capítulo 11: palavras cruéis

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C a r t e r

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C a r t e r

No laboratório de química, sigo para a bancada dos fundos com Alyssa.

O Sr. Archer rabisca algo no quadro, e preparamos o material da aula.

Eu tento me distrair com a tarefa quando involuntariamente recordo o dia anterior. Marilyn tentou falar comigo e eu a humilhei. Confesso que falei aquelas coisas no calor do momento, realmente aborrecido. Ela não pode se aproximar quando alguém estiver por perto. Sean ficou desconfiado, mas eu o enrolei. Benjamin ficou ainda mais, mas não veio pra cima de mim com questionamentos.

Marilyn ficou evidentemente chateada com o que falei e apesar de estar sentindo a porra de um remorso, isso foi bom. Pelo menos ela me deixou em paz. Por outro lado, ela parecia preocupada e acho que ia me falar algo meio importante, mas errou em ter me procurado quando eu estava com os meus amigos. Ela foi imprudente.

— Estou com isso na minha cabeça já faz uns dias, mas preciso contar. — Shelly sussurra alto para uma de suas amigas na bancada da frente. Hope se inclina, pronta para ouvir. — Eu trombei com a estranha da Marilyn na segunda, no corredor. Ela estava escondendo algo.

Fico alerta.

Finjo que não estou ouvindo, observando Alyssa segurar um tubo de ensaio e despejar algo no Becker.

— O que ela tinha? — Hope sussurra.

— Ela passou por mim e deixou algo cair. Saiu toda desconfiada, mas eu juro que vi um teste de gravidez.

Fico completamente paralisado.

Teste de gravidez?! Ela tinha algo para me contar ontem e... não, não pode ser.

Enfio a mão entre os cabelos, respirando fundo.

— Meu Deus. Será que ela está grávida? — diz outra garota, chocada.

Pelo barulho incessante na frente da turma, o professor não está se ligando na conversa aqui atrás.

— Não sei, mas vou descobrir. Podem apostar.

— Sabe o que acabei de pensar? — Hope comenta, ganhando a atenção das amigas. — Quem dessa escola teria coragem de transar com aquela estranha?

— Talvez nem seja da Mansfield. Pode ser alguém de fora. Não sei.

Tento me lembrar da minha noite com ela, depois do jogo. Eu não recordo muita coisa, mas não encontrei camisinha nenhuma após acordar naquela cama. Será que...?

Esfrio por dentro, tentando não pensar na possibilidade.

Merda!

— O que você tem? Parece nervoso. — Alyssa me encara.

— Não é nada. Só estou meio ansioso para a apresentação do trabalho de história semana que vem.

— Não fica assim. Você é ótimo com apresentações em público. Vai tirar de letra.

Tento sorrir e aperto a sua mão, mentalmente orando para Shelly não estar certa sobre Marilyn. Droga, já basta eu ter que conviver com o remorso a cada vez que observo minha namorada.

A cada instante nesse dilema, sinto que estou dentro de uma montanha-russa que só vai para cima.


***


Alyssa segue suas amigas para o refeitório, então eu caminho até o banheiro masculino.

Após sair de lá, sigo pelo corredor extenso. Estanco no lugar ao ver Marilyn procurando algo em seu armário. Ela o tranca e eu me aproximo sorrateiramente. Eu a sigo conforme ela se afasta e acelero os passos, passando por ela.

— Me encontra atrás da escola. — sussurro, sobressaltando-a, então sigo para lá.

Minutos depois, esgotado de esperar, eu a vejo se aproximar da arquibancada. Estamos embaixo dela, meio escondidos de olhares inoportunos. Daqui é possível observar o campo extenso de futebol e a pista de atletismo.

Marilyn para a alguns centímetros de mim, com suas roupas estranhas e um olhar indeciso no rosto.

— Por que me chamou aqui? — ela enfia as mãos no bolso da camisa moletom, aparentemente nervosa.

— Eu vou ser direto e não quero que minta, certo?

Ela assente.

— Shelly viu você no corredor um dia desses e notou algo suspeito. Ela acha que viu um teste de gravidez. — o rosto dela fica pálido e eu continuo. — Você está... grávida? — questiono em voz baixa, mas com firmeza.

— Eu... — sinto um calafrio quando seus olhos ficam úmidos e ela assente devagar.

Porra, sinto como se tivesse levado um belo soco no estômago. Não pode ser! Parte de mim esperava que ela negasse, mas não.

— Hm... — engulo em seco, preparando a pergunta. — É meu?

Ela parece chateada com a pergunta, depois assente outra vez.

Merda, merda...

Enfio as mãos entre os cabelos, frustrado. Vejo minha relação com Alyssa indo por água abaixo se ela descobrir. Isso não pode estar acontecendo!

— Eu tentei falar ontem, mas você me humilhou. — ela soluça baixinho. — Você foi o único garoto com quem fiquei. Eu me arrependo daquela noite terrível.

Deixo a raiva ganhar forma em mim.

— Quer saber de uma coisa? Eu me arrependo mais. — disparo, segurando seus braços. — Você acabou com a minha vida. Se está grávida, a culpa não é minha. E põe na sua cabeça, eu não vou ficar com você. E sobre esse suposto filho que está esperando, eu não quero saber nada dele.

Ela abaixa a cabeça, chorando.

Continuo o meu ataque. Estou pouco me lixando se alguém vê.

— Se alguém descobrir, diz que o filho não é meu. Inventa alguma coisa. A Alyssa não pode saber disso, entendeu?

Ela não fala nada e eu a sacudo, esperando uma resposta.

— Você entendeu?

— Sim. — sussurra e eu a solto.

— Agora sai da minha frente! — resmungo, então ela passa a mão sobre o rosto molhado e sai.

Logo na frente, vejo que ela passa por um grupo de garotos que implicam com ela e um deles ri e a empurra. Ela se afasta correndo, sumindo dentro da escola.

Sinto uma pontada de remorso, mas decido ignorar a sensação.



***


Amanhã tem mais. 

Prometo que vou postar dois capítulos na quinta.

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