capítulo 14: escondendo a verdade

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C a r t e r

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C a r t e r

Após sair da delegacia, sigo para o hospital em um táxi. Pago o cara e entro no prédio enorme.

A movimentação está grande aqui dentro e eu sigo direto para a recepção.

Uma senhora, acho que de quarenta e poucos anos, me encara por trás do balcão enquanto fala no telefone.

Quando termina, ela me atende.

— Uma paciente deu entrada aqui há poucas horas. Eu gostaria de vê-la.

— Nome da paciente?

— Marilyn Ashworth.

— Você é parente dela?

Com certeza não vão me dar notícias se eu negar. Esse hospital é bem burocrático.

— Hm, sou o... namorado dela.

Ela não faz mais nenhuma pergunta.

— Ela está internada nesse hospital e o senhor pode esperar por aqui mesmo. Em breve terá noticias.

— Obrigado.

Eu sigo em direção às cadeiras mais próximas e me estico em uma delas, esgotado por tudo o que aconteceu. Droga de dia.

Meu celular vibra dentro do meu bolso e eu o pego. Sem olhar para o identificador de chamadas, eu atendo.

— Quem é?

— Como assim "quem é"? É sua mãe, Carter Brackston, e estou te esperando em casa há horas. Onde você se meteu, garoto?

Faço uma careta.

Droga! O que eu faço? Não posso mentir para minha mãe.

— Estou em um hospital. — sussurro a última parte.

— Onde? — questiona frustrada.

— Em um hospital. — digo mais alto e ouço um suspiro de susto do outro lado da linha.

— Em que acidente você se meteu, Carter? Como você está? Se machucou muito? — eu me espanto com o seu tom de desespero.

— Ei, nada disso. Eu estou no hospital porque trouxe alguém para cá. Ajudei uma garota da escola. — não entro em muitos detalhes.

— O que houve? Em que hospital você tá?

Digo o endereço exato e antes que eu possa terminar, minha mãe desliga na minha cara.

Droga, ela está vindo para cá.

Não demora muito para uma mulher de cabelos escuros e rosto alterado passar pela recepção e seus olhos me encontrarem. Eu fico de pé e ela me espreme em um abraço antes de passar a mão por meu corpo à procura de hematomas.

— Tem certeza que não se machucou?

— Tenho. — reprimo a vontade de sorrir.

— Quem é a garota?

— Da minha escola. O nome dela é Marilyn. — murmuro. — Eu estava passando na rua dela no caminho para a casa de um amigo... — minto. — E ouvi seus gritos e vi um cara batendo nela. Acho que era o pai. Ela estava bem machucada. Dei umas belas porradas nele e chamei a polícia e a ambulância. Depois fui para a delegacia esclarecer o que houve e voltei para cá.

— Meu Deus! – diz abismada que eu tenha feito tudo isso. Até eu estou meio paralisado ainda. — A moça está melhor?

— Não sei. Estou aguardando notícias.

— Estou tão orgulhosa de você, filho, por ter ajudado a menina. — diz, apertando minhas bochechas como faria com uma criança.

— E Alex?

— Ah, ele me trouxe no carro. Foi estacioná-lo.

Logo Alex se aproxima, com o semblante preocupado.

— Mamãe ficou preocupada com você. O que houve? — ele me encara.

Explico a mesma coisa que disse para nossa mãe.

— Quem é a garota?

— Marilyn Ashworth. Da escola.

Ele arregala os olhos.

— Marilyn?

— É.

— Droga. Ela é uma boa pessoa. Acho que Cailyn ou Geórgia não sabem. Eu vou avisar. São amigas dela.

Ele se afasta com o celular dele e eu vejo o momento exato que um médico bem jovem se aproxima.

— Estão com a paciente Marilyn Ashworth?

— Sim. — respondo.

— Bom, fico feliz em dizer que ela está bem. Cuidamos dos machucados e ela não chegou a ter fraturas, felizmente.

— Que bom. — mamãe sorri.

— O bebê também se encontra fora de perigo. — diz, deixando-me desconfortável.

Bom, se eu queria a confirmação de que ela está mesmo grávida, acabei de ter.

Minha mãe franze o cenho e nota meu desconforto. Eu disfarço sob um semblante impassível.

— Ela está grávida? — questiona.

O médico assente.

— De dez semanas. Ainda é muito jovem para ser mãe, mas isso acontece mais do podemos imaginar.

— Coitadinha. — diz mamãe.

— São parentes dela?

— Não. Meu filho a salvou do pai abusador. Eles estudam na mesma escola.

— Ah, então fiquem tranquilos. A mãe e o bebê estão bem.

— Obrigada, doutor.

— Não precisa agradecer. Deus a protegeu. — ele sorri. — Com licença. — ele se afasta.

— Quantos anos ela tem? — minha mãe me encara.

— Dezesseis. — meu irmão responde por mim. — Todo mundo na escola sabia que ela estava grávida. Agora caí na real de vez.

— Será que ela tem algum parente, fora o pai criminoso?

— Acho que não.

— E o pai da criança que ela está esperando? Deve ser um irresponsável.

Respiro fundo.

Estou me remoendo com essa história. Se eu falar que o filho de Marilyn é meu, minha mãe vai surtar. Mas, por outro lado, já tenho segredos demais pra guardar e isso está me sufocando pouco a pouco.

— Mãe? — chamo, ganhando a atenção dela. — Preciso contar uma coisa!

Perigo IminenteOnde histórias criam vida. Descubra agora