C a r t e r
— O que você está dizendo, Carter? — ela está com os olhos arregalados.
— O filho que ela está esperando é meu. — falo em voz baixa, envergonhado.
— Caralho! — meu irmão solta, ganhando um olhar matador da nossa mãe.
— Meu Deus! E Alyssa? Onde ela entra nessa história? — ela anda de um lado para outro na minha frente. Sua preocupação é notável.
— Fiz uma coisa muito errada. Merda! Eu vacilei. — respiro fundo. — Eu traí a Alyssa após um dos torneios que participei. — mamãe e Alex ainda me encaram abismados. — Nós discutimos e eu bebi muito. Acontece que essa garota, a Marilyn, apareceu e nós ficamos juntos... — escolho bem as palavras; se eu disser "transamos" para ela, até imagino seu olhar.
— Então vocês transaram?
Arregalo os olhos para sua maneira de falar e meu irmão segura a risada.
— É. Isso aí. E eu fiquei com muito remorso depois por ter traído a Alyssa, mesmo não lembrando de quase nada do meu momento com a Marilyn. Ela contou que estava grávida após uns meses.
— Eu deveria te dar umas boas palmadas por ser tão sem vergonha, Carter! Traiu a sua namorada. E Marilyn sabia de Alyssa?
— Eu dei a entender que tínhamos terminado e a garota parecia gostar de mim. Eu só quis me vingar de Alyssa, então agi de cabeça quente. Fiz uma besteira. Minha namorada não sabe disso, nem meus amigos. Ninguém pode saber.
— Então você vai rejeitar seu filho? — ela me encara com um olhar assassino.
— Eu não desejo esse filho. — murmuro de maneira direta, ganhando um olhar chateado da minha mãe.
Esse bebê vai atrapalhar tudo, já até consigo imaginar.
— Não fala isso. Sei que você está com medo e realmente errou, assim como essa garota que se envolveu com você, mas o bebê não tem culpa de nada. É o meu neto. — ela termina com lágrimas nos olhos. — Vocês são tão novos ainda. Você só tem dezessete anos e já vai ser pai.
Enfio o rosto entre as mãos, sentindo a tensão sobre meus ombros.
Em que merda eu me meti?!
— Em algum momento você vai ter que contar tudo para Alyssa. Ela não merece ser enganada. — diz Alex, pondo a mão sobre meu ombro.
Ergo o olhar. Ele está certo.
— Eu sei, mas preciso de um tempo. — digo.
— Meu Deus, isso tudo é tão complicado. — mamãe se senta ao meu lado e respira fundo. — Nem sei o que pensar.
Minutos depois, estamos sem dizer uma palavra e eu me afundo nesse silêncio sepulcral. Em breve eu vou ter que contar tudo para minha namorada e só espero que ela me perdoe.
***
Dia seguinte, Marilyn pode receber visitas e antes que mamãe possa entrar, Cailyn e Geórgia imploram para vê-la.
Enquanto isso, uma mulher de cabelos loiros segue até a recepção, buscando notícias acerca de Marilyn. Fico em estado de alerta ao conseguir ouvir alguma coisa e aviso minha mãe, que se aproxima da mulher e se apresenta formalmente.
— Eu me chamo Erin Livingston, assistente social. Após ser contatada por Irina Foster, direto da delegacia, acerca da jovem Ashworth, entrei em contato com algum parente, mas ela não tem ninguém. Pelo menos ninguém que se interesse. — diz com certo pesar. — A menina está sozinha e o pai está preso, então... — minha mãe espera por suas próximas palavras com expectativa. — Tenho em mente uma família de Findlay que concordou em ficar com ela. São confiáveis e tem certa estabilidade financeira. Eu só preciso avisá-la e...
— Ela vai ficar comigo! — minha mãe exclama.
Eu a encaro, abismado. Alex está igualmente surpreso.
O que ela está dizendo?
— Como? — a moça também está surpresa.
— Estou apta. Posso provar. E assim ela nem vai precisar ser transferida de colégio. A escola é perto da minha casa e ela terá todo o amor que precisar. É uma promessa. Meu filho a salvou do pai abusivo e estou aqui no hospital desde ontem, esperando o momento em que iremos vê-la.
Encaro a minha mãe, pensando se ela enlouqueceu. Ela nem conhece Marilyn e faz uma proposta absurda dessas.
— Ah, você me surpreendeu. — Erin sorri, genuinamente satisfeita. — Vamos estudar todo o caso e verei se posso fazer isso. Mas se for mesmo provado que você é apta para ficar com ela, e a jovem concordar, pode se considerar a sua responsável legal.
— Tenho fé que sim. — mamãe sorri.
— A senhora pode me dar seu telefone para contato e o número de seus documentos?
Mamãe lhe passa as informações, e eu me afasto um pouco, meio confuso com tudo isso.
Como assim minha mãe a quer lá em casa? Droga. Tudo só está piorando.
— Além disso, a jovem Ashworth vai precisar frequentar sessões de terapia. Superar o trauma recente é fundamental para ela. — murmura e minha mãe assente. — Agora preciso ir. Em breve entro em contato. — a mulher diz antes de deixar o hospital.
— O que foi isso? Ela não pode ficar lá em casa! — murmuro, frustrado.
— Por que não? Ela está grávida e sozinha. E o filho é seu. A menina já sofreu demais e não merece ser mandada para um lugar longe do que já conhece.
Não respondo, pensando na merda que virou minha vida desde que conheci essa garota. Eu não me arrependo de tê-la defendido do pai abusivo, mas não estou gostando do rumo que minha vida está tomando desde que a trouxe para esse hospital.
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Perigo Iminente
Teen FictionMarilyn Ashworth não é uma adolescente comum. Escondida sob roupas grandes, ela luta para disfarçar que tem um pai alcoólatra e violento. Ir para a escola é a melhor parte do dia, mas estar apaixonada por um garoto que nem se importa com ela torna t...