capítulo 8: desconfiança

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Dezembro

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Dezembro

Meu pai me deixou em paz durante esses meses, mas tem bebido cada vez mais. Anda descuidado e conseguindo mais brigas nos bares do que é capaz de aguentar. Às vezes aparece machucado e, ignorando seus protestos, cuido dos machucados.

Na escola, tudo tem ficado pior. O bullying se tornou meu mais novo companheiro. Shelly contribui pra isso, junto com alguns amigos de Carter. O último me ignora e só tem olhos para a namorada.

Muitas vezes, Sean Wallace joga porcarias em meu armário e me xinga de coisas horríveis nos corredores. E Carter, para coroar minha decepção, apenas observa.

O único que tentou me defender foi Benjamin, que mandou Sean e Shelly me deixarem em paz. Mas nem sempre ele está por perto, então eu tenho que suportar empurrões propositais, puxões de cabelo, xingamentos e humilhações em público, incluindo pichações no meu armário. Acho que Rebeca tem grande relação com esse último já que vi um de seus amigos fazer o estrago com um spray de tinta antes de correr quando me viu.

Assim como a tortura na escola tem evoluído, ultimamente tenho sentido um grande mal estar. Sinto mais fome do que sou capaz de entender, enjoos terríveis e vontade de chorar na maior parte do tempo. Às vezes não aguento a pressão e me tranco em uma das cabines do banheiro, chorando incessantemente e perdendo aulas.

Sinto medo. Muito medo. Não quero entender a informação implícita e não estou pronta pra isso, mas o fato de Carter não ter se protegido na nossa única noite juntos e o fato de minha menstruação está atrasada, torna minha situação muito pior.

Minha vida se tornou uma bola de neve gigante e eu temo que a qualquer hora ela me acerte com toda a força.

Horas depois, desvio de um casal de namorados e caminho apressadamente para a saída, seguindo alguns conhecidos distantes. Eles moram no meu bairro, então só preciso acompanhá-los.

Ao chegar em casa, estranho a porta escancarada e o barulho vindo do lado de dentro.

Chego ao interior e arregalo os olhos ao ver meu pai destruindo nossos móveis. Ele joga a pequena TV no chão e grita a cada objeto destruído.

— Ei, pai, não faz isso! — grito, tentando fazê-lo me notar.

Jogo a mochila em cima do sofá velho e malcheiroso e me aproximo.

Estanco no meio da sala ao notar o que restou de um pó branco em cima da mesa de centro. Meus olhos ficam úmidos para o que penso estar vendo. Só pode ser droga.

Tudo se confirma quando meu pai ergue o rosto e me encara com os olhos vermelhos intensos.

Meu coração se quebra mais um pouco ao tomar conhecimento de que ele não consumiu apenas álcool. Eu nunca o vi assim: tão transtornado.

— Sua vadia! — ele segue na minha direção com ódio no olhar, e eu me preparo para correr.

Quando me viro, sinto seus dedos contra meu cabelo, puxando os fios com brutalidade.

Perigo IminenteOnde histórias criam vida. Descubra agora