Abril
Em uma tarde chuvosa de sábado, estou no hospital com Carter, que fez questão de me trazer. Eu poderia vir de táxi ou pedir para o Alex me trazer, mas meu torturador particular se candidatou a meu motorista temporário.
Quando Alex se inclinou a vir, Carter quase o matou com o olhar. Ele está diferente. Vive estressado, expulsando garotos de perto de mim na escola ou em qualquer lugar. Às vezes me lança olhares indecifráveis. Nem sei como classificar sua atitude.
— Vamos logo. Não tenho o dia inteiro. — diz com grosseria, quando desce do carro.
Reviro os olhos, soltando o cinto de segurança e descendo do carro. Estou usando um vestido solto, de alças, jeans, e meus cabelos estão soltos, meio molhados depois do banho recente. Decidi não usar minhas roupas grandes demais para meu corpo. É claro que odeio roupas curtas ou apertadas demais, então fiquei no meio termo. Na verdade, as roupas largas eram mais para esconder os hematomas, mas acabei decidindo que não preciso ter vergonha do meu corpo. As cicatrizes nem são tão feias assim, aliás.
Observo minha barriga de seis meses, antes de seguir Carter para dentro do hospital. A consulta já está marcada, então só preciso aguardar o meu nome ser chamado.
Suspiro, recostada contra a cadeira da recepção, e encaro Carter de soslaio. Ele está sério, atento a TV pendurada no teto, em cima do balcão de atendimento.
O mais estranho é que Carter nem precisava ter me trazido. É obvio que sua expressão denuncia o quanto ele está odiando isso.
Decido não pensar muito e checo as mensagens em meu celular. Sorrio para uma do Alex, bem recente.
Alex: Espero que o bebê seja uma menina, pra amansar o idiota do meu irmão.
— Do que está rindo? — Carter questiona ao meu lado.
— De nada.
Quando estou prestes a digitar uma resposta para Alex, alguém puxa o celular da minha mão.
Encaro Carter, indignada, enquanto ele observa a tela do celular com o cenho franzido.
— Me devolve o celular! — tento não gritar, lembrando que estou em um hospital.
Carter balança a cabeça e eu me inclino, vendo que ele está checando as outras mensagens.
O quê?!
— O que você está fazendo?
— Vendo se você deu espaço pra algum idiota. — diz, deixando-me espantada. — Ainda bem que nenhum cara fez isso. Eu teria que matar o filho da mãe.
Consigo puxar o celular da sua mão, exasperada.
— Não é da sua conta se eu converso com outros caras! — murmuro, irônica. — O que você tem a ver com isso?
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Perigo Iminente
Fiksi RemajaMarilyn Ashworth não é uma adolescente comum. Escondida sob roupas grandes, ela luta para disfarçar que tem um pai alcoólatra e violento. Ir para a escola é a melhor parte do dia, mas estar apaixonada por um garoto que nem se importa com ela torna t...