Ele não tinha que fazer aquilo sozinho, ele queria. Seu caminho era repleto de sorrisos e suspiros aliviados, por mais que sua paz tivesse desaparecido e sido substituída por preocupação e um sentimento de responsabilidade. Ele estava muito orgulhoso de si mesmo por ter entendido os motivos do pai e as atitudes de Isabelle. Saber que ele esatava seguindo pelo mesmo caminho, finalmente, fazendo progresso, o animava. Não queria dividir aquele momento; queria aproveitar. Não precisava ouvir milhares de perguntas nem explicar-se. Dave chacoalhou os ombros para acordar de seus devaneios, esquecendo-se do furo em seu ombro. Ferido e desarmado, Dave Fellows caminhou por Érestha até o Castelo de Conchas, despreocupado e ignorando o barulho dos cidadãos por onde passava. Muita gente estava em pânico.
O menino não sabia muito bem como chamaria as duas velhas. Geralmente, quando precisava, elas estavam ali, como fora em Paris ou no reino de Cristal. Esperava encontra-las atracadas ao Píer Azul, apenas esperando que ele pedisse uma carona. Cantariam uma música ou falariam demais sobre os mares de Érestha e o levariam até a princesa de ilusões em alta velocidade. Mas ele estava errado. O píer pessoal da princesa das águas estava lotado de pessoas animadas, seguranças e cartazes com o nome Krev Krols. O show que todos espectavam era o brilho do navio de ouro atracado ali, e seus tripulantes peculiares que atendiam o público como se fossem estralas do rock. Dave lembava-se de ter conversado com Teeghan, uma amiga que conhecera no acampamento do segundo ano, sobre o pirata Krev Krols atracar uma vez a cada cinco anos, mas não sabia que isso era um evento que permitiria até mesmo os portões do Castelo de Concha serem abertos no meio de uma guerra. Ele parou o primeiro guarda que encontrou por explicações.
-O capitão escolheu o Píer Azul para atracar desta vez –explicou o homem –e está comendo com a princesa Teresa. Ele veio contar sobre seu desejo de ajuda-la a lutar na guerra.
Dave levantou as sobrancelhas e anuiu. Perguntou se poderia entrar pois precisava urgentemente falar com Teresa. O homem apontou a porta e pediu que ele ficasse a vontade. Teve a gentileza de perguntar se ele precisava de alguma ajuda com o buraco em seu ombro, mas Dave negou. Seguiu o barulho de risadas altas e talheres batendo até chegar na sala de jantar da princesa Teresa. Alilia Oskovitch, sua representante, foi quem recebeu Dave, ofereceu-o água, comida e perguntou sobre seu ombro. Ele explicou tudo rapida e casualemnte, e terminou dizendo que gostaria simplesmente de saber se Kesley e Kemely estavam por ali.
-Você sabe onde está minha filha? –disse o pirata, para o qual Dave nem mesmo havia dirigido o olhar.
Krev Krols era enorme: ombros largos, torso musculoso e mãos grandes. Sentado próximo à esguia figura da princesa das águas em seu biquini ele parecia um ogro. O cabelo cumprido cheio de conchas e estrlas do mar embaraçadas e a barba crespa que tapava sua boca tinham tons de castanho diferentes. Ele ameaçou levantar-se, mas Teresa impediu-o com um toque de suas mãos delicadas.
-As duas estão no meio de meus súditos, celebrando –explicou. –Traga minha filha, Dave.
-Ora, mas é claro –o menino sorriu, virando-se de costas. –Alila, se me permite... Deixe a princesa divertir-se e aumente a segurança do castelo. E mande essas pessoas para casa. Isso não vai acabar assim tão cedo. Eu ainda tenho algumas coisinhas para resolver.
Ele percebeu que a menina estava em choque com tudo o que dave havia contado nos últimos minutos. Ela anuiu, mas ficou parada enquanto ele dirigia-se para a confusao do lado de fora. Seu ombro reclamou quando ele errou um degrau e pisou forte no chão. O guarda que o recebera perguntou mais uma vez se ele estava bem e ele não importou-se de responder mais uma vez que sim.
Enquanto andava no meio da festa que os súditos de Teresa faziam, ele perguntava-se como sobreviveria à viagem com as duas senhoras gêmeas sem poder segurar-se ao Pizza de Pepperoni. Talvez caír na água e deixar ser levado até Terlúria fosse uma opção menos dolorosa. Caminhou pela praia deixando seus sapatos afundarem na areia fofa. Não estava prestando atenção nas pessoas ao seu redor. Algo dentro de si ainda acreditava que Kesley e Kemely viriam até ele eventualmente. Permitiu-se observar por um segundo a comemoração, e até sorriu por ver a tranquilidade dos cidadãos de Teresa. Depois, porém, quase entristeceu-se. Confiava em Alila para tirar aquela gente dali e leva-las até sua segurança.
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Érestha -Castelo de Ilusões [LIVRO 5]
Fantasía"Se não for leal à rainha o outro lado conseguirá o que quer." As palavras do Mago Roxo finalmente começam a fazer sentido após Dave descobrir e decifrar o enígma da rainha. Está em suas mãos decidir tomar seu lugar como soldado de Thaila ou lutar...