Fui traída pelo meu corpo, meu cérebro não processou meus inúmeros alertas de sair andando dali e meus olhos estavam parados sobre ele que também não se moveu. Segurei na maçaneta da minha porta, que se tudo desse errado, eu iria correr para ali dentro e só sair quando ele fosse. Suadas, minha mão acabou escorregando e pesada bateu na minha coxa fazendo um estalo no corredor silencioso. Era para ser mais uma manhã normal, para ele estar com o seu mau humor matinal, eu perturbar até fazê-lo sorrir, irmos para a academia, eu passar 2 horas o vendo treinar e pegar ele me olhando o tempo inteiro. Era para essa manhã eu sentir a mão dele na minha, queria ouvir mais uma vez que ele repetisse tudo o que disse para mim no restaurante sexta feira, mas para que dizer, não é? Havia necessidade de tudo o que nós vivemos ser sustentados quando uma ofensa fere? Eu tenho uma lista de prioridades na minha vida, como terminar minha faculdade e evoluir profissionalmente. Ser chamada de puta por um cara mimado, que escolheu não se tratar e desconta tudo nos outros, não está dentro da minha lista e nunca vai estar.
Encerrei racionalmente a minha babaquice no corredor, ainda bem que havia passado uma boa make, que ele não visse mesmo que eu havia chorado por ele. Fui para a cozinha, a porta da área de serviço estava aberta e dali dava para ver que o Noah estava fumando no quintal enquanto tomava café. Enquanto preparava minha vitamina, procurei pelo nome do Antony e mandei mensagem para ele ignorando todas as anteriores.
Mensagem
Betina: Tony, posso ficar na sua casa esse final de semana?
Tony: Ainda pergunta, Tina?
Betina: Preciso sair um pouco daqui.
Tony: Vou tentar fazer um extra e trocar de dia no restaurante, assim eu fico mais contigo.
Betina: Tudo o que eu preciso agora é de um abraço.
Tony: Erick me falou.
Betina: Não quero falar desse assunto mais, pode ser?
Tony: Tem certeza do que está pedindo?
Betina: Tenho.
Tony: Você vem sábado ou sexta?
Betina: Sexta, vou matar a aula.
Tony: Você pode?
Betina: Podendo ou não, preciso de um espaço.
Tony: Esse é o foda de se envolver com alguém da mesma casa.
Betina: É....
Não queria entrar naquele assunto nem com o Antony e nem com ninguém. Coração partido sufoca, mas não mata e ensina como a gente deve seguir o baile. Tomei meu café da manhã e peguei o ônibus para o trabalho. Assim que cheguei a Micaela reparou que eu não estava muito bem, deixou um beijo no meu rosto e ficou na sua. Bom de trabalhar com a Mica é que ela entende o momento de me deixar quieta, seria ótimo se o Caleb entendesse isso. Mas ele entende? Não entende!
Caleb: Você prefere japa ou italiana?
Betina: Está falando de quê? – Estava com uma dor de cabeça péssima, chega estava difícil me concentrar no trabalho.
Caleb: Do tipo de restaurante que iremos hoje.
Betina: Não vamos.
Caleb: Você terminou com o Miguel e não com a família dele. Enfim, japa ou italiana? – Se escorou no balcão e ficou mexendo em um dos flyers de lojas parceiras.
Betina: Tirando o comentário anterior desnecessário, eu prefiro italiana, mas eu não vou sair para comer contigo.
Caleb: Qual é? Vai almoçar na academia?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Agora eu quero ir
RomanceTraumas psicológicos levaram Betina deixar o interior de São Paulo e buscar uma vida melhor na capital. Mas para isso acontecer ela precisou mentir sua verdadeira identidade. ✓ História publicada originalmente no VK no dia 2 de dezembro de 2017 e fi...