× Miguel Narrando.
Rosa: Miguel volta aqui! – Ela gritou da porta de entrada da casa enquanto eu atravessava o quintal em direção ao portão – Miguel! – Ela sabia que não ia adiantar de nada ficar me gritando. Babaca!
× flashback.
Silas: Você sabe que eu sempre quis você trabalhando comigo, não sei como aguentou ficar tanto tempo com o seu pai.
Miguel: Chega uma hora que a gente cansa, não é?
Silas: Eu entendo, chegou uma época que ou eu desfazia a sociedade com ele ou nem a casa de vocês eu frequentaria mais.
Miguel: Meu pai precisa ficar sem nada para ele deixar de ser egoísta.
Silas: Ele não tem esse medo porque sabe que a minha cunhada sempre vai ficar do lado dele.
Miguel: O tanto que a tia Dani falou para minha mãe deixar meu pai de lado.
Silas: Ontem a Dani falou que encontrou com a Emy no mercado, ela está bonita, não é?
Miguel: Emy está sim, cresceu. – Ri.
Silas: Casou também, aquela pirralha faz falta nas festas lá de casa.
Miguel: Aprontar na adega é com ela mesmo.
Silas: Só ela? Você e Caleb também.
Miguel: Ser fácil para quê?
Silas: Então, voltando ao que nos interessa. – Riu – Podemos começar quando?
Miguel: Ah eu que escolho? – Ri.
Silas: Nem tudo, mas eu estou dizendo de quanto tempo até você se resolver com o seu pai.
Miguel: Posso começar segunda feira, mas até eu me resolver com ele vai demorar.
Silas: Conversaria até com ele, mas esses assuntos não seria nem bom.
Miguel: Não precisa, eu só tenho a agradecer pela oportunidade.
Silas: A oportunidade sempre foi sua.
Miguel: Não sei nem como agradecer.
× fim flashback.
Mal entrei no meu carro e já me senti sucumbindo ao ódio dos meus pais. A vontade de abandonar tudo como a Emilly fez estalou no momento em que eu chutei o portão da casa deles até fechar.
× flashback.
Rosa: O motivo de você sair do escritório não é só pelos problemas daqui de casa. – Eu sabia que algo havia acontecido, minha mãe dificilmente expressa tristeza e eu sabia que ela havia andado chorando. Mal pisei na casa dos meus pais e senti o clima pesado ali dentro.
Miguel: Hum? – Olhei para ela, respirei fundo e bati com o polegar no copo que eu estive bebendo suco – Mãe depois da briga não faz sentido eu ficar lá.
Rosa: Não pedi para você justificar, fiz uma afirmativa apenas. – Ela encostou na bancada e deu um gole em seu vinho.
Miguel: Claro que não é, problemas aqui em casa sempre tivemos. Estou saindo de lá porque meu pai me estressa e eu não sou bucha dele.
Rosa: Sim, mas o que você não está me contando é da amante do seu pai. – Ela jogou o ácido e deixou corroer. O silêncio pairou pelo ambiente, engoli em seco e desviei o olhar. A minha maneira de pensar em relação ao casamento dos meus pais mudou demais ao longo dos anos, quando fui entendendo o que era amar e querer alguém. O cuidado do sentimento do outro é muito mais importante do que você estabilizar sua parte financeira, por exemplo. Talvez seja ingenuidade, uma parte de mim que eu ainda esteja descobrindo, mas não é à toa que eu quero tanto a Betina. E esse querer não está partindo só dos meus desejos como homem, mas do meu coração. Eu não tenho coragem de trair a confiança dela e meu pai faz isso tão fácil com a minha mãe que eu gostaria de um dia tentar entender que prazer filho da puta é esse que ele sente em ferir ela.
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Agora eu quero ir
عاطفيةTraumas psicológicos levaram Betina deixar o interior de São Paulo e buscar uma vida melhor na capital. Mas para isso acontecer ela precisou mentir sua verdadeira identidade. ✓ História publicada originalmente no VK no dia 2 de dezembro de 2017 e fi...