Capítulo 29

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Miguel Narrando.

A Betina não queria ser ajudada, então não rendi mais moral. Pedi comida pelo o iFood, botei um filme na Netflix, enchi a mesa de centro com as coisas da faculdade e fiquei ali fingindo que estava estudando enquanto assistia ao filme e comia.

Já estava ficando tardão, enquanto eu fingia que estudava pra avaliação de amanhã, assisti dois filmes e comi pra caralho. Lá pelas 01h00min, guardei minhas coisas no quarto, lavei a louça que sujei, tranquei toda a casa, tomei aquele banho e botei só uma samba canção. Botei meu celular pra carregar, joguei em cima da cama e fiquei tranquilão mexendo em pé mesmo.

Ouvi um puta barulho de vidro sendo espatifado no chão, larguei o celular em cima da cama e sai em disparado do quarto. Segui direto para a cozinha, que era de onde vinha o som.

― Droga, droga, droga! – Ela repetia aos soluços com o rosto todo molhado de suor e lágrimas enquanto com raiva socava os cacos de vidro no chão. Dei dois passos para trás, em choque por ver a Betina perder completamente o controle de si. A presilha que prendia o cabelo dela se soltou devido aos movimentos e mesmo o cabelo dela tampando sua visão, ela não parou. Meu coração foi na boca de tão desacreditado que fiquei só de vê-la desse jeito.

Miguel: Betina você ficou louca, porra? – O sangue da mão dela se misturavam aos cacos e manchavam o chão da cozinha – Para com isso caralho, para! – Passei por cima dos cacos, puxando ela com força do chão e a prendi em meus braços.

Betina: ME LARGA MIGUEL, ME DEIXA EM PAZ. – Disse aos berros, debatendo-se em meus braços.

Miguel: OLHA O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM A SUA MÃO, PARA CARALHO. – Andei com ela pela cozinha, tirando-a dali e a mantive presa em meus braços.

Betina: ESQUECE DE MIM, MIGUEL, ESQUECE! – Ela jogou a cabeça para trás, chorando descontroladamente – Eu não aguento mais isso, Miguel, eu não quero mais. – Sua voz saiu rouca, desesperada.

Miguel: Que isso, Betina? – Não tinha para onde ir, nem sabia o que fazer com ela – Se acalma, me conta o que está acontecendo contigo.

Betina: NADA MIGUEL, EU JÁ DISSE MIL VEZES QUE NÃO TEM PORRA NENHUMA ACONTECENDO COMIGO. – Ela me chutou e tentou se desvencilhar de mim – ME SOLTA EU QUERO SAIR DAQUI, EU QUERO IR EMBORA, ME LARGA. – Quanto mais ela lutava para se soltar, mas eu a prendia em mim. Ela foi enfiando as unhas na minha pele, os pequenos pedaços de caco em sua palma da mão feriam também a minha pele que ia manchando com o sangue dela.

Miguel: PARA CARALHO. – Falei firme, aumentando o tom de voz e ela parou de lutar contra mim na hora, mas manteve apertada a pegada meu braço. O silêncio no ambiente só não reinou pelo choro compulsivo dela que se sucedeu – Bê...

Betina: Não. – Negou com a cabeça tombando-a para frente.

Miguel: Eu sei que as coisas para você estão difíceis...

Betina: Não precisa falar nada. – Soluçou enquanto falava, ela escorreu para o chão no momento que afrouxei a pegada por medo de estar a machucando.

Miguel: Por que você está se machucando desse jeito? – Botei minha mão por cima da dela, fazendo com que ela abrisse as gotas de sangue pingaram grossas no chão, olhei para mão trêmula dela – Deixa eu te ajudar, você não precisa fazer tudo sozinha.

Betina: EU SOU SOZINHA, MIGUEL. – Esbravejou com ódio e não ia demorar muito para um vizinho vir saber o que estava acontecendo aqui.

Ela estava desmoronando na minha frente e a questão era a que eu não sabia o que fazer pra manter ela de pé.

Agora eu quero irOnde histórias criam vida. Descubra agora