XII -A Substituta

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O trono de ouro da princesa da terra era muito gelado e desconfortável. Lilian Alberton preferia forrar o assento com pele de urso. Sua mãe, Ana Vitória, estava no comando da província ha quase nove meses, desde o assassinato do elfo Átila. A rainha estava longe de querer preocupar-se com a província da terra quando tinha em mãos uma guerra e um castelo de cristal. Confiava na liderança de Vitória e parecia gostar de ter sua irmã encarcerada no Castelo de Vidro. Mas desde sua fuga com Alícia Weis, a rainha estava muito preocupada. Parecia até mesmo ter esquecido-se do próprio aniversário.

Em uma situação normal, Lilian gostaria de ter ajudado com os preparativos para a festa, mas ela mesma encontrava-se muito entarefada para tal. Era de conhecimento público que Reycaryn estava indo atrás da princesa para vingar-se. Elfos e cidadãos de Tâmara ameaçavam uns aos outros diariamente. Ana Vitória e Gary DiPrata tinham reuniões constantemente com Ellie, a elfa regente, para controlar a situação. A mãe de Lilian queria paz e ajuda dos elfos na luta contra Tabata. Ellie defendia sua população e a posição neutra na guerra. Enquanto Tâmara estivesse foragida e não fosse devidamente punida, Ellie não faria nada para conter seus elfos. Vitória também queria ajuda de Tamires, mas a princesa dos céus estava receosa em estar contra o povo que abrigava e protegia seus legados. Enquanto eles estavam fora, era responsabilidade de Lilian cuidar dos problemas mais simples no Castelo de Marfim, e ela adorava sentir-se uma princesa.

As criadas de Tâmara ficavam perdidas sem sua senhora, e aparentemente Lilian era uma ótima substituta. Sentada no trono de ouro, Lilain sentia-se uma verdadeira princesa, e imaginava que quem a visse também pensaria assim. Seus longos cabelos ruivo claros esvoaçavam por seu rosto delicado ou escorriam pelo belo vestido rodado esmeralda. Na falta de uma coroa, Lilian usava uma faixa de cabelo com pedras brancas. Pegou anéis, um colar e brincos das gavetas da princesa as quais tinha permissão de abrir para completar seu look.

Tudo o que ela tivera que fazer nos últimos dez dias fora cuidar do Castelo e suas estruturas e atender a pedidos bem simples de cidadãos da cidade principal. Ela estava acostumada a ver Tâmara e a mãe resolvendo essas coisas, então sentia-se segura em opinar na compra e venda de sementes para os pássaros e anotar ideias para a pavimentação de ruas de terra no interior. Por algum motivo, ela queria bater as unhas no braço do trono e dizer não, como Tâmara fazia. A princesa era muito justa e fazia sempre o certo, mas Lilian só reparava nela quando ela dizia não. Talvez fosse sua voz, ou talvez sua postura. Lilian tentava imita-la quando um guarda entrou no salão principal acompanhado de Riley Weis.

-Senhorita Alberton, eles chegaram –o guarda curvou-se. –Os outros estão admirando os faisões.

-Certo, obrigada –ela sorriu.

-Por que está sentada no trono dela? –Riley pergnutou, com o cenho franzido. Trazia seu enorme livro debaixo do braço e o apito ultrassônico que Gary usava para controlar seu cão fera Rúfus.

A menina limitou-se a sorrir e levantar-se para cumprimentar o namorado. Gostaria de ter passado mais tempo com ele nas férias. Sentia que ambos precisavam de mais atenção e afeto.

-Alguma novidade sobre Alícia e a princesa? –perguntou.

Riley chacoalhou a cabeça negativamente, encarando o chão com o olhar preocupado. Ele segurou a cabeça dela para beijar-lhe a testa.

-Sua irmã pode ser tão imprevisível às vezes –Lilian sorriu. –Por que ela não disse nada?

-Porque está no livro, Lily –ele sussurrou. –Ela não precisa me contar algo que eu já sei.

-Ela vai ficar bem? Tem isso no livro também? –ela levantou o olhar para ver os outros entrando pelas portas enormes do castelo. Riley apenas encarou as outras pessoas chegando, evitando os olhos dela. Lilian deu de ombros, respeitando a escolha dele de não dizer nada. –Por que trouxe esse apito?

Érestha -Castelo de Ilusões [LIVRO 5]Onde histórias criam vida. Descubra agora