Capítulo 34

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Miguel Narrando.

Deixei meu carro na rua, nem esquentei dele dormir lá. Abri a porta da sala e assim que entrei vi a Betina deitada no sofá assistindo série. Ela estava comendo alguma coisa dentro de um pote de sobremesa, mas parou só pra me olhar. Encostei de qualquer jeito na porta, meu coração estava acelerado e eu disfarcei para que ela não visse que eu mal estava conseguindo respirar.

Betina: Que cara é essa?

Miguel: Bora dar um rolê? – Nem me preocupei de fechar a porta, queria sair pra dar uma volta e botar minha cabeça no lugar.

Betina: Agora?

Miguel: É... Agora, Betina.

Betina: Vamos, deixa eu só trocar de roupa. – Ela levantou do sofá.

Miguel: Tá ótimo assim, precisa não. – Ela deu uma olhada para sua roupa.

Betina: Pra onde vamos?

Miguel: Anda logo, Betina. – Sai de casa, deixei a porta aberta para ela sair e fui para rua. Ela veio atrás de mim, fechou o portão e botou seu celular dentro do meu bolso. Eu sentia a urgência de ficar na rua, ficar em um lugar fechado não ia adiantar nada.

Betina: O que aconteceu?

Miguel: Nada não, só preciso dar uma andada. – Soltei o ar e parei pra olhar pra ela.

Betina: Tá com essa cara ai de bravinho. – Sorriu batendo na ponta do meu nariz devagar – Quero saber o que foi. – É bem mais simples quando a treta é com a Betina e não comigo. Não sou de ficar falando dos meus problemas pra ninguém, muito mal quem sabe da minha vida é a Ritinha, nunca fui também de ter grandes amizades.

Ela sacou que eu não ia ficar de papo agora, não seu por vencida, mas começou a caminhar comigo. Já deveria ser bem mais de 23h e eu pensando feito doido na minha irmã. A Betina passou o braço pela mão até pegar na minha entrelaçando nossos dedos, olhei para ela que continuou olhando para frente.

― Tá estressado com o que? – Perguntou baixinho enquanto ia fazendo um carinho com o polegar na minha mão – Vai disfarçar logo comigo?

Miguel: Nega não perde seu tempo com os meus problemas.

Betina: Só queria minha companhia? – Assenti com a cabeça, ela encostou a cabeça no meu braço e fomos andando devagar descendo a avenida perto da nossa casa. O movimento já estava diminuindo, às vezes só era eu e a Betina ali. Por um momento fechei meus olhos, tentando conter as ondas de estresse que tumultuavam a minha cabeça, tentando me controlar. Odeio quando algo vem e ataca as minhas emoções, a Emilly era a única coisa fora do lugar e eu não conseguia reorganizar.

― Você fica comigo quando me vê na pior e eu não posso sequer te ouvir?

Miguel: Você é suportável, Betina.

Betina: Você também é, não tá vendo que eu estou querendo te fazer bem? Eu estou vendo que você está mal, não vem dizer que não é nada. – Ela me largou e me fez parar ao entrar na minha frente.

Miguel: Você não vai começar a brigar comigo agora né? – Olhei para a rua querendo não perder o pouco da paciência que ainda tinha.

Betina: Miguel olha para mim. – Ela bateu em meu peito sem causar dor e subiu sua mão até meu pescoço se aproximando de mim – Olha pra mim, desgraça. – Só fiz o que ela mandou, mantendo-me em silêncio assistindo ela ir aproximando seu rosto do meu. Parou sua boca centímetros da minha, fazendo um bom carinho na minha nuca com a unha – Eu estou aqui, não está vendo? – Sussurrou com os olhos fechados – Deixa eu cuidar de você. – Mal dava mais para ouvir sua voz, soltei o ar pela boca, ela sem pressa mordeu meu lábio inferior chupando-o devagar, levando-me a ceder a ela. Passei minhas mãos pelo corpo da Betina, trazendo-a para mim de uma só vez. Ela guiou o beijo e não me deixou fazer isso em momento nenhum. Relaxei nas suas carícias e na sua boca que estava com gosto de morango. Segurei em seu rosto, impus pressão ao beijo, saboreando do suspiro dela, chupei seu lábio inferior e ao soltá-lo ela veio de encontro a minha boca me beijando sem pressa.

Agora eu quero irOnde histórias criam vida. Descubra agora