra lhe contar sobre ela, que você tinha o direito de saber, mas acho que o que ele fez ainda era uma mancha muito escura no seu passado e ele tinha medo de remexer nisso.- nós dois já estávamos chorando

Mat: Maria, pode ter certeza que sempre que ela ou você precisar eu estarei aqui, peço que você entre em contato com ela, ela tem o direito de saber que o pai morreu e de vir ao seu enterro, aqui eu conversarei com ela e farei uma proposta a vocês duas. Pode ir pra sua casa, tirar a semana de folga, ligarei pra dizer todos os detalhes do enterro, quero vocês duas lá, afinal, nós três éramos a única família dele.

Amor ao CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora