Carter
Meses depois...
Nem acredito que estou prestes a me tornar pai.
Marilyn não cansa de dizer que está enorme, mas na minha cabeça não deixo de pensar no quanto ela está linda.
Acabei conseguindo o emprego na oficina de carros e trabalho como mecânico, recebendo uma boa grana. Já até comprei o berço da minha filha e algumas coisas. Em breve vou pra faculdade e isso vai aumentar as chances de um emprego melhor no futuro.
Durante a noite de quinta, Marilyn está deitada contra algumas almofadas e, como o abajur está aceso, noto seu desconforto.
Ela se remexe com uma careta e eu me preocupo.
— O que foi? Tá sentindo dor?
— Não. É que a neném está chutando demais. Acho que não vai demorar muito pra nascer.
Acaricio sua barriga, tentando sentir os chutes. Abro um sorriso enorme quando sinto o pequeno impacto contra minha palma. Marylin sorri quando nota minha evidente animação, e eu corro a mão sobre sua pele, esperando mais chutes. Sinto dois em seguida.
— Sentiu? — minha garota me observa.
— Sim. Ela chuta bem.
— Ela está pronta pra sair da minha barriga em grande estilo. — brinca, então beijo seus lábios levemente antes de me afastar.
— Amo vocês mais do que minha própria vida. — murmuro.
— Também amamos você. — Marilyn leva a mão até minha mandíbula. — Já pensou em algum nome pra ela?
— Não, e você?
— Também não. — ela ri. — Será que sou uma péssima mãe por isso?
— Claro que não. Podemos pensar em um nome agora. O que acha?
— Qual o seu palpite?
— Não sei. Astala, talvez.
A expressão de choque no rosto de Marilyn me faz rir muito. Ela acaba sorrindo também.
— Você está brincando, né?
— Sim, estou brincando. — tento me controlar e paro de rir.
— Então qual?
— Hazel é um bom nome. Pensei também em Olivia ou Emma.
— Hazel é um nome delicado e bonito. Gostei.
— Sério?
Ela sorri, radiante.
— Sim, é lindo.
— Muito lindo. Esse é um ótimo nome. Nossa pequena Hazel vai gostar.
— Espero que sim. — ela me beija.
***
Minha mãe com certeza diria que eu ainda tenho muita coisa pra viver, porque ainda sou jovem. Sei disso, mas sobre experiências incríveis, sei que nenhuma vai se comparar ao nascimento da minha filha.
Quando Marilyn empurrou pela última vez na sala de parto, eu estava lá, observando a cena, desesperado. O choro de Hazel veio logo depois e, sem ligar para o médico ou os enfermeiros que estavam no quarto, chorei como uma criança.
Beijei a testa suada de Marilyn e peguei a pequena criança em meus braços, como se ela fosse a coisa mais preciosa da minha vida. E ela era!
Nesse dia, eu pedi perdão.
Enquanto soluçava com a menina de cabelos ralos e escuros nos braços, eu pedi perdão por cada coisa que fiz quando ela ainda estava na barriga da sua mãe. Por cada palavra horrível que proferi contra elas.
Marilyn chorou baixinho também, e ali me dei conta de que não conseguiria viver sem as duas.
Ali me dei conta de que elas eram meu paraíso na terra e que eu passaria cada dia da minha vida, redimindo-me e demonstrando o meu amor não só com palavras, mas com gestos, porque o amor não é feito apenas de frases bonitas; ele precisa ser construído através de boas ações e de confiança.
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Perigo Iminente
Teen FictionMarilyn Ashworth não é uma adolescente comum. Escondida sob roupas grandes, ela luta para disfarçar que tem um pai alcoólatra e violento. Ir para a escola é a melhor parte do dia, mas estar apaixonada por um garoto que nem se importa com ela torna t...