M a r i l y n
Exaustão. Medo. Angústia.
Essas três palavras resumem bem minha vida nos últimos dois anos. Marie, minha mãe, prometeu que não me deixaria, mas sua promessa não foi o bastante para o maldito câncer de pulmão que a levou de mim.
— Eu te amo, Marilyn. — essas foram suas últimas palavras em um leito de hospital. Lembro-me da minha vista embaçada pelas lágrimas de desespero e das minhas unhas cravadas na palma da minha mão, conforme eu a cerrava.
Não tínhamos dinheiro para os remédios ou para pagar o tratamento. Na verdade, mal tínhamos para comprar comida.
Eu me senti impotente.
Lembro-me da sensação de estar sozinha.
Meu pai gritava incessantemente.
Depois veio o álcool.
E continuo sozinha.
— Ei, garota! Cadê a porra da minha comida? — meu pai passa pela porta, completamente bêbado.
Seus passos são vacilantes e o próprio estado é lastimável.
Nenhuma novidade, infelizmente.
Ele passou a noite fora, provavelmente enfiado em algum bar.
— Deixei algo em cima do fogão. — eu não o encaro. Ele detesta quando faço isso e, vou confessar, eu me sinto bem melhor por não fazer.
— Algo? O quê? — ele se aproxima, fazendo-me recuar alguns passos.
O cheiro de álcool é forte e enjoativo.
— Sobrou frango frito da noite passada. Eu sabia que o senhor chegaria com fome.
— Hm... Como comprou? — ele me força a encará-lo, apertando meu maxilar com os dedos calejados. Uma atitude incomum, vale dizer. Os olhos dele estão vermelhos e eu prendo a respiração para o seu hálito terrível.
— A pensão. Sobrou um dinheiro e eu comprei. — engulo em seco e ele me solta, finalmente.
— Vá pra sua escola! — ordena e eu me afasto, seguindo em direção à saída.
Encosto a porta atrás de mim e me permito respirar de alívio.
Ele não me espancou dessa vez.
***
Escola literalmente se tornou sinônimo de refúgio para mim. Posso esquecer por algumas horas que tenho um pai abusador e que minha vida é uma droga.
Lanço um breve olhar para o professor em frente à sala, antes de seguir até alguma carteira no fundo, distante dos demais alunos. Isolamento é minha camuflagem nesse lugar. Prefiro evitar amizades. Não sou tão comum como outras garotas, que levam suas amigas para casa e tem uma família gentil e amigável. Minha casa nem é um "lar", pra ser sincera.
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Perigo Iminente
Teen FictionMarilyn Ashworth não é uma adolescente comum. Escondida sob roupas grandes, ela luta para disfarçar que tem um pai alcoólatra e violento. Ir para a escola é a melhor parte do dia, mas estar apaixonada por um garoto que nem se importa com ela torna t...