Marilyn Ashworth não é uma adolescente comum. Escondida sob roupas grandes, ela luta para disfarçar que tem um pai alcoólatra e violento. Ir para a escola é a melhor parte do dia, mas estar apaixonada por um garoto que nem se importa com ela torna t...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
C a r t e r
Após sair da delegacia, sigo para o hospital em um táxi. Pago o cara e entro no prédio enorme.
A movimentação está grande aqui dentro e eu sigo direto para a recepção.
Uma senhora, acho que de quarenta e poucos anos, me encara por trás do balcão enquanto fala no telefone.
Quando termina, ela me atende.
— Uma paciente deu entrada aqui há poucas horas. Eu gostaria de vê-la.
— Nome da paciente?
— Marilyn Ashworth.
— Você é parente dela?
Com certeza não vão me dar notícias se eu negar. Esse hospital é bem burocrático.
— Hm, sou o... namorado dela.
Ela não faz mais nenhuma pergunta.
— Ela está internada nesse hospital e o senhor pode esperar por aqui mesmo. Em breve terá noticias.
— Obrigado.
Eu sigo em direção às cadeiras mais próximas e me estico em uma delas, esgotado por tudo o que aconteceu. Droga de dia.
Meu celular vibra dentro do meu bolso e eu o pego. Sem olhar para o identificador de chamadas, eu atendo.
— Quem é?
— Como assim "quem é"? É sua mãe, Carter Brackston, e estou te esperando em casa há horas. Onde você se meteu, garoto?
Faço uma careta.
Droga! O que eu faço? Não posso mentir para minha mãe.
— Estou em um hospital. — sussurro a última parte.
— Onde? — questiona frustrada.
— Em um hospital. — digo mais alto e ouço um suspiro de susto do outro lado da linha.
— Em que acidente você se meteu, Carter? Como você está? Se machucou muito? — eu me espanto com o seu tom de desespero.
— Ei, nada disso. Eu estou no hospital porque trouxe alguém para cá. Ajudei uma garota da escola. — não entro em muitos detalhes.
— O que houve? Em que hospital você tá?
Digo o endereço exato e antes que eu possa terminar, minha mãe desliga na minha cara.
Droga, ela está vindo para cá.
Não demora muito para uma mulher de cabelos escuros e rosto alterado passar pela recepção e seus olhos me encontrarem. Eu fico de pé e ela me espreme em um abraço antes de passar a mão por meu corpo à procura de hematomas.
— Tem certeza que não se machucou?
— Tenho. — reprimo a vontade de sorrir.
— Quem é a garota?
— Da minha escola. O nome dela é Marilyn. — murmuro. — Eu estava passando na rua dela no caminho para a casa de um amigo... — minto. — E ouvi seus gritos e vi um cara batendo nela. Acho que era o pai. Ela estava bem machucada. Dei umas belas porradas nele e chamei a polícia e a ambulância. Depois fui para a delegacia esclarecer o que houve e voltei para cá.
— Meu Deus! – diz abismada que eu tenha feito tudo isso. Até eu estou meio paralisado ainda. — A moça está melhor?
— Não sei. Estou aguardando notícias.
— Estou tão orgulhosa de você, filho, por ter ajudado a menina. — diz, apertando minhas bochechas como faria com uma criança.
— E Alex?
— Ah, ele me trouxe no carro. Foi estacioná-lo.
Logo Alex se aproxima, com o semblante preocupado.
— Mamãe ficou preocupada com você. O que houve? — ele me encara.
Explico a mesma coisa que disse para nossa mãe.
— Quem é a garota?
— Marilyn Ashworth. Da escola.
Ele arregala os olhos.
— Marilyn?
— É.
— Droga. Ela é uma boa pessoa. Acho que Cailyn ou Geórgia não sabem. Eu vou avisar. São amigas dela.
Ele se afasta com o celular dele e eu vejo o momento exato que um médico bem jovem se aproxima.
— Estão com a paciente Marilyn Ashworth?
— Sim. — respondo.
— Bom, fico feliz em dizer que ela está bem. Cuidamos dos machucados e ela não chegou a ter fraturas, felizmente.
— Que bom. — mamãe sorri.
— O bebê também se encontra fora de perigo. — diz, deixando-me desconfortável.
Bom, se eu queria a confirmação de que ela está mesmo grávida, acabei de ter.
Minha mãe franze o cenho e nota meu desconforto. Eu disfarço sob um semblante impassível.
— Ela está grávida? — questiona.
O médico assente.
— De dez semanas. Ainda é muito jovem para ser mãe, mas isso acontece mais do podemos imaginar.
— Coitadinha. — diz mamãe.
— São parentes dela?
— Não. Meu filho a salvou do pai abusador. Eles estudam na mesma escola.
— Ah, então fiquem tranquilos. A mãe e o bebê estão bem.
— Obrigada, doutor.
— Não precisa agradecer. Deus a protegeu. — ele sorri. — Com licença. — ele se afasta.
— Quantos anos ela tem? — minha mãe me encara.
— Dezesseis. — meu irmão responde por mim. — Todo mundo na escola sabia que ela estava grávida. Agora caí na real de vez.
— Será que ela tem algum parente, fora o pai criminoso?
— Acho que não.
— E o pai da criança que ela está esperando? Deve ser um irresponsável.
Respiro fundo.
Estou me remoendo com essa história. Se eu falar que o filho de Marilyn é meu, minha mãe vai surtar. Mas, por outro lado, já tenho segredos demais pra guardar e isso está me sufocando pouco a pouco.
— Mãe? — chamo, ganhando a atenção dela. — Preciso contar uma coisa!