Betina Narrando.
Acordei na merda, mas quando meu despertador tocou eu me obriguei a levantar da cama. Não havia nem 2 horas que eu havia ido dormir e o Erick ainda roncando pra caramba, é foda. Ainda nem havia começado a desfazer minha mala, então enrolei um século pra escolher uma roupa decente e fora o sono que toda hora me fazia sentir vontade de me jogar na cama.Coloquei uma saia longa florida com um rachado na coxa, uma cropped branca que não mostrava muito da barriga e a rasteirinha mais confortável que eu tinha. A preguiça que eu estava para me arrumar me tomou o tempo que eu não tinha para perder. Mantive meu cabelo preso em um coque, lavei muito mal antes de dormir e ele estava uma porcaria agora cedo. Fiz uma make pra disfarçar mais ou menos minha cara de cu.
Dentro de uma pasta já estava separado tudo o que precisaria para ir fazer a matrícula, arrumei uma bolsa de lado com as minhas coisas, peguei meu celular e sai do quarto pra ir logo. Eu deveria estar na faculdade as 10h e já eram 10h32min.
A casa estava um nojo, só uma boa faxina pra dar um jeito nela. Assim que cheguei a sala, vi o Miguel tomando café da manhã na cozinha. Ele estava vestido com uma roupa social, pelo o que sabia ele era estudante de Direito e se vestir bem e ser bonito era pré requisito.
Betina: Bom dia. – Falei para não ser mal educada e percebi que se eu não tivesse falado, ele não teria dito um A para mim.
Miguel: Dia. – Ele deu um gole no café. Meu estômago deu uma roncada só de ver a torrada em cima da mesa – Já vai?
Betina: Vou, mas não devo demorar.
Miguel: Não demora nada. – Ele olhou a hora no relógio e em seguida para mim – Não está atrasada?
Betina: Um tanto, mas vão atender até as 14h mesmo.
Miguel: Até as 17h não? – Ele olhou meio desconfiado, finalizou seu café e colocou o copo na pia.
Betina: É por ordem alfabética.
Miguel: Ah sim, saquei. Quer carona? Vou passar em frente.
Betina: Nem precisa, estou de boa.
Miguel: Sabe chegar lá? – Ele arqueou uma das sobrancelhas, puxou sua mochila da cadeira e pegou seu celular enfiando dentro do bolso.
Betina: Hmm.
Eu não sou de ficar indo atrás de encrenca, ainda mais que a Aimê ficou cismada comigo. Tô correndo de confusão igual diabo foge da cruz, mas né, estava cansada e com a ressaca batendo.
Miguel: Me dá dois minutos, beleza?
Betina: Certo.
Ele saiu da cozinha e eu sentei no sofá esperando por ele praticamente cochilando.
O Miguel não demorou quase nada, assim que ele voltou, chamou minha atenção encostando a mão no meu ombro e indicou para irmos. Fiquei na rua esperando ele sair com o carro, enquanto o portão da garagem fechava automaticamente, entrei no carro e ele deu partida.
Miguel: Curtiu ontem, Beto?
Betina: Vai custar me chamar de Betina?
Miguel: Talvez.
Betina: Curti sim, foi bom demais.
Miguel: Só estou de olho naquela sua sarrada no Erick. – Ele riu enquanto prestava atenção no caminho.
Betina: Sarrada amiga, que isso.
Miguel: Amiga? Aham, sei. – Ele me deu uma olhada de rabo de olho e eu tive que rir.
Não é possível que em uma noite eu percebi que o Erick é gay e ele que mora com o cara há dois anos não sabe. Ou esses meninos são cegos ou se fazem.
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Agora eu quero ir
RomansaTraumas psicológicos levaram Betina deixar o interior de São Paulo e buscar uma vida melhor na capital. Mas para isso acontecer ela precisou mentir sua verdadeira identidade. ✓ História publicada originalmente no VK no dia 2 de dezembro de 2017 e fi...