Betina Narrando.
Dei de cara com o Pedro no hall de entrada, ele estava sentado num banco e estava com uma cara não muito boa, mas tinha em mãos uma embalagem que de longe eu conhecia muito bem e chega já me bateu uma fomezinha.
Betina: Amiga, eu vou parar pra conversar com o Pedro rapidinho tá? – Virei pra olhar para a Antô – Te vejo na sala
Antônia: Falando nele, você ainda nem contou nada do final de semana de vocês.
Betina: Depois eu te atualizo, deixa eu ir ali. – Dei uma piscadinha e me apressei na direção dele – Tá com essa cara por quê?
Pedro: Nada não. – Levantou – Como você está? – Beijou minha bochecha com carinho e acariciou meu braço.
Betina: Estou bem e você?
Pedro: Só cansado do trampo, mas daqui a pouco tô metendo o pé. – Dava pra ver que ele estava cansado mesmo – Trouxe essa parada pra tu, pra ver se fica menos bolada comigo. – Ele me entregou a caixa e antes de abrir eu parei olhando para ele – O que houve com as suas mãos? – Ele tentou tocar, mas afastei rapidamente. Havia sentido dor nas duas mãos o dia inteiro, a dona Rosa me encheu de perguntas sobre o que havia acontecido, mas por fim me deu um analgésico.
Betina: Não foi nada, deixa pra lá.
Pedro: Como que nada? Deixa-me ver isso aqui. – Ele pegou nas minhas duas mãos e ficou analisando de um jeito bem pai mesmo. Acabei sentando ao lado dele do banco – Estou esperando uma resposta, Bê.
Betina: Só um acidente com uns cacos de vidro ontem, estou cuidando direito, relaxa.
Pedro: Tem que tomar cuidado. – Suspirou me olhando e deu um rápido beijo na palma da minha mão.
Betina: Foi sem querer, juro.
Pedro: Então abre um sorrisão aí que eu quero ver. – Ele abriu um sorriso enquanto botava uma mecha de cabelo meu atrás da orelha – Tô com saudade do teu sorriso. – Quem não sorri quando alguém fala isso para você? – Desculpa meus vacilos, morena? – Falou baixinho encarando meus olhos – Estou sendo muito cuzão contigo, mas é foda sabe? Quando eu vou ver, já fudi com o nosso lance, estraguei nosso clima.
Betina: Peu, me amarro demais em você, sério, mas pra que esse ciúme todo?
Pedro: Quem controla essas paradas, Bê? – Insisti na olhada, querendo não rir – Só tu mesmo ou você é fria pra caralho nesse quesito – Ele virou para frente relaxando no banco.
Betina: Não é frieza, você sabe que não é.
Pedro: Só que porra. – Ele virou o rosto fazendo uma cara bem bonitinha – Tem horas que você começa falar umas paradas que me bota no chão.
Betina: Não te botei no chão, só te chamei pra cair na realidade. – Suspirei e esse era o momento que colocaria em prática tudo o que pensei durante o dia – Eu não quero tumultuar a minha cabeça com esse tipo de problema. Ciuminho bobo é uma graça pra quem tem 15 anos, pra mim, depois de tudo, perdeu a graça e eu não quero perder meu tempo com isso. Na primeira vez em que nos separamos não foi isso que você disse pra mim antes de desligar o telefone na minha cara? Que não tinha tempo para esse tipo de coisa? Quero saber o que tá pegando contigo, pretinho, no sério e sem joguinho.
Pedro: Sei lá, Bê, talvez... – Ele soltou o ar pela boca e virou o rosto para olhar nos meus olhos – Talvez eu esteja me amarrando mais na tua do que você em mim. Só que você me conhece, lembra dos nossos papos, não quero envolvimento sério, de ficar expondo. Acabei de sair de uma relação que eu sei que tô preso nela, não preciso que ninguém me diga isso, porque eu sei. Tem o lance com a minha filha também e eu tenho que pensar nessas coisas. Fora que você também tá com seus problemas em casa, eu entendo isso e por conta disso vim me desculpar com você, fui escroto contigo no momento que tu estava precisando de alguém pra te apoiar.
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Agora eu quero ir
RomanceTraumas psicológicos levaram Betina deixar o interior de São Paulo e buscar uma vida melhor na capital. Mas para isso acontecer ela precisou mentir sua verdadeira identidade. ✓ História publicada originalmente no VK no dia 2 de dezembro de 2017 e fi...